Terça Feira – 24ª. Semana Comum

14344050_1070083673076857_3966561743940209476_nAmados irmãos e irmãs
“Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo”. Será que nos dias atuais sabemos reconhecer quando Deus volta os olhos para nós?
Pelo Evangelho vemos que Jesus só ressuscitou três pessoas, a saber: Lázaro de Betânia, a filha de Jairo, e o filho da viúva de Naim; por este motivo dá para entender que a missão de Jesus não era passar seu tempo ressuscitando mortos; mas sim anunciar o reino de seu Pai.
Na verdade aqui temos um retorno à vida mortal; pois todos eles morreriam mais tarde; ao passo que aqueles aos quais Jesus anunciava a ressurreição era para a vida eterna.
Sabemos que nossa vida está em Cristo; porque nele nos movemos e somos, sem ele, nossa caminhada terrena não passa de uma corrida para os braços da morte biológica.
Quem são as viúvas de Naim dos tempos atuais? Diríamos que são as mães que veem seus filhos como verdadeiros zumbis nos braços das drogas; nas masmorras que são nossas penitenciárias e por aí vai.
A nossa missão como Igreja é anunciar a toda criatura esta vida que vem de Jesus, mas isso só será possível se como ele, tivermos no coração essa compaixão, que nos leve a sofrer e chorar com quem sofre e chora, onde possamos dizer: Levanta e anda!
O cristão, como qualquer ser humano, também chora pela morte dos que ama, mas a diferença é que choramos pela dor da separação e pela saudade; pois sabemos que a morte para quem esta em Cristo é vitória e ressurreição.
Não é da morte que Jesus tem compaixão, nem do morto, mas da pessoa que sofre; portanto nesta passagem não é a morte nem o morto que importam, nem mesmo o retorno à vida, mas que uma mãe já viúva tenha perdido o seu filho único.
Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja no Sermão 98 nos ensina: Há pessoas com o pecado dentro do coração, mas que ainda não o cometeram. Tendo consentido no pecado, ele habita-lhes a alma como morto, mas não saiu ainda para fora. Ora, acontece amiúde aos homens esta experiência interior: depois de terem escutado a palavra de Deus, parece-lhes que o Senhor lhes diz: Levanta-te! E, condenando o consentimento que dantes haviam dado ao mal, retomam fôlego para viver na salvação e na justiça. Outros, após aquele consentimento, partem para os atos, transportando assim o morto que traziam escondido no fundo do coração para expô-lo diante de todos. Deveremos desesperar deles? Não disse o Salvador ao jovem de Naim: Eu te ordeno: Levanta-te! Não o devolveu a sua mãe? O mesmo acontece a quem atuou desse modo: tocado e comovido pela Palavra da Verdade, ressuscita à voz de Cristo e volta à vida. É certo que deu mais um passo na via do pecado, mas não pereceu para sempre. Já aqueles que se embrenham nos maus hábitos, ao ponto de perderem a noção do próprio mal que cometem, procuram defender os seus maus atos e encolerizam-se quando alguém lhes censura. A esses, esmagados pelo peso do hábito de pecar, albergam as mortalhas e os túmulos e cada pedra colocada sobre o seu sepulcro mais não é do que a força tirânica desse mau uso que lhes oprime a alma e não lhes permite nem levantar-se e nem respirar. Por isso, irmãos caríssimos, façamos de tal modo que quem vive viva, e quem está morto volte à vida e faça penitência. Os que vivem conservem a vida, e os que estão mortos apressem-se a ressuscitar.
Outro detalhe é que neste Evangelho temos duas procissões e ambas com muita gente; uma segue a morte, a dor e o pranto e a outra segue o Senhor da vida.
Na leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios o apóstolo nos fala que há vários carismas, mas todos se originam da Trindade. Todos eles são dados a cada um para o bem de toda a comunidade e não para uso pessoal. Ao comparar a Igreja com um corpo donde Cristo é a cabeça devemos lembrar-nos do princípio da subsidiariedade, pelo qual, todos os membros, também os mais nobres, precisam dos outros, mesmo dos mais humildes; por mais nobre que seja seu rosto ele precisa das mãos para banhá-lo; com toda nobreza que possa ter o coração não chega a lugar algum se o pé não conduzir; por mais nobre que seja a idéia o cérebro tem que se valer das mãos para escrevê-la ou da boca para falar.
Rezemos com o Salmista: Entrai por suas portas dando graças e em seus átrios com hinos de louvor; dai-lhe graças, seu nome bendizei! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1 Coríntios 12,12-14.27-31
Salmo: 99/100
Evangelho: Lucas 7,11-17