Terça Feira – 23ª. Semana comum

Amados irmãos e irmãs 

“Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos”.
A expectativa de ser convocado para uma seleção de futebol ou para outro esporte em uma olimpíada é vivida intensamente por todos os envolvidos; mas no caso da convocação que Jesus faz ela não existe, pois Jesus não avisa que vai fazer convocação. Ele simplesmente chega, olha nos olhos e chama!
Esse chamado de Jesus é natural e está no próprio dom da vida, porém, Ele escolhe alguns para serem colaboradores mais próximos. Assim foi com os apóstolos cujo chamado vimos neste Evangelho; mas Jesus continua a agir da mesma forma ainda hoje quando chama alguns para ser sacerdote, diácono, freira, ou ainda como leigo consagrado, pai e mãe de família, etc. Se você diz não nada acontece.
Um detalhe que não pode passar despercebido é que Jesus passou uma noite toda em oração, no alto de uma montanha, Jesus preparou-se para escolher os seus. Diante disto é interessante perguntar se estamos orando antes de fazer escolhas de pessoas e de caminhos. Vejam que Jesus não usou critérios humanos para fazer a escolha, pois se assim o fosse teria escolhido os letrados e de posses. O que vai nos ajudar na nossa comunidade a não se deixar levar por critérios humanos em nossas escolhas é a vida de oração. Quantas e quantas vezes não somos tentados a dar um “carguinho” para alguém só porque tem dinheiro ou exerce influência da qual julgamos ser necessário para a Igreja; o que é uma grande ilusão.
Aos escolhidos Deus dá uma força que não vem do humano, mas do Divino, aquela mesma força libertadora, que saia de Jesus e aliviava as pessoas de seus males, está também presente em cada discípulo que dá o seu SIM, mas sempre lembrando que ela só permanece com aqueles que são fiéis ao SIM. Precisamos urgentemente entender que nossas fraquezas não necessariamente caracterizam a infidelidade, mas sim muitas vezes um pecado que confessado nos faz voltar a graça. O que Judas fez foi a infidelidade; pois fez do dinheiro seu deus!
Todo chamado se dá na confluência (intercessão) de pelo menos três elementos:
– Deus e sua gratuidade,
– o ser humano e sua sensibilidade,
– o tempo e suas vicissitudes (situações contrárias e desfavoráveis).
Sim é sempre Deus quem chama a quem, quando e como lhe aprouver: não há como ser merecedor e nem forçar o chamado.
Ao chamar Deus respeita a sensibilidade humana, que tem poder de acolhida ou recusa, de adesão ou fuga. O seu SIM pode mudar não somente a sua história, mas por vezes a história de muitos e até da humanidade como foi o caso do SIM de Maria. Se você tivesse dito não ao seu chamado ao matrimonio sua família não existiria, você continuaria solteiro, etc.
Ao longo do caminhar após dar nosso SIM a Deus o Espírito Santo irrompe em diferentes tempos e lugares, obedecendo a desígnios que desconhecemos, surpreendendo-nos por vezes com inesperadas mudanças de rota, sempre com o condão de nos salvar e dar glorias ao Pai.
O chamado é graça e dom para as pessoas escolhidas, habilitando-as a iniciativas novas e especiais (vocação) em favor da comunidade eclesial, seja na linha do serviço, do testemunho, da profecia, da misericórdia, da evangelização… Visa sempre mais o bem dos outros que o próprio.
Não obstante esta gratuidade, o chamado conta sempre com a participação humana: a acolhida, e docilidade no compromisso das pessoas chamadas. Se olharmos Francisco ou Clara de Assis não foram apenas simplórios receptores ou meros executores do chamado. Francisco disse: É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração.
Os “doze escolhidos”, significa que eles representam todo o Israel, ou seja, as doze tribos. Recordemos o nome dos doze apóstolos: 01 – Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; 02 – André, irmão de Pedro; 03 – Tiago, 04 – João, 05 – Filipe, 06 – Bartolomeu, 07 – Mateus, 08 – Tomé, 09 – Tiago, filho de Alfeu; 10 – Simão, chamado Zelador; 11 – Judas, irmão de Tiago; e 10 – Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.
Na primeira carta aos Coríntios o apóstolo Paulo intervém com autoridade e clareza ao saber que alguns cristãos, na tentativa de dirimirem algumas questões surgidas entre eles, apelam para tribunais pagãos. Mostra a gravidade desta atitude; o que nos faz repensar das tantas vezes que vemos nas barras dos tribunais muitos cristãos na busca de solução para problemas que competem somente as autoridades religiosas. Na verdade estes que assim procedem não buscam o interesse do evangelho, mas sim interesses próprios e geralmente financeiros. É comum vermos brigas por direitos trabalhistas daqueles que juraram anunciar gratuitamente o Evangelho, é briga por direito autoral e tem aqueles que se encontrarem brecha serão capazes de patentear em nome próprio o Santo Evangelho de Jesus.
Rezemos com o Salmista: Exultem os fiéis por sua glória, e cantando se levantem de seus leitos, com louvores do Senhor em sua boca. Eis a glória para todos os seus santos. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1Cor 6,1-11
Salmo: 149
Evangelho: Lucas 6,12-19