Sexta Feira – 10ª. Semana Comum

13413771_1003552136396678_5025395439146999853_nAmados irmãos e irmãs

Olhar de maneira diferente para as realidades que se nos apresenta e em especial as leis que por vezes discriminam. Jesus parece ser muito rigoroso na apreciação do mandamento relativo ao adultério, mas se atentarmos bem veremos que Ele tinha, aliás, sempre teve, razão, pois a dois mil anos atrás a concepção de adultério era totalmente diferente; mas hoje diríamos que numa concepção menos machista o adultério foi aos poucos sendo incorporado a cultura ocidental como algo normal. Vejamos que no ordenamento jurídico brasileiro era crime, hoje não é mais.

Quando Jesus disse que quem olhar para uma pessoa com o desejo de possuí-la já adulterou precisamos entender que mais de 90 % dos casos de adultério e separações ocorrem porque um dos cônjuges ou os dois já estavam de olho em outra pessoa.

Não podemos fazer uma leitura fundamentalista deste Evangelho; pois se assim o fosse seríamos uma Igreja de cegos, coxos e aleijados. O que Jesus quis dizer é que devemos eliminar aquilo que nos leva ao pecado. Por exemplo, para o alcoólatra se o que o faz beber é ir ao boteco que não mais vá lá; se é um amigo que te leva a beber corte esta amizade, e assim por diante.

Quando se fala em adultério é impossível não se lembrar da família como instituição mais atacada nos dias de hoje e a respeito desta relação de esposos veja o que nos ensina o teólogo Tertuliano (c. 155-c. 220) em seu escrito “À esposa, II, 9 “. Onde encontrar palavras para exprimir toda a excelência e felicidade do matrimônio cristão? A Igreja redige o contrato, a oferta eucarística confirma-o, a bênção coloca-lhe o selo, os anjos que são dele testemunha registram-no, e o Pai dos céus ratifica-o. Que aliança doce e santa a de dois fiéis que carregam o mesmo jugo (cf Mt 11,29), reunidos na mesma esperança, no mesmo desejo, na mesma disciplina, no mesmo serviço! Ambos são filhos do mesmo Pai, servos do mesmo Senhor, formando uma só carne (cf Mt 19,5), um só espírito. Oram juntos, adoram juntos, jejuam juntos, ensinam-se um ao outro, encorajam-se um ao outro, apoiam-se um ao outro. Encontramo-los juntos na igreja, juntos no banquete divino. Partilham por igual a pobreza e a abundância, as perseguições e as consolações. Não há segredos entre eles, nenhuma falsidade: confiança inviolável, solicitude recíproca, nenhum motivo de tristeza. Não têm de se esconder um do outro para visitar os doentes, para dar assistência aos indigentes; a sua esmola não é motivo de disputa, os seus sacrifícios não conhecem escrúpulos, a observância dos seus deveres quotidianos é sem entraves. Entre eles não há sinais da cruz furtivos, nem saudações inquietas, nem ações de graças mudas. Da sua boca, livre como o seu coração, elevam-se hinos e cânticos; a sua única rivalidade é a de ver quem celebra melhor os louvores do Senhor. Cristo alegra-Se com tal união; a tais esposos Ele envia a sua paz. Onde dois estiverem reunidos, Ele também está presente; e onde Ele está presente, o inimigo da nossa salvação não tem lugar.

O papa Paulo VI em Discurso de 4/5/1970 aos casais das Equipes de Nossa Senhora disse: Como a Sagrada Escritura nos ensina, o matrimônio, antes de ser um sacramento, é uma grande realidade terrena: Deus criou o homem à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher (Gn 1,27). Se quisermos compreender o que é, o que deve ser um casal humano, um lar, é preciso recordar todos os dias esta primeira página da Bíblia. A dualidade dos sexos foi querida por Deus, para que o homem e a mulher, juntos, fossem imagem de Deus, e, como Ele, nascente de vida: Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra (Gn 1,28). Uma leitura atenta dos Profetas, dos Livros Sapienciais e do Novo Testamento mostra-nos, de resto, o significado desta realidade fundamental e ensina-nos a não a limitar ao desejo físico, mas a descobrir nela o caráter complementar dos valores do homem e da mulher, a grandeza e as fraquezas do amor conjugal, a sua fecundidade e a sua abertura ao mistério do desígnio do amor de Deus. Este ensinamento conserva ainda hoje todo o seu valor e imuniza-nos contra as tentações de um erotismo destruidor. O cristão tem consciência disto: o amor humano é bom na sua origem e, embora esteja como tudo o que existe no homem, ferido e deformado pelo pecado, encontra em Cristo a sua salvação e a sua redenção. Quantos casais encontraram, na sua vida conjugal, o caminho da santidade, nesta comunidade de vida, que é a única fundada num sacramento!

Na leitura do primeiro Livro dos Reis vemos que Elias teve de fugir e completamente esgotado, pediu a Deus a morte, Elias manifesta-se, pois só ele ficara a defender a religião dos pais. Deus se manifesta a ele no murmúrio de uma brisa suave e o reconduz à sua interioridade, para encontrar, na gruta do coração, o Senhor que lhe dará força para prosseguir a caminhada.

Rezemos com o Salmista: Senhor, ouvi a voz do meu apelo, atendei por compaixão! Meu coração fala convosco confiante, é vossa face que eu procuro. Não afasteis em vossa ira o vosso servo, sois vós o meu auxílio! Não me esqueçais nem me deixeis abandonado, meu Deus e Salvador! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1Rs 19,9a.11-16
Salmo: 26
Evangelho: Mateus 5,27-32