Quarta Feira antes da Epifania

Amados irmãos e irmãs26166000_1537138843038002_3463956585673433043_n
“ Eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar em água disse-me: Sobre quem vires descer e repousar o Espírito, este é quem batiza no Espírito Santo. Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus”.
“Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”. Nesta frase João Batista resume toda a missão salvífica de Jesus. Como Cordeiro da Nova Páscoa o seu sacrifício é definitivo e único e por isto supera o cordeiro pascal cujo sangue marcou os batentes das portas dos Hebreus no Egito. A libertação agora é plena e é dirigida a toda humanidade, ganhando a salvação um caráter universal.
Diante de Jesus que está vindo em sua direção, João reage em profundidade: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Palavras que se repetem seis vezes na celebração eucarística (2x na Glória, 3x depois da saudação da paz e a sexta vez, imediatamente antes da comunhão). João fala do “pecado do mundo” (em singular) e não dos “pecados do mundo” (em plural); mas o que é este “pecado”?
O pecado fundamental para João é não aceitar o Filho de Deus entre nós com todas as consequências que isso comporta (cf. Jo 16,8-9). Aceitar Jesus e seus ensinamentos leva a pessoa a viver na fraternidade e no amor.
Neste Evangelho de hoje há quatro afirmações cristológicas de suma importância: a preexistência do Verbo (v. 30; cf. vv. 1-3); Jesus é o Cordeiro de Deus, cujo sacrifício resgatou o ser humano para Deus (v. 29); ele é, ainda, aquele em quem o Espírito Santo permanece (vv. 32-33); e, finalmente, ele é o Filho de Deus (v. 34; cf. v. 18).
João foi a testemunha de Jesus; mas que é ser testemunha? Testemunha é a pessoa que teve a experiência direta de algum fato e que narra o que viu ou ouviu, ou alguém que observou um acontecimento e pode informar a respeito dele para provar, para acusar, ou para inocentar (Lv 5,1; Nm 5,13; Dt 17,6s etc.). Assim sendo nós como batizados somos convidados a ser testemunha de Cristo, mas para isto precisamos fazer este mesmo encontro que João fez e aí sim proclamar com palavras e com a vida que Ele é o nosso Cordeiro de Deus!
Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) carmelita e mártir em seu escrito “As Bodas do Cordeiro de 14/09/1940 nos diz que no Apocalipse, o apóstolo João escreveu: Eis o que eu vi: em frente do trono havia um Cordeiro, que se mantinha de pé e que estava como que imolado (Ap 5,6). Enquanto contemplava esta visão, uma lembrança se mantinha bem viva nele: a do dia inesquecível em que, na margem do Jordão, João Batista tinha designado Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Mas porque tinha o Senhor escolhido o cordeiro como seu símbolo por excelência? Porque se mostrava ainda sob esse aspecto no trono eterno da glória? Porque era inocente como um cordeiro e humilde como um cordeiro e porque tinha vindo para ser levado ao matadouro como um cordeiro (Is 53,7). Também isto tinha João contemplado quando o Senhor deixara que lhe atassem as mãos no Jardim das Oliveiras e se deixara pregar na cruz no Gólgota. No Gólgota, fora consumado o verdadeiro sacrifício da reconciliação. Os sacrifícios antigos tinham perdido a sua força e, tal como o antigo sacerdócio, acabaram logo que o Templo foi destruído. Tudo isto tinha sido vivenciado por João. Esta foi a razão pela qual ele não estranhou ver o Cordeiro no trono.
Como o Cordeiro devia ser morto para ser elevado ao trono da glória, também para todos os que são escolhidos para o banquete das bodas do Cordeiro (Ap 19,9) o caminho para a glória passa pelo sofrimento e pela cruz. Os que querem unir-se ao Cordeiro devem deixar-se pregar com Ele na cruz. Todos os que são marcados com o sangue do Cordeiro (cf Ex 12,7) – todos os batizados – são chamados a isso; mas nem todos entendem a chamada e nem todos o seguem.
Na leitura da primeira carta de são João podemos observar a grande promessa, ou seja, seremos como Ele é: … desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é.
Rezemos com o Salmista: Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai! Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa e da cítara suave! Aclamai, com os clarins e as trombetas, ao Senhor, o nosso rei! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1 João 2,29-3,6
Salmo: 97/98
Evangelho: João 1,29-34