Quarta Feira – 14ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs
“Não ireis ao meio dos gentios nem entrareis em Samaria; ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel”.
Esta recomendação para que anunciem primeiro as ovelhas perdidas da Casa de Israel, evitando a cidade dos Samaritanos e a terra dos pagãos, locais estes onde a missão seria bem mais difícil pode querer nos ensinar para iniciarmos nossa missão pelas tarefas menos penosas e assim iremos adquirindo forças para enfrentar situações mais complicadas.
Também poderíamos inverter esta situação para dizer que anunciar para aqueles aos quais conhecemos é muito mais difícil. Basta olharmos quando queremos que nossos familiares se convertam. Outro detalhe que torna esta missão mais difícil é que com aqueles que convivemos as máscaras não funcionam, pois eles nos conhecem.
O poder concedido é o poder de Jesus, o Espírito Santo, força do Alto e só assim podemos participar da missão de Jesus; pois sem o Espírito Santo ninguém continua sendo missionário após as primeiras dificuldades.
Outro detalhe interessante de notar é que Jesus faz o envio não porque todos já estivessem super preparados, mas porque o povo necessitava (estavam perdidos como ovelha sem pastor). Aqui em nossa comunidade muitas vezes enviamos alguns ainda “verdes”, mas a missão grita para que enviemos operários. Tomamos toda cautela e assim como Jesus enviamos para missões supostamente mais próximas e fáceis e sempre iam acompanhados de alguém mais experiente.
Jesus quis neste primeiro envio contar com a ajuda do ser humano a quem fez apóstolos, discípulos e companheiros. Ao longo de toda história do cristianismo esta máxima não mudou; pois Ele continua a chamar para compartilhar a missão e os chamados de hoje somos todos nós batizados.
Na Carta encíclica “Redemptoris Missio” do beato João Paulo II está escrito: “ O homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres, mais na experiência do que na doutrina, mais na vida e nos fatos do que nas teorias. O testemunho de vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão: Cristo, cuja missão nós continuamos, é a testemunha por excelência. (Ap 1,5. 3,14) e o modelo do testemunho cristão. A primeira forma de testemunho é a própria vida do missionário, da família cristã e da comunidade eclesial, que torna visível um novo estilo de comportamento. O missionário que, apesar dos seus limites e defeitos humanos, vive com simplicidade, segundo o modelo de Cristo, é um sinal de Deus e das realidades transcendentes. Mas todos na Igreja, esforçando-se por imitar o divino Mestre, podem e devem dar o mesmo testemunho que é, em muitos casos, o único modo possível de se ser missionário. O testemunho evangélico a que o mundo é mais sensível é o da atenção às pessoas e o da caridade a favor dos pobres, dos mais pequenos, e dos que sofrem. A gratuidade deste relacionamento e destas ações, em profundo contraste com o egoísmo presente no homem, faz nascer interrogações precisas, que orientam para Deus e para o Evangelho. O compromisso com a paz, a justiça, os direitos do homem, a promoção humana é também um testemunho do Evangelho, caso seja um sinal de atenção às pessoas e esteja ordenado ao desenvolvimento integral do homem”.
Na leitura da profecia de Oséias, ele insiste na denúncia da infidelidade de Israel, recorrendo à imagem da vinha onde Israel é semelhante a um agricultor que, tendo enriquecido com os produtos da sua vinha, descambou para o materialismo, para o esquecimento de Deus, e para a idolatria. Precisamos em nosso dia a dia tomar cuidado para que os frutos que produzirmos seja para a glória do Senhor e não para nós mesmos.

Rezemos com o Salmista: Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face! Lembrai as maravilhas que ele fez, seus prodígios e as palavras de seus lábios! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Os 10,1-3.7-8.12
Salmo: 104
Evangelho: Mateus 10,1-7