Quarta Feira – 31ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs 

“Qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar”?
Jesus nunca prometeu facilidades. Ninguém pode dizer: Ah se eu soubesse que era assim… Ele nos avisou que quem não renunciar a tudo o que possui não poderia ser seu discípulo; pois iria passar vergonha. É preciso abraçar a cruz.
Assim como quem vai construir tem que calcular ou quem vai guerrear tem que conhecer as táticas do inimigo; quem pretende fazer-se discípulo de Jesus tem que avaliar se está em condições de levar adiante este projeto ou então acabará por abandoná-lo na primeira dificuldade.
Nas nossas comunidades encontramos de tudo senão vejamos:
– Temos aqueles que não calcularam direito conforme disse Jesus e aí depois de uma pseudo conversão, o fogo de palha se apaga e a pessoa abandona tudo e para não passar vergonha e se justificar saí culpando o padre, os agentes de pastoral, a estrutura da Igreja, etc.
– Temos aqueles que são eternos frustrados, ou seja, também não avaliaram o que seria servir Jesus e sua Igreja e aí para não passar vergonha não abandonam a Igreja, mas vivem falando mal de todo mundo e é um eterno espalhador de cizânia; conforme ensina a leitura de Paulo aos Filipenses vivem em murmurações e críticas destrutivas.
– Temos aqueles que até se apresentam felizes e realizados na frente do padre ou do bispo, mas na ausência destes…
– Felizmente temos aqueles que desprendidos de tudo vão servindo Jesus e a sua Igreja no mais puro anonimato e sequer são percebidos. São obedientes não ao padre ou ao coordenador de pastoral, mas sim são obedientes a Igreja (Palavra – Tradição e Magistério).
Estes últimos não obedecem por medo de serem castigados e muito menos por interesse em algum cargo ou benefício, mas sim obedecem por amor. Para estes não importa o erro do padre, do coordenador ou de qualquer outro agente, afinal ele sabe que não serve a estes, mas somente ao Senhor Jesus. Estes são perseguidos e incompreendidos e muitos os chamam de sem vergonha ou de compactuar com o erro, mas eles sabem o que fazem afinal planejaram e avaliaram que para servir Jesus teriam que passar por isto.
Santa Teresinha do Menino Jesus, carmelita e doutora da Igreja na Carta 197 de 1896/09/17 nos ensina: Minha querida irmã, como pode perguntar-me se lhe é possível amar o Bom Deus como eu o amo? Os meus desejos de martírio nada são, não são eles que me dão a confiança ilimitada que sinto em meu coração. Na verdade, as riquezas espirituais tornam-nos injustos, quando repousamos nelas com complacência e acreditamos que são algo grande. Eu sinto que o que agrada ao Bom Deus na minha alminha é Ele ver que amo a minha pequenez e a minha pobreza, é a esperança cega que tenho na sua misericórdia. Esse é o meu único tesouro. Ó minha querida irmã , perceba que, para amar Jesus, quanto mais fraco se é, sem desejos, nem virtudes, mais se está preparado para as operações deste Amor consumidor e transformador. O simples desejo de ser vítima já é suficiente, mas é preciso o consentimento para permanecer pobre e sem poder, e isso é difícil porque onde encontrar o verdadeiro pobre em espírito? Devemos procurá-lo longe, disse o salmista. Ele não diz que se deve procurar entre as grandes almas, mas longe, quer dizer, na baixeza, no nada. Permaneçamos, portanto longe de tudo o que brilha, amemos a nossa pequenez, amemos não sentir nada, e então seremos pobres em espírito e Jesus virá procurar-nos; por mais longe que estejamos, Ele nos transformará em labaredas de amor. Oh, como gostaria de poder fazer-lhe entender o que sinto! Só a confiança, e nada mais que a confiança, deve levar-nos ao Amor. O medo não leva à Justiça? (À justiça severa como a que se apresenta aos pecadores, mas não é esta justiça que Jesus terá para aqueles que O amam.) Uma vez que vemos o caminho, caminhemos juntas. Sim, eu sinto-o, Jesus quer dar-nos as mesmas graças, quer dar-nos gratuitamente o seu Céu.
Na leitura da carta de Paulo aos Filipenses vemos que o apóstolo exalta o ser obediente não só na presença, mas principalmente na ausência e tudo sem murmurações. Devemos tomar cuidado com a vida ambígua para que ao final não sejamos contados entre aqueles que correram em vão.
Rezemos com o salmista: Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida; saborear a suavidade do Senhor e contemplá-lo no seu templo! Amém

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

Leitura: Filipenses 2,12-18
Salmo: 27
Evangelho: Lucas 14,25-33