Reflexão – Sexta 23ª Semana comum – Ano Impar 13/09/2019


Amados irmãos e irmãs
“Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova? Por que vês tu o cisco no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho”?
As parábolas do Evangelho revelam o verdadeiro papel daquele que se diz guia; mestre ou modelo. O guia é para ser seguido; portanto deve refletir a luz de Cristo que ilumina os caminhos e afasta todas as trevas. Que ninguém se arvore guia vivendo na escuridão; pois levará seus seguidores à perdição.
O mestre é aquele que depois de ter guiado na luz faz seus seguidores se tornarem discípulos; o mestre é aquele que procura dar o melhor de si para que o discípulo o ultrapasse. O mestre não tem ciúmes ou inveja de seus discípulos. O mestre conduz o discípulo ao caminho da perfeição.
Por fim sendo bom guia e bom mestre poderemos dizer que estamos diante de um modelo; palavra que vem de molde, ou seja, podemos copiar imitar, fazer igual. O bom mestre que se torna modelo por vezes é confundido com seus discípulos tamanha a semelhança na prática do bem.
Ser cristão autêntico é ser guia a seguir; ideal a atingir e modelo a imitar. Cristo é o nosso verdadeiro Mestre e é n’Ele que devemos buscar inspiração. Na busca deste caminho de santidade só devemos tomar cuidado com a presunção e em especial a hipocrisia de nos julgarmos melhor que os outros.
Na primeira carta de Paulo a Timóteo vemos a alegria do apóstolo ao se dirigir a um filho na fé. Só quem tem filhos na fé sabe o que isto significa. Aqui na Comunidade Missionária Divina Misericórdia muitos chamam o fundador de “pai” e como é bom ver aqueles que nunca tinham ouvido falar de Jesus e da sua Igreja ou que estavam desviados voltarem ao primeiro amor e testemunharem com atos e palavras; estes sim foram gerados espiritualmente no ventre da Mãe Igreja. Paulo se lembra do tempo em que perseguira a Igreja e quando Jesus olhou para ele; nós também deveríamos saber que mesmo nos momentos em que agimos como verdadeiros inimigos da Igreja, Deus não nos abandona; por isto podemos dizer que mesmo quando não amávamos a Deus, Ele já nos amava e por isto enviou seu Filho Unigênito como vítima expiatória de nossos pecados.
São Cirilo de Alexandria bispo e doutor da Igreja no comentário sobre o Evangelho de Lucas, 6; PG 72, 601 nos ensina que o discípulo bem formado será como o mestre. O discípulo não está acima do seu mestre. Porque julgas, se o Mestre não o faz? Ele não veio para condenar o mundo, mas para o salvar (Jo 12,47). Entendida neste sentido, a palavra de Cristo significa: Se Eu não julgo, não julgues tu também, que és meu discípulo. Pode ser que tenhas culpas mais graves do que aquele que estás a julgar, e como te sentirás envergonhado ao tomares consciência disso. O Senhor ensina-nos o mesmo na parábola em que diz: Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão? Aconselhando-nos com argumentos irrefutáveis a não julgarmos os outros, mas a perscrutarmos o nosso coração. Seguidamente incentiva-nos a libertarmo-nos dos desejos desregrados que nele estão instalados, pedindo a Deus essa graça. Efetivamente, é Ele que cura os que têm o coração abalado e nos liberta das nossas doenças espirituais. Porque, se os pecados que te esmagam são maiores e mais graves do que os dos demais, porque os censuras sem te preocupares com os teus?
Todos os que desejam viver devotamente, e sobretudo aqueles que estão encarregados de formar os outros, tirarão certamente proveito deste preceito. Se forem virtuosos e sóbrios, vivendo de acordo com o Evangelho, acolherão com brandura os que ainda não agem do mesmo modo.

Rezemos com o Salmista: Eu bendigo o Senhor, que me aconselha
e até de noite me adverte o coração. Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois, se o tenho a meu lado, não vacilo. Vós me ensinais vosso caminho para a vida;junto a vós, felicidade sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1 Timóteo 1,1-2.12-14
Salmo:15/16
Evangelho: Lucas 6,39-42