Sábado 7ª. Semana da Páscoa

07 Amados irmãos e irmãs
“… Se fossem escritas todas as coisas sobre Jesus, penso que não caberiam no mundo os livros que deveriam ser escritos”.
Existe em toda história, alguma pessoa, nação ou qualquer outra coisa sobre a qual se tenha escrito tanto sem esgotar o assunto do que a pessoa de Jesus? Não! Não há livro e nem folhas suficientes para suportar tão grande mistério.
No mundo jurídico existem as testemunhas presenciais (que estão presentes); as testemunhas oculares (as que apenas veem); as testemunhas auriculares (as que apenas ouvem) ou as de referência que mesmo sem estar presente, ver ou ouvir; são aquelas que de alguma forma indicam o acontecido. Por exemplo, você pode não ter visto o José sendo assassinado, mas você está vendo o corpo então é testemunha de que ele está morto.
Os apóstolos não presenciaram a ressurreição de Jesus, mas são as testemunhas mais legítimas, afinal de contas eles viram e conviveram com o ressuscitado; por isto são testemunhas da ressurreição.
Hoje somos convidados a ser testemunhas da ressurreição, testemunhas do ressuscitado que nos envia o Espírito Santo; não porque tenhamos estado no cenáculo no dia de pentecostes, mas porque vemos sinais visíveis todos os dias como por exemplo a Igreja, a Eucaristia e o amor que impulsiona, que impele muitos cristãos a dar a própria vida na causa do reino.
Jean-Pierre de Caussade, jesuíta no Abandono à Providência divina, cap. 11, §§ 191ss diz: Desde a origem do mundo que Jesus Cristo vive em nós; Ele opera em nós durante todo o tempo da nossa vida; começou em Si mesmo e continua nos seus santos uma vida que nunca acaba. Se o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever sobre o que Ele fez e disse e sobre a sua própria vida, se o Evangelho esboça apenas alguns traços, se a primeira hora é tão desconhecida e tão fecunda, quantos evangelhos não seria preciso escrever para narrar a história de todos os momentos desta vida mística de Jesus Cristo, que multiplica os milagres indefinidamente e os multiplicará eternamente, uma vez que todos os tempos mais não são do que a história da ação divina? O Espírito Santo gravou em traços infalíveis e incontestáveis alguns momentos desta vasta duração, coligindo nas Escrituras algumas gotas deste mar e revelando através de que maneiras secretas e desconhecidas trouxe Jesus Cristo ao mundo.
O Espírito Santo já não escreve evangelhos senão nos corações; todas as ações, todos os momentos dos santos são o evangelho do Espírito Santo; as almas santas são o papel, os seus sofrimentos e ações são a tinta. O Espírito Santo, através da pena da sua ação, escreve um evangelho vivo. E só o poderemos ler no dia da glória em que, após ter saído da imprensa desta vida, será publicado.
Oh, que bela história! Que livro belo o Espírito Santo está a escrever! Ele está no prelo, santas almas, não há dia em que não se arranjem as letras, não se aplique tinta, não se imprimam as folhas. Mas estamos na noite da fé: o papel é mais negro do que a tinta; é uma língua do outro mundo, não a compreendemos; só podereis ler este evangelho no céu.
No livro dos Atos vemos algo interessante, ou seja, é como se Paulo estivesse em prisão domiciliar. Ao falar para as autoridades romanas ele fala das algemas que carrega, mas estas algemas não o impede de durante dois anos que permaneceu naquela casa pregar o reino, receber as pessoas e com toda a coragem ensinar tudo sobre Jesus Cristo. E nós que não estamos algemados e nem em prisão domiciliar como agimos?

Rezemos com o Salmista: Deus está no templo santo e no céu tem o seu trono; volta os olhos para o mundo, seu olhar penetra os homens. Examina o justo e o ímpio e detesta o que ama o mal. Porque justo é nosso Deus, o Senhor ama a justiça. Quem tem reto coração há de ver a sua face.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Atos 28,16-20.30-31
Salmo: 10/11
Evangelho: João 21,20-25