Reflexão: Eis o meu servo, a quem eu escolhi, o meu muito amado.

O Verbo de Deus, Aquele que existe desde toda a eternidade, Aquele que é invisível, incompreensível, incorpóreo, o Princípio que procede do Princípio, a Luz que nasce da Luz, a fonte da vida e da imortalidade, Aquele que é a expressão fiel do arquétipo divino, o selo inamovível, a imagem perfeitíssima, a palavra e o pensamento do Pai (Hb 1,3), é o mesmo que vem em ajuda da criatura feita à sua imagem (Gn 1,27), e que por amor do homem se faz homem. Ele assume um corpo para salvar o corpo e une-se a uma alma racional por amor da minha alma. Para purificar aqueles a quem se tornou semelhante, fez-se homem em tudo exceto no pecado. Aquele que enriquece os outros faz-se pobre, aceitando a pobreza da minha condição humana para que eu possa receber as riquezas da sua divindade (2 Cor 8,9). Aquele que possui tudo em plenitude aniquila-se a Si mesmo, privando-se durante algum tempo da sua glória para que eu possa participar da sua plenitude. Por que tantas riquezas de bondade? Que significa para nós este mistério? Eu recebi a imagem divina, mas não soube conservá-la; agora Ele assume a minha condição humana, para restaurar a perfeição daquela imagem e conferir a imortalidade a esta minha condição mortal. Deste modo, estabelece conosco uma segunda aliança, mais admirável que a primeira. Convinha que o homem fosse santificado mediante a natureza assumida por Deus. Convinha que Ele triunfasse deste modo sobre o tirano que nos subjugava, para nos restituir a liberdade e nos reconduzir a si pela mediação de seu Filho. E Cristo realizou, de fato, para glória de seu Pai, esta obra redentora que era o objetivo de todas as suas ações. São