Reflexão da Solenidade de todos os santos

Amados irmãos e irmãs23167975_1484254601659760_6613661019023038827_n
“Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós”.
Quão bom é ouvir que depois dos 144.000 assinalados tem uma multidão que ninguém pode contar e esta multidão é constituída de gente de todas as tribos, línguas, raças e nações e estão diante do cordeiro… O dia em que lá nos encontrarmos será uma grande alegria poder ver estar com estes santos, ver nossos antepassados e viver a alegre expectativa de recepcionar os que vierem depois. Quais os indícios de Santidade em uma pessoa? Para alguns poderia ser a sobriedade, para outros a paciência, ou ainda a honestidade, a piedade, a humildade. Ainda iremos encontrar aqueles que realizam curas, milagres e prodígios e que saltam aos olhos da maioria como grande indicio de santidade e assim a santidade vai sendo colocada como algo acessível apenas para uma minoria privilegiada quando na verdade não foi isto que Jesus ensinou.
Quantos não são os santos canonizados pela Igreja que eram temperamentais, quantos não são os que não realizaram nenhum fato extraordinário, quantos morreram na adolescência ou ainda na infância. Ser santo é viver a realidade do dia a dia com os pés no chão nas alegrias e tristezas, sucesso e fracasso sem disfarçar e sem mascarar a realidade. Ser santo não é ser ator; afinal nossa vida não é uma peça teatral. Em todos os santos e santas de Deus se cumpre a Palavra do Senhor. À afirmação de Pedro: “Olha, deixamos tudo e te seguimos!”, que recompensa terão? Jesus responde: “Nessa vida perseguições e tribulações. Mas, depois, a vida eterna” É preciso, por fim, dizer que o que nos faz santos é a presença de Deus em nós. Acolher esta presença e deixar-se conduzir por ela, é o caminho da santidade e não aquilo que fazemos com esforço humano.
O Catecismo da Igreja Católica ensina-nos no §§ 946, 955-961 : depois de ter confessado a santa Igreja Católica, o Símbolo dos Apóstolos acrescenta a comunhão dos santos. Este artigo é, em certo sentido, uma explicitação do anterior: pois que é a Igreja, senão a assembleia de todos os santos? A comunhão dos santos é precisamente a Igreja. A comunhão da Igreja do céu e da terra: De modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo: mas antes, segundo a constante fé da Igreja, essa união é reforçada pela comunicação dos bens espirituais (Lumen Gentium, 49).
A intercessão dos santos: Os bem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade. A nossa fraqueza é, assim, grandemente ajudada pela sua solicitude fraterna. Não choreis que eu vos serei mais útil depois da morte e vos ajudarei mais eficazmente que durante a vida (São Domingos). Quero passar o meu céu a fazer o bem sobre a terra (Santa Teresinha do Menino Jesus). Na única família de Deus: Todos os que somos filhos de Deus e formamos em Cristo uma família, ao comunicarmos uns com os outros na caridade mútua e no comum louvor da Santíssima Trindade, correspondemos à íntima vocação da Igreja.
Resumindo: A Igreja é comunhão dos santos: esta expressão designa, em primeiro lugar, as coisas santas e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só corpo em Cristo. Este termo também designa a comunhão das pessoas santas em Cristo, que morreu por todos (2Cor 5,14), de modo que o que cada um faz ou sofre por Cristo e em Cristo reverte em proveito de todos.
Na primeira leitura do livro do Apocalipse a visão narrada por são João, fala dos santos aos quais é dedicado o dia de hoje; aqueles para os quais a perseguição funcionou como que um fortificante da fé e lhes deram a certeza do que realmente significa ser igual àquele que nos criou. A Igreja de Cristo possui muitos santos canonizados e a quantidade de dias do calendário não permite que eles sejam homenageados com exclusividade. A Igreja tem, também, muitos outros santos sem nome, que viveram no mundo silenciosamente e na nulidade, carregando com dignidade a sua cruz, sem nunca ter negado os ensinamentos de Jesus.
Enfim, santos são todos os que foram canonizados pela Igreja ao longo dos séculos e também os que não foram e nem sequer a Igreja conhece o nome e que nos precederam em vida na terra perseverando na fé em Cristo. Portanto, são mesmo multidões e multidões, porque para Deus não existe maior ou menor santidade. Ele ama todos do mesmo modo. O que vale é o nosso testemunho de fidelidade e amor na fé em seu Filho, o Cristo, e que somente Deus conhece.
Na segunda leitura da carta de João nos é dito que somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. O interessante e que muito nos alegra o coração é que em seguida se diz que seremos semelhantes a Deus e o veremos tal como Ele é. Isto significa retornar ao estado de graça em que homem e mulher foram criados; é verdadeiramente ser santo. Seremos semelhantes a Deus afinal de contas somos seus filhos e filho de peixe peixinho é.
Rezemos com o Salmista: Quem subirá até o monte do Senhor, quem ficará em sua santa habitação? Quem tem mãos puras e inocente coração, quem não dirige sua mente para o crime. Sobre este desce a bênção do Senhor e a recompensa de seu Deus e salvador. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Apocalipse, 7,2-4.9-14
Salmo: 23/24
2ª. Leitura: 1 João 3,1-3
Evangelho: Mateus 5,1-12