Quinta Feira – 23ª. Semana comum

Amados irmãos e irmãs 

“Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam”.
Quando nos deparamos com este versículo é comum dizermos: isto é impossível! Podemos então argumentar que existe um modo fácil de cumprir este preceito, ou seja, não tenha inimigos e então poderá amar a todos indistintamente.
O grande erro de muitos cristãos católicos está justamente em querer buscar no conhecimento humano e no esforço pessoal a realização daquilo que Deus nos pede: amar. Só que tem um detalhe que não podemos esquecer, o amor é uma virtude teologal, ou seja, tê-la não depende de esforço humano, mas ela é dom de Deus; peçamos, pois o dom de amar.
Só o amor de Deus em nossos corações nos levará a praticar as atitudes propostas por Jesus no seu Evangelho como, por exemplo, perdoar, não julgar, dar a outra face, bendizer os que nos amaldiçoam, dar a túnica, etc.
O grande exemplo nos foi dado por Jesus quando do alto da Cruz e já sem forças exclama: “Pai, perdoai; pois eles não sabem o que fazem”! Imitemos, pois o Mestre!
São João Paulo II , na encíclica “Dives in Misericordia” § 3 no s ensina: “ Numerosas são as passagens do ensinamento de Cristo que manifestam o amor e a misericórdia sob um aspecto sempre novo. Basta ter diante dos olhos o bom pastor que vai em busca da ovelha tresmalhada (Mt 18,12ss; Lc 15,3ss), ou a mulher que varre a casa à procura da dracma perdida (Lc 15,8ss). O evangelista que trata de modo particular estes temas do ensino de Cristo é São Lucas, cujo Evangelho mereceu ser chamado de Evangelho da misericórdia.
Cristo, ao revelar o amor-misericórdia de Deus, exigia ao mesmo tempo dos homens que se deixassem guiar na própria vida pelo amor e pela misericórdia. Esta exigência faz parte da própria essência da mensagem messiânica e constitui a medula do “ethos” evangélico. O Mestre exprime isto mesmo, quer por meio do mandamento por Ele definido como o primeiro e o maior (Mt 22,38), quer sob a forma de bênção, ao proclamar no Sermão da Montanha: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7).
Deste modo, a mensagem messiânica sobre a misericórdia conserva sempre particular dimensão divino-humana. Cristo – cumprimento das profecias messiânicas –, ao tornar-se encarnação do amor que se manifesta com particular intensidade em relação aos que sofrem, aos infelizes e aos pecadores, torna presente e, desse modo, revela mais plenamente o Pai, que é Deus rico em misericórdia (Ef 2,4). Ao mesmo tempo, tornando-se para os homens modelo do amor misericordioso para com os outros, Cristo proclama com obras, mais ainda do que com palavras, o apelo à misericórdia, que é uma das componentes essenciais do “ethos” do Evangelho. Não se trata somente de cumprir um mandamento ou um postulado de natureza ética, mas também de satisfazer uma condição de capital importância para que Deus possa revelar-se na sua misericórdia para com o homem: os misericordiosos alcançarão misericórdia.
Na carta de são Paulo aos coríntios vemos que a caridade fraterna é a caridade para com os irmãos. Tanto em Corinto como hoje existem cristãos que provocam escândalos na comunidade e com isto afugenta os mais fracos e os neófitos. Acabam sendo causa de ruína espiritual. O mandamento do amor jamais será vivido em plenitude pelo esforço humano é preciso penetrar no mistério pascal de Cristo e deixar se envolver por Ele.
Rezemos com o Salmista: Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de longe penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, os meus caminhos vos são todos conhecidos. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1 Coríntios 8, 2-7.11-13
Salmo: 138
Evangelho: Lucas 6,27-38