Solenidade de São Pedro e São Paulo

Amados irmãos e irmãs
“Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.
Pelo Evangelho vemos que Jesus não entregou a Pedro a chave de uma Igreja, mas sim a chave do reino. As portas do inferno não prevalecerão contra ela, significa que nada poderá derrotar a verdade que é Cristo Jesus.
Olhando para nossa história verificamos que muitos reinos foram erguidos como o Império Romano, o nazismo, fascismo, comunismo, etc. E todos eles tiveram seu termo; mas a Igreja de Jesus e o seu Reino permanecem, pois não se trata de uma ideologia ou invenção humana.
Ao celebrarmos Pedro e Paulo, que deram as suas vidas por amor a Cristo e aos irmãos, celebramos a riqueza da diversidade da Igreja. Tão diferentes um do outro, mas unidos no mesmo amor incondicional pela pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Um foi alcançado pelo olhar do Senhor sobre as margens do Mar da Galileia, o outro, Paulo, foi iluminado pelo Senhor no caminho de Damasco, enquanto perseguia implacavelmente a Igreja, Corpo de Cristo; uma luz tão intensa o alcançou que, num primeiro momento, o cegou, para que percebesse que seu passado, sem o Senhor, era uma grande cegueira, uma forte escuridão. Desse encontro com o Ressuscitado que ele perseguia, passou a ter uma nova luz; foi descortinado para ele o como caminho da salvação, não mais a Torá, mas o próprio Cristo.
Pedro e Paulo várias vezes se desentenderam, mas o amor a Cristo, a paixão pelo seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida e no martírio; eles entenderam a vontade de Deus em suas vidas. Aqui em nossa comunidade eu costumo dizer que precisamos ter irmãos consagrados como Paulo assim como necessitamos de irmãos com o temperamento de Pedro.
São Clemente de Roma 4º. papa em sua Carta aos Coríntios nos diz: “Deixemos de lado esses exemplos de perseguições no Antigo Testamento para atender aos dos atletas mais próximos de nós; invoquemos os exemplos valorosos da nossa geração. O ciúme e a inveja desencadearam perseguições contra os mais elevados e mais justos pilares da Igreja, que lutaram até à morte. Olhemos para os santos apóstolos: Pedro, por causa de um ciúme injusto, passou não apenas um ou dois, mas numerosos sofrimentos; depois de assim ter prestado o seu testemunho partiu para a morada da glória que tinha merecido. O ciúme e a discórdia permitiram a Paulo mostrar como se alcança o prémio reservado à constância. Sete vezes prisioneiro, exilado, lapidado, pregador do evangelho no Oriente e no Ocidente, recebeu a fama que correspondia à sua fé. Depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro até aos limites do Ocidente, deu testemunho perante as autoridades; foi assim que partiu deste mundo para ir para a morada da santidade. Supremo modelo de coragem! A esses homens que levaram uma vida santa, veio juntar-se uma grande multidão de eleitos que, por causa dos ciúmes, sofreram todo o tipo de maus tratos e suplícios e deram um magnífico exemplo entre nós.
Escrevemos tudo isto, meus bem-amados, não somente para vos advertir, mas para nos exortar a nós próprios. Pois estamos na mesma arena; espera-nos o mesmo combate. Deixemos, pois, as preocupações inúteis para seguir a regra gloriosa e venerável da nossa tradição. Tenhamos os olhos fixos no que é belo, no que é agradável aos olhos daquele que nos criou, no que é adequado para estarmos com Ele. Fixemos o nosso olhar no sangue de Cristo e compreendamos o valor que este sangue tem para Deus, seu Pai, pois o seu sangue, derramado para a nossa salvação, trouxe ao mundo inteiro a graça da conversão.
Na primeira Leitura do livro dos Atos dos Apóstolos vemos que estando Pedro na prisão toda comunidade orava e como resposta a esta oração o Senhor enviou um anjo para libertá-lo. Para ele é como um sonho e aí somos levados a imaginar das quantas vezes também somos prisioneiros de nossas paixões e Jesus vem em nosso socorro e tudo parece sonho.
Hoje rezamos especialmente pelo Papa Francisco, Bispo de Roma, cidade onde se deu o martírio de Pedro e Paulo. A missão do Papa é zelar para que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo e ao seu projeto.
Na segunda carta de são Paulo a Timóteo vemos que Paulo nos faz um convite para que também sejamos fiéis e possamos dizer um dia: ”Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé”.

Rezemos com o Salmista: Bendirei o Senhor Deus em todo tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu e de todos os temores me livrou. Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia. Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Atos 12,1-11
Salmo: 33/34
2ª. Leitura: 2 Timóteo 4,6-8. 17-18
Evangelho: Mateus 16,13-19