Terça Feira – 9ª. Semana comum

Amados irmãos e irmãs
“Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
A interpretação para esta frase de Jesus assume diferentes óticas e gostaríamos de destacar duas; ou seja; se era o rosto de César que estava na moeda então ela deveria ser devolvida a ele e a segunda é que o dinheiro é do mundo e Jesus estava a dizer para dar ao mundo o que é do mundo e a Deus o que é de Deus.
Jesus também nos ensina que o bom cristão cumpre bem os seus deveres de cidadão, pagando impostos, taxas e observando as leis; no entanto se estas forem injustas o cristão deve se posicionar contra elas e lutar para que sejam mudadas.
A pergunta dirigida ao mestre era uma armadilha para tentar pega-lo, para qualquer um dos lados que ele pendesse, Cesar ou Deus, seria condenado por seus opositores.
Dar a César o que é de César, significa devolver ao imperador a imagem cunhada na moeda que representava o poder do mundo temporal e passageiro e que de longe poder-se-ia comparar como o poder de Deus; Deus não está em concorrência com as coisas deste mundo: “Devolvei, pois, a César o que é de César.
Dar a Deus o que é de Deus, significa ter esse reconhecimento, manifestando gratidão ao Deus da Vida, que nada nos impõe, mas propõe um novo modo de viver onde a paz e a justiça prevalecem.
São Pedro Crisólogo, bispo e doutor da Igreja no Sermão 148; PL 52, 596 nos ensina: “Homem, porque és tão vil aos teus próprios olhos, quando és tão precioso aos olhos de Deus? Porque te desonras, quando Deus te honrou tanto? Porque te perguntas como foste criado, e negligencias em procurar para que fim? Esta morada do mundo que não foi construídas só para ti? Foi para ti que a luz brilhou, a fim de vencer as trevas, para ti que se dispôs a noite e se mediu o dia; é para ti que o céu brilha com os raios do sol, da lua e das estrelas; para ti que a terra se cobre de flores, de árvores, de frutos; é por ti que vive no ar, nos campos e nas águas uma diversidade maravilhosa de animais, para que a tristeza e a solidão não ensombrassem a alegria da criação nascente. Deus moldou-te do pó da terra (Gn 2,7), para que sejas senhor das coisas desta terra, partilhando com elas uma natureza comum. No entanto, por mais terreno que sejas, Deus não te nivelou ao ponto de não estares já¡ ao nível dos céus, no que diz respeito à tua alma. Para que tenhas a inteligência em comum com Deus, e o corpo em comum com os animais, Deus deu-te o dom de uma alma celeste e de um corpo terreno; assim, em ti se enlaça uma união permanente entre o céu e a terra. O teu Criador quis ainda acrescentar a tua elevação, e chegou mesmo a depositar em ti a sua imagem (Gn 1,26), para que esta imagem visível tornasse presente sobre a terra o Criador invisível. Se assim é, como podes considerar uma desonra que Deus, na sua bondade, acolha em si mesmo o que criou em ti e queira aparecer em realidade com aspecto de homem? A Virgem concebeu e deu a luz um filho (Mt 1,23-25)”. Concluindo o pensamento deste doutor diríamos que a imagem do homem não é a de César, mas sim a de Deus.
Da leitura da segunda carta de São Pedro uma pergunta: Como estamos esperando a vinda do Senhor? É bom lembrar que mais importante do que procurar saber quando será o dia do Senhor, é viver na justiça e na santidade a espera deste dia.

Rezemos com o Salmista: Pode durar setenta anos nossa vida, os mais fortes talvez cheguem a oitenta; a maior parte é ilusão e sofrimento: passam depressa e também nós assim passamos. Saciai-nos de manhã com vosso amor, e exultaremos de alegria todo o dia!
Manifestai a vossa obra a vossos servos, e a seus filhos revelai a vossa glória! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 2 Pedro 3, 12-15ª.17-18
Salmo: 89
Evangelho: Marcos 12,13-17