Quinta Feira – 17ª. Semana Comum

13626582_1033555133396378_5933898529001887692_nAmados irmãos e irmãs
“O Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie”. Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.
Mateus o autor deste evangelho o destina aos judeus convertidos e para eles, Jesus de Nazaré não poderia ser maior que Davi, Moisés e outros profetas não aceitavam que ele fosse o próprio Filho de Deus e muito menos que Deus se ocupasse de outros povos e nações que não Israel, raça eleita, Nação Santa. Ora peixes de todos os tamanhos e de todos os tipos significa que o reino é para todos
Na mesma linha de raciocínio da parábola do joio e do trigo vemos que o mundo é confuso, a barca é a figura da Igreja de onde se lança as redes (missões) e na rede tem de tudo: coisas boas, ruins e neutras. Mas não nos preocupemos, pois somente pessoas egoístas e fechadas a graça de Deus que recusam a Salvação, é que serão jogadas fora do Reino.
Ficamos a imaginar uma rede lançada nos poluídos rios da vida trazendo peixes bons, peixes ruins, pneus, garrafa pete, lixo, etc. O trabalho de selecionar não é fácil; aliás é muito perigoso; pois podemos cortar a mão com cacos de vidro, contaminar com algo, enfim é um risco só.
Ao olhar esta parábola não podemos jamais incorrer no erro de achar que nós consagrados ou membros do clero somos santos e àqueles para os quais vamos anunciar sejam pecadores contumazes necessitados de nossa ação.
Lembro-me de uma citação do Monsenhor Orlando que é fundador da Comunidade Missionária Providência Santíssima: “No meio dos vocacionados à vida religiosa e ao sacerdócio temos de tudo, às vezes é um fim de feira que tem desde alface murcha até tomate que todo mundo já apertou”. Enfim para compreender esta colocação basta lembrar que Deus assim usa destes pecadores para confundir aqueles que se julgam santos.
O papa Francisco disse na JMJRIO2013 que os maiores beneficiários da evangelização são os que evangelizam; ou seja, mais aprende quem ensina do que quem é ensinado. Assim é que o Evangelho vai afirmar que o doutor da lei que se torna discípulo do Senhor, passa a olhar para o Antigo Testamento a partir de Jesus e consegue separar coisas novas e velhas, pois com Cristo as escrituras antigas revelam seu verdadeiro e real sentido.
O papa Bento XVI na Encíclica Spe Salvi, §§ 45-46 nos diz:“ Com a morte, a opção de vida feita pelo homem torna-se definitiva; esta sua vida está diante do Juiz. A sua opção, que tomou forma ao longo de toda a vida, pode ter caracteres diversos. Pode haver pessoas que destruíram totalmente em si próprias o desejo da verdade e a disponibilidade para o amor; pessoas nas quais tudo se tornou mentira; pessoas que viveram para o ódio e espezinharam o amor em si mesmas. Trata-se de uma perspectiva terrível, mas algumas figuras da nossa mesma história deixam entrever, de forma assustadora, perfis deste gênero. Em tais indivíduos, não haveria nada de remediável e a destruição do bem seria irrevogável: é já isto que se indica com a palavra inferno. Por outro lado, podem existir pessoas puríssimas, que se deixaram penetrar inteiramente por Deus e, consequentemente, estão totalmente abertas ao próximo – pessoas em quem a comunhão com Deus orienta desde já todo o seu ser e cuja chegada a Deus apenas leva a cumprimento aquilo que já são. Mas, segundo a nossa experiência, nem um nem outro são o caso normal da existência humana. Na maioria dos homens – como podemos supor – perdura no mais profundo da sua essência uma derradeira abertura interior para a verdade, para o amor, para Deus.
No livro de Jeremias o profeta observa o trabalho do oleiro e o carinho com que modela seus vasos. Quando uma das peças dá trabalho ou apresenta defeito ele não joga fora, mas a desmancha e começa a modelar de novo. Jeremias vê em tudo isto uma visão divina, onde Deus sempre está a nos modelar e como diz uma antiquíssima canção: Eu quero ser Jesus amado como um vaso nas mãos do oleiro rompe-me a vida e faz-me de novo…
Rezemos com o Salmista: É feliz todo homem que busca seu auxílio no Deus de Jacó, e que põe no Senhor a esperança. O Senhor fez o céu e a terra, fez o mar e o que neles existe. Amém.
Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia
1ª. Leitura: Jr 18,1-6
Salmo: 145
Evangelho: Mateus 13,47-53