Reflexão: Sábado 19 ª Semana comum – Ano Impar 17/08/2019


Amados irmãos e irmãs
“Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham”.
Olhando para este versículo não há como não pensar das tantas vezes em que nós tentamos afastar do Senhor os pequeninos e humildes, como se eles fossem atrapalhar o precioso tempo do mestre. Talvez porque julgamos que seus problemas são simples e nós mesmos podemos resolver sem a intervenção de Deus.
Criança é símbolo de quem depende do Pai assim como nós membros da comunidade devemos viver na dependência total de Deus.
Olhando literalmente para a palavra criança podemos também dizer que nossas crianças as vezes são tratadas como “problemas” em nossas comunidades, pois dizem que elas atrapalham nossas celebrações.
Retirar as crianças do espaço celebrativo tem sido a saída de alguns, mas confessamos que ela é perigosa na medida em que as crianças não se habituam com a experiência comunitária na assembleia e além do mais seria de nossa parte uma atitude de duvidar que a graça de Deus possa atingi-las durante a celebração mesmo que racionalmente não estejam a entender nada.
São Máximo, bispo na homilia 58, para a Páscoa; PL 57, 363 nos ensina: “Irmãos, como é grande e admirável o dom que o Senhor nos dá! Neste dia de Páscoa, dia da Salvação, o Senhor ressuscitou e dá a Ressurreição ao mundo inteiro. Nós somos o seu Corpo (1Cor 12,27) e, como seus membros, ressuscitamos com Ele, que nos faz passar da morte à vida. Páscoa em hebraico quer dizer passagem, e que passagem! Do pecado à justiça, do vício à virtude, da velhice à infância. Ontem, a queda no pecado mostrava-nos o caminho do declínio, mas a Ressurreição de Cristo faz-nos reviver na inocência dos recém-nascidos.
A simplicidade cristã faz sua a infância. A infância não tem rancor, não conhece o engano, não procura a ofensa. Do mesmo modo, a criança em que o cristão se transformou já não se enfurece se é insultada, não se defende se é espoliada, não dá resposta se é atacada. O próprio Senhor lhe exige que reze pelos seus inimigos, que deixe a túnica e o manto aos ladrões, e que dê a outra face àqueles que lhe batem (Mt 5,39). A infância de Cristo sobrepõe-se assim à dos homens.
O Senhor diz aos seus Apóstolos, já entrados na maturidade e na idade adulta: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu (Mt 18,3). Desse modo, remete-os para o início da sua existência, incitando-os a reencontrar a infância e permitindo assim que esses homens a quem começavam já a faltar as forças renasçam na inocência do coração.
No livro de Josué vemos um dos mais belos versículos da Palavra: “quanto a mim, eu e minha casa serviremos o Senhor”. Josué exortando o povo a servir o único e verdadeiro Deus esclarece que a escolha de servi-lo implica em renúncia a todos os outros deuses mesmo que nossos pais os tenham servido. Isto tudo Josué fez antes que cada um partisse para sua porção de terra (tribo) e pouco depois Josué morreu.
Na atualidade somos instado a olhar para esta passagem bíblica e pedir ao Senhor que afaste do meio de nós o costume que as vezes temos de lhe fazer juras de amor de que só a Ele serviremos mas não resistimos aos deuses da modernidade como o dinheiro, o poder, etc.

Rezemos com o Salmista: O Senhor é a porção da minha herança! Eu bendigo o Senhor, que me aconselha e até de noite me adverte o coração. Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois, se o tenho ao meu lado, não vacilo. Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós, felicidade sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Josué 24,14-29
Salmo: 15/16
Evangelho: Mateus 19,13-15