Reflexão – Quinta Feira 7ª Semana da páscoa

Amados irmãos e irmãs
“Para que todos sejam um como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, e para que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste”.
Jamais nos esqueçamos de que a fé dos outros depende do nosso testemunho! Não nos esqueçamos de uma frase dita pelos observadores dos cristãos da Igreja Primitiva: “Vejam como eles se amam”!
Nunca nos esqueçamos de que Jesus já disse que a condição para que o mundo creia é que sejamos um! E aí lembramos que antes da unidade entre os cristãos precisamos buscar a unidade dentro de nossa própria Igreja Católica Apostólica Romana e aqui vale destacar que unidade não é uniformidade.
No hemisfério sul, vivemos a semana de oração pela unidade dos cristãos e aí é hora de refletirmos que o ecumenismo ainda engatinha e na maioria das nossas comunidades essa palavra é estranha e até assusta os mais conservadores. Com o diálogo inter-religioso a situação é bem mais complicada; há muito a caminhar.
Mas se Jesus rezou pela unidade porque então o cisma do Oriente; a Reforma Protestante e tantas outras divisões que quebraram a unidade? Poderíamos responder que a vaidade do homem é um dos principais motivos dentre tantas outras coisas como a questão econômica, o poder, etc.
O beato João Paulo II destaca na Encíclica “Ut unum sint”, §§22: No caminho ecumênico para a unidade, a primazia pertence, sem dúvida, à oração comum. Se os cristãos, apesar das suas divisões, souberem unir-se cada vez mais em oração comum ao redor de Cristo, crescerá a sua consciência de como é reduzido o que os divide, em comparação com aquilo que os une. Se se encontrarem sempre mais assiduamente diante de Cristo na oração, poderão ganhar coragem para enfrentar toda a dolorosa realidade humana das divisões, e reencontrar-se-ão juntos naquela comunidade da Igreja que Cristo forma incessantemente no Espírito Santo, apesar de todas as debilidades e limitações humanas.
A comunhão na oração induz a ver com olhos novos a Igreja e o cristianismo. Com efeito, não se deve esquecer que o Senhor implorou do Pai a unidade dos seus discípulos, para que servisse de testemunho à sua missão e o mundo pudesse acreditar que o Pai o tinha enviado (Jo 17,21). Pode-se afirmar que o movimento ecumênico teve início, em determinado sentido, na experiência negativa daqueles que, anunciando o único Evangelho, se reclamavam cada qual da sua própria Igreja ou comunidade eclesial: uma contradição que não podia passar despercebida a quem escutava a mensagem de salvação e que nisso via um obstáculo para acolher o anúncio evangélico.
Infelizmente, este grave impedimento não está superado. É verdade! Não estamos ainda em plena comunhão. E, todavia, não obstante as nossas divisões, percorremos o caminho para a plena unidade — aquela unidade que caracterizava a Igreja Apostólica nos seus inícios e que nós procuramos sinceramente; prova-o a nossa oração comum, guiada pela fé. Nela, reunimo-nos em nome de Cristo que é um. Ele é a nossa unidade.
Santa Teresinha do Menino Jesus, carmelita e doutora da Igreja no Manuscrito autobiográfico C, 34-35 diz: … O vosso amor precedeu-me desde a minha infância, cresceu comigo, e agora é um abismo, cuja profundidade não consigo sondar. O amor atrai o amor; por isso, meu Jesus, o meu lança-se para Vós e quereria encher o abismo que o atrai, mas, pobre de mim, nem chega a ser uma gota de orvalho perdida no oceano!… Para Vos amar como Vós me amais, preciso de me servir do vosso próprio amor; só então encontro repouso. Ó meu Jesus, é talvez uma ilusão, mas parece-me que não podeis cumular nenhuma alma com mais amor do que cumulastes a minha. É por isso que ouso pedir-Vos que ameis aqueles que me destes como me amastes a mim. Um dia, no céu, se descobrir que os amais mais do que a mim, alegrar-me-ei com isso, reconhecendo desde já que essas almas merecem o vosso amor muito mais do que a minha. Mas cá na terra, não posso conceber maior imensidade de amor do que a que Vos dignastes prodigar-me gratuitamente, sem nenhum mérito da minha parte.
Na leitura dos atos dos apóstolos vemos que mais uma vez Paulo testemunhando a ressurreição do Senhor e quase sendo despedaçado uma vez que entre fariseus e saduceus havia muita confusão sobre este tema. O Senhor através de um anjo vem e lhe diz: coragem vai testemunhar isto em Roma! Quantas e quantas vezes nós também somos desafiados ao defender nossa fé e diante das incompreensões pensamos em desistir e aí o Senhor nos envia para desafios maiores.
Rezemos com o Salmista: Eis por que meu coração está em festa, minha alma rejubila de alegria e até meu corpo no repouso está tranquilo; pois não haveis de me deixar entregue à morte, nem vosso amigo conhecer a corrupção. Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós, felicidade sem limites, delícia eterna e alegria ao vosso lado! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Atos 22,30; 23,6-11
Salmo: 15/16
Evangelho: João 17,20-26