Terça Feira – 25ª. Semana comum

Amados irmãos e irmãs 

“Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a palavra de Deus e a observam”.
Muitos com intenções não tão dignas tentam usar esta passagem bíblica para denegrir o nome da Santíssima Virgem Maria; mas caem do cavalo porque Maria e os apóstolos foram os primeiros a fazer a vontade de Deus e por isto estão entre os amados do Senhor. O laço, criado por aqueles que cumprem a Palavra é mais forte e poderoso do que qualquer parentesco sanguíneo. Portanto não nos esqueçamos de que Maria é a primeira cristã e primeira discípula.
Esta posição de Jesus está em plena coerência com o que Ele diz em outra ocasião: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!” Onde Jesus responde: “Felizes, antes, os que ouvem a Palavra de Deus e a observam” (Lc 11,27-28).
Como estamos nós em relação a este grande ensinamento de Jesus? Como estão nossos parentes consanguíneos em relação ao Mestre Jesus na nossa ordem de prioridades? Jesus jamais mandou alguém deixar de amar os parentes consanguíneos; mas o que não devemos fazer é colocar este amor acima do amor de Deus; aliás, Jesus não seria incoerente de mandar amar os inimigos e não amar nossos parentes.
Santa Teresinha do Menino Jesus, carmelita e doutora da Igreja nas
Últimas conversas nos diz: Como eu gostaria de ser padre para pregar sobre a Santíssima Virgem! Bastar-me-ia uma única vez para dizer tudo o que penso sobre este assunto. Em primeiro lugar, faria compreender até que ponto conhecemos mal a sua vida. Não podemos dizer coisas inverossímeis ou que desconhecemos; por exemplo, que ainda pequenita, com três anos, foi ao Templo oferecer-se a Deus com sentimentos extraordinários e ardentes de amor, quando talvez lá tenha ido apenas para obedecer aos pais. Para que um sermão sobre a Santíssima Virgem me agrade e me faça bem, é preciso que eu veja a sua vida real e não a sua vida imaginada; e tenho a certeza de que a sua vida real devia ser muito simples. Mostram-no-la inacessível, quando era preciso mostrá-la imitável, dar ênfase às suas virtudes, dizer que ela vivia de fé como nós, e apresentar provas disso com o Evangelho, onde lemos: “Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse” (Lc 2,50). E esta outra, não menos misteriosa: “Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam” (Lc 2,33). Esta admiração pressupõe certo espanto, não acham?
Sabemos bem que a Santíssima Virgem é a Rainha do Céu e da terra, mas ela é mais mãe que rainha e não podemos dizer que, pelas suas prerrogativas, eclipsa a glória de todos os santos, como o sol que, quando se eleva, faz desaparecer as estrelas. Meu Deus! Como isto é estranho! Uma mãe que faz desaparecer a glória dos seus filhos! Eu penso que, pelo contrário, ela aumentará em muito o esplendor dos eleitos. É bom falar das suas prerrogativas, mas sem nos determos nisso. Quem sabe se alguma alma não sentirá mesmo um certo distanciamento de uma criatura tão superior, e não dirá: “Já que é assim, mais vale irmos brilhar como pudermos num cantinho”.
O que a Santíssima Virgem tinha a mais que nós é que não podia pecar, estava isenta da mancha original; mas, por outro lado, teve menos sorte que nós, pois não tinha uma Santíssima Virgem a quem amar, e isso é um consolo tão grande para nós.
No livro de Provérbios alguns ensinamentos propícios para os tempos atuais, senão vejamos: Quando tantos pregam sacrifícios e jejuns ele diz: Praticar a justiça e o direito é mais agradável ao Senhor do que os sacrifícios. Quando tentos usam a mentira apara enriquecer (vide políticos corruptos) o autor sagrado diz: Tesouros adquiridos com língua mentirosa é ilusão passageira dos que procuram a morte. E por fim quando tantos insistem que o pobre é problema do governo e não da Igreja o autor sagrado diz: Quem tapa os ouvidos ao clamor do pobre, também há de clamar, mas não será ouvido.
Rezemos com o Salmista: Escolhi seguir a trilha da verdade, diante de mim eu coloquei vossos preceitos. Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei, e de todo o coração a guardarei. Guiai meus passos no caminho que traçastes, pois só nele encontrarei felicidade. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Pr 21,1-6.10-13
Salmo: 118
Evangelho: Lucas 8,19-21