Quinta Feira – 13ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs
Muito reclamamos de Deus, pois queremos o que pedimos e não o que necessitamos.
Para melhor entendermos o que este Evangelho quer nos dizer precisamos atentar para o fato de que na antiguidade bíblica, a enfermidade está ligada ao pecado e por este motivo o paralítico incomodava a comunidade, pois era sinal de pecado.
Mais uma vez voltamos a insistir na comunidade como lugar de fazermos a experiência do amor de Deus. Fora da comunidade é impossível.
Jean Vanier doutor em filosofia e fundador da Comunidade Arca na França em sua obra Comunidade lugar do perdão e da festa deixa bem claro que antes de fazermos tudo para os irmãos é preciso fazer tudo com os irmãos.
A comunidade glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens. Que poder foi este? O poder de perdoar pecados. Através de um milagre visível exteriormente Jesus faz um milagre mais grandioso ainda que é interior e invisível, ou seja, Ele perdoa pecados.
Quantas vezes nos aproximamos de Jesus e pedimos mil e uma coisas desde saúde, emprego, casa, dinheiro, etc. Jesus vem hoje e nos diz: “Teus pecados estão perdoados”. Pode haver presente maior? Cremos que não, mas infelizmente alguns reclamam, pois querem o que pedem e não o que necessitam.
São João Crisóstomo bispo e doutor da Igreja em suas homilias sobre São Mateus, 29, 2 nos ensina: “ Os escribas defendiam que apenas Deus podia perdoar os pecados. Jesus, antes mesmo de os perdoar, revela o segredo dos corações, demonstrando assim que também Ele possuía esse poder reservado a Deus , porque está escrito: Só vós, Senhor, conheceis os segredos humanos (2Cr 6,30) e o homem vê o rosto, mas Deus vê o coração (1Sm 16,7). Jesus revela, portanto, a sua divindade e a sua igualdade com o Pai mostrando aos escribas o que lhes ia no fundo do coração e divulgando lhes pensamentos que eles não ousariam dizer em público com medo da multidão. E o faz com total doçura. O paralítico podia ter manifestado a sua incredulidade em Cristo dizendo-Lhe apenas: Muito bem! Vieste curar outra doença e sarar outro mal, o pecado. Que prova tenho eu de que os meus pecados são perdoados? Ora, não é nada disso que acontece; ele confia-se Àquele que tem o poder de curar. Cristo diz aos escribas: Que é mais fácil dizer: Os teus pecados te são perdoados, ou toma o teu catre e vai para tua casa? Dito de outra maneira: Que vos parece que é mais fácil? Restabelecer um corpo paralisado ou perdoar os pecados da alma? Evidentemente que é curar o corpo, uma vez que o perdão dos pecados ultrapassa essa cura, dado a alma ser superior ao corpo. Mas porque uma destas obras é visível, e a outra não, levarei a cabo precisamente a que é visível e menor, para assim comprovar a invisível e maior. E nesse momento, pelas suas obras, Jesus dá testemunho de ser Aquele que tira o pecado do mundo (Jo 1,29).
Na leitura da profecia de Amós vemos que ele tinha despertado o ódio do sacerdote Amasias, que cansado das denúncias e ameaças do profeta, tenta liquidá-lo e sem esperar pela palavra do rei dá ordem de expulsão a Amós: “Sai daqui, vidente, foge para a terra de Judá e come lá o teu pão, profetizando” (v. 12). Estas palavras podem levar a pensar que Amós usasse a missão profética para sobreviver. Ele responde que não era profeta, nem filho de profeta, mas o Senhor o chamou e ordenou: ‘Vai, e profetiza ao meu povo de Israel’. Isto nos faz lembrar os dias atuais quando profissionais bem sucedidos e com altos salários deixam tudo para seguir Jesus e anunciar o seu Reino e depois acabam sendo acusados de estarem tirando proveito financeiro da pregação.

Rezemos com o Salmista: A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Am 7,10-17
Salmo: 18
Evangelho: Mateus 9,1-8