Sexta Feira – 10ª. Semana Comum

19105795_1349060701845818_5627238615015092838_nAmados irmãos e irmãs
Olhar de maneira diferente para as realidades que se nos apresenta e em especial as leis que por vezes discriminam. Jesus parece ser muito rigoroso na apreciação do mandamento relativo ao adultério, mas se atentarmos bem veremos que Ele tinha, aliás sempre teve, razão, pois a dois mil anos atrás a concepção de adultério era totalmente diferente; mas hoje diríamos que numa concepção menos machista o adultério foi aos poucos sendo incorporado a cultura ocidental como algo normal. Vejamos que no ordenamento jurídico brasileiro era crime, hoje não é mais.
Quando Jesus disse que quem olhar para uma pessoa com o desejo de possuí-la já adulterou precisamos entender que mais de 90 % dos casos de adultério e separações ocorrem porque um dos cônjuges ou os dois já estavam de olho em outra pessoa.
Não podemos fazer uma leitura fundamentalista deste Evangelho; pois se assim o fosse seríamos uma Igreja de cegos, coxos e aleijados. O que Jesus quis dizer é que devemos eliminar aquilo que nos leva ao pecado. Por exemplo, para o alcoólatra se o que o faz beber é ir ao boteco que não mais vá lá; se é um amigo que te leva a beber corte esta amizade, e assim por diante.
Na leitura da segunda carta de são Paulo aos coríntios precisamos compreender que nós somos os vasos de barro no qual o Senhor deposita tesouros valiosíssimos como sua Palavra e seus dons. Deus faz isto para nos mostrar que todo poder vem dele; pois somos frágeis, mas não vencidos; pois Ele está conosco.
Nossas fraquezas e nossa pequenez não podem ser obstáculos para nos colocarmos a disposição, dizer sim e servir.
Nós aqui na comunidade sabemos bem o que é isto; pois às vezes olhamos ao redor e pensamos que não vamos dar conta, é muita coisa e aí perguntamos: meu Deus porque o Senhor nos escolheu, somos muito pecadores , o fulano é melhor, é mais santo, mais capacitado, etc.
Mas a verdade é uma só: Deus me escolheu, Deus escolheu você com todas as nossas limitações e fraquezas para provar ao mundo que a Ele e só a Ele pertence toda honra, toda glória, todo poder e louvor.
Quando olhamos para o mundo temos a sensação de que o mal está vencendo; as notícias ruins são em maior número, mas ao final Deus nos mostra o contrário. Em Jesus somos mais que vencedores.
Quando se fala em adultério é impossível não lembrar da família como instituição mais atacada nos dias de hoje e a respeito desta relação de esposos veja o que nos ensina o teólogo Tertuliano (c. 155-c. 220) em seu escrito “ À esposa, II, 9 “. Onde encontrar palavras para exprimir toda a excelência e felicidade do matrimônio cristão? A Igreja redige o contrato, a oferta eucarística confirma-o, a bênção coloca-lhe o selo, os anjos que são dele testemunha registram-no, e o Pai dos céus ratifica-o. Que aliança doce e santa a de dois fiéis que carregam o mesmo jugo (cf Mt 11,29), reunidos na mesma esperança, no mesmo desejo, na mesma disciplina, no mesmo serviço! Ambos são filhos do mesmo Pai, servos do mesmo Senhor, formando uma só carne (cf Mt 19,5), um só espírito. Oram juntos, adoram juntos, jejuam juntos, ensinam-se um ao outro, encorajam-se um ao outro, apoiam-se um ao outro. Encontramo-los juntos na igreja, juntos no banquete divino. Partilham por igual a pobreza e a abundância, as perseguições e as consolações. Não há segredos entre eles, nenhuma falsidade: confiança inviolável, solicitude recíproca, nenhum motivo de tristeza. Não têm de se esconder um do outro para visitar os doentes, para dar assistência aos indigentes; a sua esmola não é motivo de disputa, os seus sacrifícios não conhecem escrúpulos, a observância dos seus deveres quotidianos é sem entraves. Entre eles não há sinais da cruz furtivos, nem saudações inquietas, nem ações de graças mudas. Da sua boca, livre como o seu coração, elevam-se hinos e cânticos; a sua única rivalidade é a de ver quem celebra melhor os louvores do Senhor. Cristo alegra-Se com tal união; a tais esposos Ele envia a sua paz. Onde dois estiverem reunidos, Ele também está presente (cf Mt 18,20); e onde Ele está presente, o inimigo da nossa salvação não tem lugar
Rezemos com o Salmista: É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, vosso servo que nasceu de vossa serva; mas me quebrastes os grilhões da escravidão! Por isso oferto um sacrifício de louvor, invocando o nome santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 2 Coríntios 4,7-15
Salmo: 115/116B
Evangelho: Mateus 5,27-32