Sábado – 17ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs

Ninguém prejudique o seu próximo. Teme o teu Deus. Eu sou o Senhor, vosso Deus”.
Quem são os Herodes de hoje que também gostam de ouvir a Palavra de Deus, chegam a se empolgar com ela, mas quando essa Palavra exige uma mudança de mentalidade e de postura, no campo da ética e da moral, aí a menosprezam, pois não admitem.
São capazes de matar para calar a voz daqueles que denunciam injustiças.
Da liturgia bizantina (Tropário e katisma) do ofício de matinas de 29/08 encontramos o seguinte texto que se refere a João Batista: A memória do justo será abençoada (Prov 10,7), mas a ti, Precursor, basta-te o testemunho do Senhor. Em verdade, mostraste ser o maior de todos os profetas (Mt 11,9); por isso foste digno de batizar na água Aquele que eles anunciaram. E, tendo lutado na Terra pela verdade, cheio de alegria, anunciaste, já na morada dos mortos, o Deus que se manifestou na carne, que tira o pecado do mundo (ITm 3,16; Jo 1,29) e que nos concede a graça da salvação.
Por vontade de Deus, nasceste de uma mulher estéril, desprendeste a língua de teu pai (Lc 1, 7.64), mostraste o Sol que te iluminou, a ti, estrela da manhã. No deserto, pregaste às multidões o Criador, o cordeiro que tira o pecado do mundo. Com teu zelo repreendeste o rei e decapitaram-te a gloriosa cabeça, a ti, ilustre Precursor, verdadeiramente digno dos nossos cantos. Intercede junto de Cristo, nosso Deus, para que Ele conceda o perdão dos pecados aos que festejam de coração pleno a tua sagrada memória. João e Jesus têm em comum a morte injusta e isto porque ambos foram fiéis ao projeto do Pai e se olharmos bem podemos enxergar no dia a dia que semelhanças que possam ocorrer conosco na nossa missão pode ser o sinal mais claro de que estamos no caminho certo.
O beato Guerric d’Igny , abade cisterciense no 3º Sermão para a natividade de João Baptista, SC 202 ao falar da grandeza de João Batista nos diz: O que dá grandeza a João, aquilo que o fez grande entre os grandes, foi ter levado ao extremo as suas virtudes , a estas acrescentando a maior de todas, a humildade. Enquanto todos o consideravam o mais importante de todos, ele, espontaneamente e com o desvelo do amor, colocou acima de si Aquele que é o mais humilde de todos, e de tal maneira O colocou acima de si que se declarou indigno de Lhe descalçar as sandálias (Mt 3,11). Que os homens se maravilhem pois por João ter sido predito pelos profetas, por ter sido anunciado por um anjo, por ter nascido de pais tão santos e nobres, ainda que idosos e estéreis , por ter preparado o caminho ao Redentor no deserto, por ter feito voltar o coração dos pais a seus filhos e o dos filhos a seus pais (Lc 1, 17), por ter sido julgado digno de batizar o Filho, por ouvir o Pai, por ver o Espírito Santo em forma corpórea (Lc 3,22), por, enfim, ter lutado até à morte pela verdade e por, para ser o percursor de Cristo até à morada dos mortos, ter sido mártir de Cristo antes da Paixão. Que todos se maravilhem com isto. Quanto a nós, irmãos, é a sua humildade que nos é proposta como objeto, não só de admiração, mas também de imitação. A humildade incitou-o a não querer passar por grande, quando podia tê-lo feito. De facto, este fiel amigo do Esposo (Jo 3,29), que amava o seu Senhor mais do que a si próprio, desejava diminuir para que Ele pudesse crescer. Esforçava-se por tornar maior a glória de Cristo fazendo-se a si próprio o menor, exprimindo assim com a sua conduta aquilo que diria o apóstolo Paulo: Pois não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o Senhor (2Cor 4,5).
No livro de Jeremias fala de uma advertência sob condição: se o povo se arrependesse, seria salvo, é um convite à conversão. Os sacerdotes e profetas pedem a morte de Jeremias, mas os juízes e os anciãos perante a acusação falsa e incompleta reagiram recordando o que acontecera um século antes com o profeta Miqueias. Este tinha pronunciado idêntica ameaça, o povo tinha-se convertido e Jerusalém fora libertada de Senaqueribe. Era o que também agora pretendia Jeremias. Jeremias prefere enfrentar a morte a trair a Palavra e isto comove os juízes que unanimemente reconheceram que não era réu de morte.

Rezemos com o Salmista: Cantarei um cântico de louvor ao nome do Senhor, e o glorificarei com um hino de gratidão. Ó vós, humildes, olhai e alegrai-vos; vós que buscais a Deus, reanime-se o vosso coração, porque o Senhor ouve os necessitados, e seu povo cativo não despreza. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Jeremias 26,11-16 26,24-24
Salmo: 68, 15s ; 30s ; 33s
Evangelho: Mateus 14,1-12