Quinta Feira – 18ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs

“Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”.
Quem é Jesus? Esta pergunta ainda hoje ecoa forte nos corações humanos!
Jesus foi direto ao assunto que mais lhe interessava: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. A resposta de Pedro foi corretíssima “ Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! ”.
A questão é saber, de que Cristo Pedro estava falando. Por isso, em seguida, Jesus revela o sentido do seu messianismo, que irá se consolidar no sofrimento, na rejeição, na morte e ressurreição.
Na visão de Pedro o messianismo é aquele onde tudo vai dar certo e as coisas vão se resolver, as contas irão fechar, pois Jesus irá por ordem na casa, com o seu poder divino. Ninguém irá resisti-lo… Não é essa a ilusão que toma conta do coração de muitos cristãos em nossas comunidades? O Jesus do “tudo certo”, do “mar de rosas”, da “doce paz, da saúde, da prosperidade”, o Jesus da reviravolta, que só me dá vitória em cima de vitória, o Jesus que sempre me tira das dificuldades da vida. Esse não é o Jesus do Evangelho, mas o Cristo dos desiludidos!
Encontrar sempre respostas prontas, caminhos largos, problemas resolvidos, portas abertas, nunca foi e nem será uma característica do cristianismo.
Quem irá, nos dias de hoje, fazer marketing de um projeto que implique renúncia, cruz e sofrimento? Um projeto cuja proposta de Salvação seja pautada pelo desprezo á própria vida, deixando de lado até interesses particulares. Proposta de Salvação que não fale em vitória, em sucesso, em prosperidade, que não lota Igreja, não dá audiência. Qualquer marqueteiro da atualidade teria a mesma reação de Pedro e repreenderia Jesus… Onde já se viu começar um projeto prenunciando o fracasso da cruz?
Como Pedro às vezes de uma hora para outra depois de termos proclamado o senhorio de Jesus com nossa boca; pela mesma boca blasfemamos ou com nossa vida contra testemunhamos o que acabamos de professar. Vejam por exemplo a incoerência dos que pregam a pobreza e vivem na opulência; pregam mansidão e agem como leões; pregam a verdade e vive na farsa.
Quem quer a religião só da glória e do gozo celestial já aqui nesta terra, quem se esconde nas comunidades para não enfrentar os desafios, quem procura viver um cristianismo light, quem vive se iludindo com o Cristo criado pelo consumismo. Todos esses ouvirão naquele dia o mesmo que Pedro ouviu ”Afasta-te de mim Satanás, pois não pensas as coisas de Deus”.
O Catecismo da Igreja Católica §§ 1440-1443 nos ensina que o pecado é, antes de mais, ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é um atentado contra a comunhão com a Igreja. É por isso que a conversão traz consigo, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e Reconciliação. Só Deus perdoa os pecados (Mc 2,7). Jesus, porque é Filho de Deus, diz de si próprio: O Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados (Mc 2,10), e exerce este poder divino: Os teus pecados são-te perdoados (v. 5; Lc 7,48). Mais ainda: em virtude da sua autoridade divina, concede este poder aos homens para que o exerçam em seu nome (Jo 20,21s). Cristo quis que a sua Igreja fosse, toda ela, na sua oração, na sua vida e na sua atividade, sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que Ele nos adquiriu pelo preço do seu sangue. Entretanto, confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico. É este que está encarregado do ministério da reconciliação (2Cor 5,18). O apóstolo é enviado em nome de Cristo e é o próprio Deus que, através dele, exorta e suplica: Deixai-vos reconciliar com Deus (v. 20). Durante a sua vida pública. Jesus não somente perdoou os pecados, como também manifestou o efeito desse perdão: reintegrou os pecadores perdoados na comunidade do povo de Deus, da qual o pecado os tinha afastado ou mesmo excluído. Sinal bem claro disso é o fato de Jesus admitir os pecadores à sua mesa, (Mc 2,16), e mais ainda: de se sentar à mesa deles, gesto que exprime ao mesmo tempo, de modo desconcertante, o perdão de Deus, e o regresso ao seio do povo de Deus (cf. Lc 15; Lc 19,9).
Na leitura do livro Do profeta Jeremias vemos que o pecado da infidelidade tinha marcado existência e história do povo, mas Deus teve compaixão e os fez regressar como num novo êxodo. Esta profecia destaca a relação pessoal com Deus; pois se na antiga aliança as leis foram escritas em tábuas de pedra, agora são escritas no coração da pessoa. A lei de Deus será entendida na sua intenção de amor, porque a vontade de Deus é sempre vontade de amor. A lei de Deus não é para obrigar, mas para estabelecer uma relação de amor; onde se se aceita livre e voluntariamente.

Rezemos com o Salmista: Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Jr 31,31-34
Salmo: 50
Evangelho: Mateus 16,13-23