Reflexão – Festa de São Tiago Maior – 25/07/2019


Amados irmãos e irmãs
“ Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo”.se tornar servo. Aquele que não aceita ser servidor jamais vai aceitar beber do mesmo cálice do Servo Sofredor de Isaías
Antes de beber o cálice que pode ser o martírio(vermelho ou branco) é preciso e preciso se tornar um servidor.
Mateus ameniza, ao dizer que foi a Mãe que pediu o lugar a direita e esquerda para seus filhos, mas o Evangelho de afirma que foram eles mesmos. Assim vemos que o evangelho não esconde a realidade,a fraqueza e o pecado dos discípulos,mas também veremos que Tiago vai ser o primeiro a beber do mesmo cálice de Jesus ao ser o primeiro apostolo mártir.
Ainda que Mateus amenizasse, ao dizer que foi a Mãe que pediu, mas o evangelista Marcos afirma que foram eles mesmos. De fato, se a gente olhar por esse ângulo assim nos parece, porém, há aqui algo muito belo, o evangelho não esconde a realidade, não dissimula a fraqueza e o pecado dos discípulos
Quantos de nos ainda hoje não quer ocupar a direita ou a esquerda do papa, do bispo , do padre ou ate de um simples coordenador recusando- se a ser simples servo.
Se eles que eram apóstolos pensaram e agiram assim e chegaram a santidade, porque não nos espelharmos neles para olharmos nossas fraquezas e pecados , abandonando-os para também nos tornarmos santos bebendo do mesmo cálice do Cristo,ou seja comungando de seus ideais.
Santo Agostinho bispo e doutor da Igreja no Sermão para a consagração de um bispo, Guelferbytanus nº 32; PLS 2, 637 nos diz: “ Cristo deu a sua vida por nós, e nós também devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos (1Jo 3,16). Jesus disse a Pedro: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres (Jo 21,18). É a cruz que Ele lhe havia prometido, é a Paixão. Sobe, diz o Senhor, apascenta as minhas ovelhas, sofre pelas minhas ovelhas. É assim que deve ser um bom bispo. Se não o for, não será bispo.
Ouve outro testemunho. Dois dos seus discípulos, os irmãos João e Tiago, filhos de Zebedeu, aspiravam aos primeiros lugares. O Senhor respondeu-lhes: Não sabeis o que pedis. E acrescentou: Podeis beber o cálice que Eu vou beber? E que cálice era esse, senão o da Paixão? E eles, ávidos de honras, esquecidos da sua fraqueza, imediatamente dizem: Podemos. Ele replicou-lhes: Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado. Deu assim prova da sua humildade; na verdade, tudo o que o Pai prepara é também preparado pelo Filho. Ele veio humilde: Ele, o Criador, foi criado entre nós; Ele, que nos fez, foi feito para nós. Deus antes do tempo, homem no tempo, libertou o homem do tempo. Este grande médico veio curar o nosso cancro; veio curar o próprio orgulho pelo seu exemplo.
É a isso que devemos estar atentos no Senhor: olhemos a sua humildade, bebamos o cálice da sua humildade, aprendamos dele, contemplemo-lo. É fácil ter pensamentos nobres, é fácil apreciar as honras, é fácil ouvir os aduladores e os que nos elogiam. Mas ouvir insultos, suportar pacientemente as humilhações, orar por aqueles que nos ofendem (Mt 5,39-44), isso é o cálice do Senhor, isso é o banquete do Senhor”.
A identificação do discípulo com seu Mestre requer esta participação efetiva; supõe que participemos do sacrifício incruento onde Ele se dá no vinho e no pão em cada missa, atualizando a paixão.
Na segunda carta de são Paulo aos Coríntios vemos que o apóstolo nos diz que temos um tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós. Esta belíssima página da Sagrada Escritura nos encoraja diante de tantas dificuldades que se apresentam na missão. Nós somos oprimidos, perseguidos e até abatidos,mas jamais destruídos;pois trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus, as marcas da paixão. Jamais devemos deixar de ter esperança; pois Ele prometeu que estaria conosco até o final dos tempos.

Rezemos com o Salmista: Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto. Os que lançam as sementes entre lágrimas ceifarão com alegria. Chorando de tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 2 Coríntios 4,7-15
Salmo:125/126
Evangelho: Mateus 20,20-28