Quarta Feira – 19ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs

“Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão”.
Além de ganhar um irmão, talvez poucas pessoas fiquem sabendo do ocorrido. É preciso ter discernimento; para saber como, quando e onde fazer a correção.
Lembre se sempre que assim como Deus não desiste de nós, também não devemos desistir de nossos irmãos; por mais que eles errem.
Infelizmente às vezes em nossas comunidades quando alguém cai em erro temos aqueles que parecem sempre estarem de plantão para espalhar a notícia do erro cometido, se esquecendo de que isto é difamação. Quando arguidos dizem que falar a verdade não é pecado; mas lembro de que às vezes falar a verdade pode sim ser pecado dependendo do que existe por traz em termos de outros interesses.
A verdade que não produz amor, mas que provoca perturbação e desunião, que gera discórdias, não deve ser dita, não que se vá falar mentira, mas aqui a receita é o silêncio; aliás, dizem que por vezes o silêncio fala mais do que muitas palavras. São Francisco de Sales dizia: “Uma verdade que não é caridosa procede de uma caridade que não é verdadeira”.
Então como administrar os desentendimentos dentro da comunidade, fazer “vista grossa” e nos omitirmos também não é comportamento cristão e por isto o Evangelho de hoje nos ensina a correção fraterna.
Nós não praticamos a correção fraterna a partir da agressividade e da condenação imediata de quem errou. Antes de tudo devemos lembrar-nos de que hoje é o meu irmão que errou, mas amanhã com certeza poderá ser eu ou alguém que eu ame muito e aí com certeza, vou querer um tratamento com misericórdia, então vamos usar de misericórdia para com aquele que errou.
Este tipo de correção fortalece os vínculos; pois é como em uma família onde os irmãos também se desentendem, mas o amor entre eles sendo maior faz com que as “brigas e outras discussões” sejam relevadas; pois a família é mais importante; portanto a Comunidade também é importante e em nome dela o perdão deverá sempre prevalecer.
“… Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles”; neste versículo se exprime a certeza de que Deus está no meio da comunidade quando ela se reúne no seu nome. A presença de Jesus no coração de uma comunidade fraterna é o que qualifica a oração cristã. O grande ensinamento que podemos tirar deste versículo é que embora seja importante a oração pessoal; não podemos jamais prescindir de orar junto com os irmãos, isto é em comunidade; pois isto agrada o coração de Deus e Ele vem e se faz presente no meio de nós.

O Catecismo da Igreja Católica nos §§ 1444, 1449, 1484 ensina que ao tornar os Apóstolos participantes do seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor dá-lhes também autoridade para reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial do seu ministério exprime-se, nomeadamente, na palavra solene de Cristo a Simão Pedro: Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares na terra ficará ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra ficará desligado nos céus (Mt 16,19). Este mesmo encargo de ligar e desligar, conferido a Pedro, foi também atribuído ao colégio dos Apóstolos unidos à sua cabeça (Mt 18,18; 28,16-20) (Vat II, LG22).
A fórmula de absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo o perdão. Ele realiza a reconciliação dos pecadores pela Páscoa do seu Filho e pelo dom do seu Espírito, através da oração e do ministério da Igreja: Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Cristo age em cada um dos sacramentos. Ele se dirige pessoalmente a cada um dos pecadores: Meu filho, os teus pecados são perdoados (Mc 2,5); Ele é o médico que se inclina sobre cada um dos doentes com necessidade dele para os curar (cf Mc 2,17): alivia-os e reintegra-os na comunhão fraterna. A confissão pessoal é, pois, a forma mais significativa da reconciliação com Deus e com a Igreja.
No livro de Ezequiel vemos que o povo pensava que Deus havia ficado no templo em Jerusalém e aí o profeta lhes fala em tom dramático da destruição de Jerusalém e do templo, eles não entendem como poderia ser destruído se Deus lá estava. O ensinamento para o povo é de que Deus é Aquele que está sempre onde seu povo está, onde quer que se encontrem. Ele não se deixa encerrar num determinado espaço, e só não pode estar com aqueles que o recusam.
Rezemos com o Salmista: Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o nome do Senhor! O Senhor está acima das nações, sua glória vai além dos altos céus. Quem pode comparar-se ao nosso Deus, ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono e se inclina para olhar o céu e a terra? Amém.
Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia
1ª. Leitura: Ezequiel 9,1-7;10,18-22
Salmo: 112/113
Evangelho: Mateus 18,15-20