Segunda Feira – 31ª. Semana comum

Amados irmãos e irmãs23130924_1484304554988098_5431629082779457146_n
“… Quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos”.
Ao ler este versículo fico a pensar na missão da Comunidade Missionária Divina Misericórdia, ou seja, acolher e ajudar moradores de rua, trecheiros e doentes; não há que se pensar em recompensa ou pagamento, pois muitos destes doentes são cegos, surdos, mudos ou já não gozam da plenitude das faculdades mentais e muito menos possui bens materiais; mas para nós a recompensa imediata é o sorriso de cada um deles ou até mesmo um pequeno gesto. Quanto aos trecheiros estes em sua maioria nunca mais voltam e assim jamais o veremos.
O que este Evangelho quer nos ensinar é que quanto mais priorizarmos as relações com pessoas iguais na cultura, no modo de pensar, na posição social e religiosa, mais longe de Deus estamos, pois Ele não é exclusividade de ninguém.
É preciso renunciar ao anseio de recompensa ou retribuição: “Se amais os que vos amam, que graça alcançais? Até mesmo os pecadores agem assim. Fazei o bem e empresteis sem esperar coisa alguma em troca” (Lc 6,32-35).
Diante de Cristo Jesus não há merecedores e não merecedores, mas todos são chamados a experimentar um amor sem medidas para viver a verdadeira comunhão.
Nossa comunidade não pode ser transformada em grupo fechado, exclusivo e particular. A Igreja de Jesus não pode ser assim, ela deve ser aberta a todos e principalmente deve convidar os pobres comungando com sua causa, tornando-se solidário com eles, a ponto de tudo fazer para que sua dignidade seja respeitada.
Santa Teresinha do Menino Jesus, carmelita e doutora da Igreja em seu Manuscrito autobiográfico C, 28rº-vº nos ensina: Notei (e é muito natural) que as irmãs mais santas são as mais amadas; procura-se conversar com elas, prestam-se lhes serviços sem que os peçam. As almas imperfeitas, pelo contrário, não são nada procuradas; as pessoas mantêm-se, sem dúvida, em relação a elas, dentro dos limites da cortesia religiosa, mas, receando talvez dizer-lhes algumas palavras pouco amáveis, evitam a companhia delas. Eis a conclusão que daí tiro: devo procurar, no recreio, nas licenças, a companhia das irmãs que me são menos agradáveis, e exercer junto dessas almas feridas o ofício do Bom Samaritano.
Uma palavra, um sorriso amável, basta, muitas vezes, para alegrar uma alma triste; mas não é exclusivamente para atingir esse objetivo que quero praticar a caridade, pois sei que bem depressa desanimaria: uma palavra que terei dito com a melhor intenção poderá ser interpretada completamente ao contrário. Assim, para não perder o meu tempo, quero ser amável para com todas (e em particular para com as irmãs menos amáveis) para dar alegria a Jesus e corresponder ao conselho que Ele dá no Evangelho mais ou menos nestes termos: Quando derdes um banquete, não convideis os vossos parentes nem os vossos amigos, não vão eles também convidar-vos, por sua vez, recebendo vós assim a vossa recompensa; mas convidai os pobres, os coxos, os paralíticos, e sereis felizes por eles não vos poderem retribuir, pois o vosso Pai, que vê no segredo, vos recompensará [Mt 6,4]. Que banquete poderia uma carmelita oferecer às suas Irmãs, senão um banquete espiritual composto de caridade amável e alegre?
Quanto a mim, não conheço outro, e quero imitar São Paulo, que se alegrava com os que encontrava alegres; é verdade que chorava também com os aflitos [Rm 12,15], e algumas vezes as lágrimas devem aparecer no banquete que quero oferecer, mas procurarei sempre que essas lágrimas se transformem em alegria (Jo 16,20), já que o Senhor ama os que dão com alegria.
Na leitura da carta de são Paulo aos Romanos o apóstolo nos ensina quão impenetráveis são os juízos e inexploráveis os caminhos do Senhor! Ninguém pode querer compreender o pensamento do Senhor! Muito menos alguém pode se arvorar a dizer que Deus está lhe retribuindo, pois há que se perguntar: Quem lhe deu primeiro, para que lhe seja retribuído? Dele, por ele e para ele são todas as coisas e por este motivo somente a Ele toda a glória por toda a eternidade! Amém
Rezemos com o Salmista: Humildes, vede isto e alegrai-vos: o vosso coração reviverá; se procurardes o Senhor continuamente! Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres e não despreza o clamor de seus cativos. Sim, Deus virá e salvará Jerusalém, onde os pobres morarão, sendo seus donos. A descendência de seus servos há de herdá-las, e os que amam o santo nome do Senhor dentro delas fixarão sua morada! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Romanos 11,29-36
Salmo: 68/69 
Evangelho: Lucas 14,12-14