Quinta- Feira 13ª Semana Comum – Ano Impar 06/07/2017


Amados irmãos e irmãs
Muito reclamamos de Deus, pois queremos o que pedimos e não o que necessitamos.
Para melhor entendermos o que este Evangelho quer nos dizer precisamos atentar para o fato de que na antiguidade bíblica, a enfermidade está ligada ao pecado e por este motivo o paralítico incomodava a comunidade, pois era sinal de pecado.
Mais uma vez voltamos a insistir na comunidade como lugar de fazermos a experiência do amor de Deus. Fora da comunidade é impossível.
Jean Paul Vanier doutor em filosofia e fundador da Comunidade Arca na França em sua obra Comunidade lugar do perdão e da festa deixa bem claro que antes de fazermos tudo para os irmãos é preciso fazer tudo com os irmãos.
A comunidade glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. Que poder foi este? O poder de perdoar pecados. Através de um milagre visível exteriormente Jesus faz um milagre mais grandioso ainda que é interior e invisível, ou seja, Ele perdoa pecados.
Quantas vezes nos aproximamos de Jesus e pedimos mil e uma coisas desde saúde, emprego, casa, dinheiro, etc. Jesus vem hoje e nos diz: “Teus pecados estão perdoados”. Pode haver presente maior? Cremos que não, mas infelizmente alguns reclamam, pois querem o que pedem e não o que necessitam.
São João Crisóstomo bispo e doutor da Igreja em suas homilias sobre São Mateus, 29, 2 nos ensina: “ Os escribas defendiam que apenas Deus podia perdoar os pecados. Jesus, antes mesmo de os perdoar, revela o segredo dos corações, demonstrando assim que também Ele possuía esse poder reservado a Deus , porque está escrito: Só vós, Senhor, conheceis os segredos humanos (2Cr 6,30) e o homem vê o rosto, mas Deus vê o coração (1Sm 16,7). Jesus revela, portanto, a sua divindade e a sua igualdade com o Pai mostrando aos escribas o que lhes ia no fundo do coração e divulgando lhes pensamentos que eles não ousariam dizer em público com medo da multidão. E o faz com total doçura. O paralítico podia ter manifestado a sua incredulidade em Cristo dizendo-Lhe apenas: Muito bem! Vieste curar outra doença e sarar outro mal, o pecado. Que prova tenho eu de que os meus pecados são perdoados? Ora, não é nada disso que acontece; ele confia-se Àquele que tem o poder de curar. Cristo diz aos escribas: Que é mais fácil dizer: Os teus pecados te são perdoados, ou toma o teu catre e vai para tua casa? Dito de outra maneira: Que vos parece que é mais fácil? Restabelecer um corpo paralisado ou perdoar os pecados da alma? Evidentemente que é curar o corpo, uma vez que o perdão dos pecados ultrapassa essa cura, dado a alma ser superior ao corpo. Mas porque uma destas obras é visível, e a outra não, levarei a cabo precisamente a que é visível e menor, para assim comprovar a invisível e maior. E nesse momento, pelas suas obras, Jesus dá testemunho de ser Aquele que tira o pecado do mundo (Jo 1,29).
Uma das mais belas passagens do Gênesis é o que vemos hoje, ou seja, o oferecimento de Isaac. Notemos que povos de outras religiões sacrificavam seus próprios, mas os hebreus não; pois eles substituíam o sacrifício do filho pelo sacrifício de um animal; daí podermos dizer o tamanho da fé de Abraão; pois se fosse normal sacrificar um filho então Abraão seria mais um pai a praticar tal ato; mas não era este o caso. O outro ensinamento é que o nosso Deus é o Deus da vida.

Rezemos com o Salmista: Eu amo o Senhor, porque ouve o grito da minha oração. Inclinou para mim seu ouvido no dia em que eu o invoquei. O Senhor é justiça e bondade, nosso Deus é amor-compaixão. É o Senhor quem defende os humildes: eu estava oprimido, e salvou-me. Libertou minha vida da morte, enxugou de meus olhos o pranto e livrou os meus pés do tropeço. Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Gênesis 22,1-19
Salmo: 114/115
Evangelho: Mateus 9,1-8