Reflexão: Aqui está quem é maior do que Jonas


Foi o próprio Jonas que pediu que o atirassem para fora do navio: Pegai em mim e lançai-me ao mar, disse (Jn 1,12), anunciando a Paixão voluntária do Senhor Jesus. Então porque foi que os marinheiros esperaram por essa ordem? Porque, embora a salvação de todos requeira a morte de apenas um, essa morte requer uma decisão livre da pessoa. Assim, nesta história em que a morte do Senhor é completamente prefigurada, espera-se pela vontade daquele que vai morrer, para que a sua morte não seja uma necessidade suportada, mas um ato de liberdade: Ninguém me tira, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho poder de oferecê-la e poder de retomá-la, diz o Senhor (Jo 10,18). Porque, se Cristo entregou o espírito (Jo 19,30), não foi porque a vida lhe tivesse fugido. Aquele que tem na mão as almas de todos os homens não poderia perder a sua. A minha vida está continuamente em perigo, mas não me esqueço da tua lei, diz o profeta (Sl 119,109); e noutra passagem: Nas tuas mãos entrego o meu espírito (Sl 31,6; Lc 23,46). São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo e doutor da Igreja no Sermão 3