Sexta Feira – 16ª. Semana Comum

sextaAmados irmãos e irmãs
“E aquele que recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende: esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta”.
A parábola do semeador nos revela os segredos da Palavra de um Deus que se comunica através do silêncio e atinge o nosso coração. O barulho, a agitação, as preocupações são espinhos que impedem à Palavra germinar. A Palavra de Deus é capaz de transformar o deserto que vive em muitos de nós, em campos floridos, em pastagens onde podemos nos alimentar com a vida plena.
Esta parábola responde por que a Palavra de Deus produz frutos em uns e em outros não. Deus faz distinção de pessoas? A prática do semeador de lançar a semente sem se importar com o terreno parece contrariar qualquer prática de plantio. No entanto, o mais importante é a intenção: Deus oferece a sua Palavra a todos, indistintamente. Quem ouve a palavra e não a entende é aquele que recebe a semente à beira do caminho vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração.
A semente é a Palavra semeada. O coração é a estrada de terra batida. Simboliza aqui a dureza do coração que alguns possuem e que os tornaram insensíveis para acolher a Palavra que está sendo anunciada. O Maligno aqui é representado pelas aves. Em diversas culturas algumas aves são consideradas mensageiras do mal, sobretudo o corvo e a gralha, o canto de algumas aves é considerado para muitos como mau presságio.
O solo pedregoso em que ele caiu é aquele que acolhe com alegria a Palavra ouvida. Ao contrário dos primeiros que repulsam de imediato a Palavra, esses ainda a acolhem e chegam a se alegrarem com ela. Esse solo pedregoso representa um bom número de pessoas que se empolgam de imediato com a pregação que escutam, com o testemunho que veem, se emocionam, choram, chegam até a dar testemunho do que Deus fez em suas vidas, mas não passam de “fogo de palha”, logo acaba; pois não tem raiz, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da Palavra, logo encontra uma ocasião de queda.
O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a Palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas sufocaram a Palavra e a tornaram infrutífera.
Ao que tudo indica, essa terceira atitude representa aqueles que ouvem, acolhem e por certo tempo permanece na Palavra, entretanto, nela não perseveram por não conseguirem superar os dois obstáculos que mais à frente lhes aparecem: Os cuidados do mundo: Com o passar do tempo resolve dedicar-se inteiramente aos seus interesses particulares. Já não tem mais tempo para perder com “essas coisas de Igreja”. O que importa agora é o seu bem estar, o seu status social, o seu próprio prestígio e ascensão. A sedução das riquezas: Essa atitude é decorrente da outra. Para manter certo padrão de vida, se faz necessário buscar a todo custo, e muitas vezes a qualquer preço, riquezas materiais. Seu “deus” torna-se o dinheiro, o luxo, as vantagens econômicas.
A terra boa semeada é aquele que ouve a Palavra e a compreende e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um.
Podemos verificar na parábola, que o semeador era o mesmo; mesmas eram também as sementes, o que mudavam eram os tipos de terra. Por fim, a semente encontrou terra boa onde pode crescer e frutificar. Essa é coração daquele que ouviu e compreendeu a Palavra, ou seja, o coração daquele que se maravilhou com a mensagem salvífica de Jesus e nela permaneceu, superando as tentações do maligno, das riquezas e dos interesses particulares, sendo fiel no tempo da tribulação e da perseguição. Deu conforme aquilo que tinha, e segundo suas capacidades produziu frutos em abundância. A leitura da profecia de Jeremias nos ensina que devemos voltar (v. 14), é um convite à mudança de vida, à conversão (metanóia) e o primeiro passo consiste em reconhecer Javé como único Senhor. O reconhecimento da soberania de Deus juntará todos os povos que, sem dureza de coração, seguirão a sua vontade e não a maldade dos seus corações perversos.
Na leitura do livro do Êxodo nos vemos o decálogo que é o centro da Aliança entre Deus e o seu Povo. Os quatro primeiros mandamentos dizem respeito à relação que devemos estabelecer com Deus evitando ser seduzido por outros “deuses”. Quais são os “deuses” que nos seduzem mais nos dias de hoje? O que eu tenho colocado no lugar de Deus na minha vida? Porque Deus deixou de ser prioridade para ser opção?
Os outros seis demais a relação do homem com seu próximo e a comunidade. Isto nos leva a perguntar: Que tipo de comportamento estamos tendo que gera violência, egoísmo, cobiça, intolerância e indiferença face às necessidades dos outros? O que atenta contra a vida, a dignidade, os direitos dos nossos irmãos? Estou sendo instrumento para fazer o reino de Deus acontecer na vida da comunidade.
Rezemos com o Salmista: A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Êx 20,1-17
Salmo: 18
Evangelho: Mateus 13, 18-23