Segunda Feira – 15ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs17
“Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Aquele que tentar salvar a sua vida perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á”.
Jesus quer nos ensinar que quando abraçamos nossa Cruz exercemos o discipulado, a missão com sinceridade, colocando o Evangelho em primeiro lugar. Estaremos tão ocupados em amar e servir os outros que não teremos tempo para buscar nossos interesses e nossas neuroses. Tomar a cruz e seguir Jesus é deixar todas as nossas conveniências e interesses para trás, é renunciar aos prazeres que o mundo oferece. O grande ensinamento que tiramos deste Evangelho é que a salvação é comunitária, ou seja, ninguém se salva sozinho.
O discurso envolvendo graus de parentesco Jesus quer nos ensinar que nenhum laço afetivo deve preceder ao amor por Jesus, nenhum laço afetivo pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus Cristo.
Também parece estranho Jesus dizer que não veio trazer a paz mas a espada ;porém é preciso entender que as palavras de Jesus visam dirimir um mal-entendido, ou seja, Ele quer deixar claro que não é uma paz como a “ pax romana”; onde falsidade encobre as maldades e as injustiças. Jesus quer sim a paz para toda a humanidade, mas sobre bases verdadeiras!
Jean Tauler , dominicano em seu Sermão 59, 4º para a Exaltação da Santa Cruz diz: “ Deus atrai o homem a si; porque é necessário que Ele comece por te separar de todos os bens, exteriores ou interiores, a que estás agarrado, tendo neles a tua plena satisfação. Este desprendimento é uma cruz penosa, e tanto mais penosa quanto mais forte e firmemente estiveres agarrado a eles. Porque foi que Deus permitiu que raros sejam os dias e as noites que se assemelham aos anteriores? Porque será que aquilo que te ajudou à devoção hoje será inútil amanhã? Porque tens dentro de ti tão grande confusão de imagens e pensamentos que a nada levam? Meu menino, aceita a cruz que Deus te envia, que será para ti uma cruz amável se fores capaz de oferecer estas provações a Deus, de as aceitar dele com verdadeiro abandono e de lhe agradecer: A minha alma engrandece o Senhor (Lc 1,46). Quer Deus tome, quer dê, o Filho do Homem tem de ser elevado à cruz. Meu menino, deixa tudo isso e aplica-te ao verdadeiro abandono, esforçando-te por aceitar a cruz da tentação em vez de procurares a flor da suavidade espiritual. Nosso Senhor disse: Se alguém quer vir após Mim, tome a sua cruz e siga-me (Lc 9,23)”.
Para quem não entende o que é a falsa e negociada paz basta lembrar-se do tempo da ditadura militar no Brasil onde se mostrava uma paz exterior para encobrir os horrores dos porões onde acontecia tortura e morte.
Na leitura do livro do êxodo vemos que a saga do povo de Deus no Egito continua e agora com o ingrediente de que as autoridades já não mais se lembram de José e por isso passa a escravizar duramente aquele povo por medo de que eles se aliassem ao inimigo estrangeiro. A matança de crianças é um pretexto para evitar que eles continuem se multiplicando; mas é deste episódio que vai surgir aquele que será preparado para libertar Israel das mãos dos egípcios.
Rezemos com o Salmista: Se o Senhor não estivesse ao nosso lado quando os homens investiram contra nós, com certeza nos teriam devorado no furor de sua ira contra nós. Nossa alma como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador; o laço arrebentou-se de repente, e assim nós conseguimos libertar-nos. O nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra!

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Êxodo 1,8-14.22
Salmo: 123/124 
Evangelho: Mateus 10,34-11,1