Segunda Feira – 4ª. Semana do Advento

15541539_1168230213262202_8044917999931136368_nAmados irmãos e irmãs
“Eis a graça que o Senhor me fez, quando lançou os olhos sobre mim para tirar o meu opróbrio dentre os homens”.
Zacarias e Isabel eram idosos e nem tinham filhos, já estavam na terceira idade, assistindo a história que os outros estavam fazendo mas Deus pensa e age diferente. De meros assistentes passaram a protagonistas da história da Salvação, com eles e neles vai começar uma nova história, a mais bela que a humanidade ouviu contar e fazer parte irá gerar aquele que irá ser o precursor do grande Messias. Zacarias toma um grande susto quando entra no Santo dos Santos para cumprir sua escala na oferta de incenso diante do altar e tem uma visão, não se assusta tanto com a visão, mas sim com o que ela anuncia. A mudez é o simbolismo de uma apatia que para Deus não existe. Mudo é quem nada tem a dizer, a sugerir, a opinar. Por que irão querer a opinião de um pequeno ou de um idoso? Eles não são importantes. A mudez do velho Zacarias não é castigo como o próprio texto sugere, antes, é uma constatação de como um idoso é insignificante para o sistema, inclusive o religioso.
Os que antes eram humilhados, Zacarias e Isabel, por serem velhos e estéreis, e nem ter tido a graça de gerar um Filho., agora se tornam sinais inequívocos da ação Divina.
O nome, que o velho sacerdote deveria dar a seu filho, seria já um prenúncio da chegada do Messias. João significa “o Senhor mostrou o seu favor”. Sendo assim, o Messias, cujos caminhos seriam preparados por seu Precursor, estava destinado a ser uma manifestação da misericórdia de Deus pela humanidade, que não havia sido esquecida, nem tinha sido relegada ao desprezo, por causa do pecado.
Jean Tauler, dominicano de Estrasburgo no Sermão para o Natal nos ensina que no Natal festejamos um triplo nascimento. O primeiro e mais sublime nascimento é o do Filho único, gerado pelo Pai celeste na essência divina, na distinção de pessoas. O segundo nascimento foi o que aconteceu de uma mãe que, na sua fecundidade, manteve a pureza absoluta da sua castidade virginal. O terceiro é aquele pelo qual, todos os dias e a toda a hora, Deus nasce em verdade, espiritualmente, pela graça do amor, numa alma boa.
Para este terceiro nascimento, não deve haver em nós senão uma procura simples e pura de Deus, sem mais nenhum desejo de ter como próprio seja o que for, com a vontade única de lhe pertencer, de lhe dar lugar da forma mais elevada e mais íntima, para que Ele possa realizar a sua obra e nascer em nós sem lhe colocarmos qualquer obstáculo. É por isso que Santo Agostinho nos diz: Esvazia-te para que possas ser preenchido; sai para que possas entrar e ainda: Alma nobre, nobre criatura, porque procuras fora de ti o que está em ti todo inteiro, da maneira mais verdadeira e mais manifesta? E, uma vez que és participante da natureza divina, que te importam as coisas criadas e que fazes tu com elas? Se o homem preparasse assim um lugar dentro de si mesmo, Deus ver-se-ia, sem qualquer dúvida, obrigado a preenchê-lo completamente; se não, o céu romper-se-ia se fosse preciso para preencher esse vazio. Deus não pode deixar as coisas vazias; seria contrário à sua natureza, à sua justiça.
É por isso que te deves calar; então o Verbo desse nascimento, a Palavra de Deus, poderá ser pronunciada em ti e tu poderás ouvi-la. Mas tens de compreender que, se tu queres falar, Ele tem de se calar. A melhor maneira de servir o Verbo é calar e ouvir. Se, portanto, saíres completamente de ti mesmo, Deus entrará por inteiro em ti; na medida em que saíres, Ele entrará, nem mais nem menos.
Santo Agostinho no Sermão 170, 11,11 nos diz que: “Quando te afastas do fogo, o fogo continua aquecendo, mas tu esfrias. Quando te afastas da luz, a luz continua brilhando, mas as sombras te envolvem. O mesmo acontece quando te afastas de Deus”
Na leitura do livro dos Juízes nos é narrado a concepção de Sansão, o menino que o Senhor abençoou. É episodio semelhante ao que nos narra o Evangelho, aliás, muitos dos escolhidos do Senhor o foram em situações semelhantes e aqui poderíamos enumerar Isaac, Samuel, Sansão, João e tantos outros. Precisamos aprender a olhar para nossa vida e detectar onde Deus agiu de forma semelhante já dando mostras de que éramos escolhidos e separados para fazer seu reino de paz e amor acontecer.
Rezemos com o Salmista: Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória. Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. Porque sois, ó Senhor Deus minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco. 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Juízes 13,2-7.24-25
Salmo: 71/72
Evangelho: Lucas 1,5-25