Segunda Feira – 20ª. Semana Comum

segundaAmados irmãos e irmãs
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!”
Quanto difícil é para o homem se desapegar dos bens materiais para seguir Jesus. Se o nosso tesouro é terreno (dinheiro, poder, jóias, etc.) será nestas coisas que o nosso coração estará.
Façamos do amor e da esperança o nosso tesouro e aí sim o nosso coração estará em Deus; claro que os bens terrenos não são totalmente contrários aos bens celestes; nós até precisamos de dinheiro, de trabalho, comida, etc.; para viver a vida terrena; no entanto para a vida eterna que começa aqui e jamais terá fim precisamos muito mais dos bens celestiais.
O jovem cumpria a lei e o que poderíamos chamar de ritualística, mas o seu coração não estava na fonte do bem. Deus é a fonte de toda bondade, a fonte da vida. Se algo de bom pode ser feito, é porque Deus está na origem de todo bem. A vida eterna é dom e, como tal, precisa ser recebida. Não é merecimento pelo cumprimento irrepreensível da Lei, ainda que o cumprimento da Lei seja vida (ver: Dt 30,15-16). Só o cumprimento dos mandamentos não é suficiente; então, o que falta, ainda?
Para ser perfeito, isto é, para amar como se é amado por Deus, é preciso desapego, pois a vida eterna não se compra.
Santo Ambrósio bispo e doutor da Igreja, ensina: Tu és guardião dos teus bens, e não proprietário, tu que escondes o teu ouro na terra (Mt 25,25); e tornas-te servo deles, e não senhor. Cristo disse: Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração; ora, o teu coração está no ouro que enterraste. Vende o ouro e compra a salvação; vende o que é da terra e adquire o Reino de Deus; vende o campo e recupera a vida eterna. Dizendo isto digo a verdade, porque me apoio na palavra daquele que é a Verdade: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu (Mt 19,21). Não te entristeças ao ouvir estas palavras, com medo que te seja dito o mesmo que ao jovem rico: Dificilmente entrará um rico no reino dos céus (v. 23). Mais ainda, quando lês esta frase, considera que a morte pode arrancar-te esses bens, que a violência de alguém mais forte que tu podes tirar lhe estes bens. E, no fim de contas, terias preferido bens menores em lugar de grandes riquezas, e trocos em vez de tesouros de graça. Pela sua própria natureza, esses bens são perecíveis e não permanecem para sempre.
Vale destacar que não podemos cometer o erro de achar que ajuntar bens espirituais é fazer poupança no banco de Deus; primeiro porque Deus não é banqueiro que vai te devolver com juros e correção monetária; e em segundo e mais importante a se destacar é que a salvação não pode ser comprada por mais ninguém, pois Jesus Cristo no la deu gratuitamente com seu sacrifício de Cruz.
Na leitura do livro dos Juízes nossa é narrada a instalação de Israel em Canaã onde já existia outros povos com religião e cultura diferente. Eles abandonaram o Senhor Deus e caíram no pecado da idolatria, da desagregação do povo, das lutas internas e da depravação moral. As consequências são terríveis: sofrimento, perda da liberdade, novas escravidões. É neste quadro que clamam por outro Juiz e então o amor misericordioso de Deus restabelece a comunhão. Assim Deus educa seu povo à conversão e mesmo nas situações de pecado, a fidelidade de Deus supera tudo.
Rezemos com o Salmista: Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo! Contaminaram-se com suas próprias obras, prostituíram-se em crimes incontáveis. Quantas vezes o Senhor os libertou! Eles, porém, por malvadez o provocavam. Mas o Senhor tinha piedade do seu povo quando ouvia o seu grito na aflição. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Juízes 2,11-19
Salmo: 105/106
Evangelho: Mateus 19,16-22