Quarta Feira – 13ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs
O Evangelho de hoje nos mostra a cena que pretende descrever um encontro de Jesus com os pagãos, dominados pelas forças do mal, que são habitantes de Gádara que não crêem e rejeitam-no.
A imagem dos sepulcros, a força de Jesus diante dos demônios e a sua “fraqueza” diante dos homens faz desta cena o claro reflexo de uma meditação sobre a paixão, incluindo a rejeição pelos homens, bem expressa no pedido dos gadarenos para que Jesus se retire da sua cidade.
A grande lição a extrair desta passagem é a de que não há lugar para o poder do maligno onde entra o poder salvífico de Deus. É o mal que há dentro de nós e o mal que há no mundo. É o mal dentro da Igreja e fora dela. É o mal entre os líderes da Igreja e entre os seus membros. E Jesus continua sendo forte, e nós com Ele. E no Pai Nosso pedimos sempre a Deus: “Livrai-nos do mal”.
Será que somos como os gadarenos que desaprovam a presença de Jesus Cristo, o libertador de nossos males? Que lugar ocupa Jesus nossa vida e que lugar ocupam os bens materiais na nossa vida. Os gadarenos preferem perder Jesus a perder seus bens (porcos). Precisamos pedir a Jesus que nos liberte das cadeias que nos atam, dos males que nos possuem, das debilidades que nos impedem de uma marcha ágil em nossa caminhada cristã. E temos nos esforçar para corrigir nossos erros. Não corrigir os nossos erros é uma maneira de cometer novos erros.
A Constituição sobre a Igreja no mundo contemporâneo «Gaudium et spes», § 13 nos ensina que: Estabelecido por Deus num estado de santidade, o homem, seduzido pelo maligno, logo no começo da sua história abusou da própria liberdade, levantando-se contra Deus e desejando alcançar o seu fim fora dele. Tendo conhecido a Deus, não lhe prestou a glória a Ele devida, mas o seu coração insensato obscureceu-se e ele serviu a criatura, preferindo-a ao Criador (Rm 1,21ss). E isto que a revelação divina nos dá a conhecer concorda com os dados da experiência. Quando o homem olha para dentro do próprio coração, descobre-se também inclinado para o mal, e imerso em muitos males, que não podem provir do seu Criador, que é bom. Muitas vezes, recusando reconhecer Deus como seu princípio, perturbou também a devida orientação para o fim último, e simultaneamente toda a sua ordenação, quer para si mesmo, quer para os demais homens e para toda a criação. O homem encontra-se, pois, dividido em si mesmo. E assim, toda a vida humana, quer singular quer coletiva, se apresenta como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. Mais: o homem descobre-se incapaz de repelir por si mesmo as arremetidas do inimigo, sentindo-se como que preso com cadeias. Mas o Senhor em pessoa veio libertar e fortalecer o homem, renovando-o interiormente e lançando fora o príncipe deste mundo (cf Jo 12,31), que o mantinha na servidão do pecado. Porque o pecado diminui o homem, impedindo-o de atingir a sua plena realização. A sublime vocação, bem como a profunda miséria que os homens em si mesmos experimentam, encontra a sua explicação última à luz desta revelação.
Na leitura do profeta Amós nos é ensinado que o culto sem justiça é um culto sem verdade. É mentira e hipocrisia, que não só não agrada, mas ofende ao Senhor. Os sacrifícios agradam a Deus, quando os que os oferecem respeitam a equidade e a justiça. Deus exige coerência entre o culto e a vida. O profeta nunca aceita a separação entre o culto e vida real e denuncia o culto meramente exterior, sem coerência de vida. Deus nos diz: “Detesto e rejeito as vossas festas; e não sinto nenhum gosto nas vossas assembleias (v. 22)”. Também o culto cristão não se pode limitar a assistir passivamente à Eucaristia, ela encerra um extraordinário dinamismo de amor. Não faz sentido ir à missa sem se deixar envolver por esse dinamismo, sem, como Jesus, nos pormos generosa e humildemente ao serviço dos outros. Celebrar a Eucaristia é pôr-se ao serviço de Deus, para que Ele nos ponha ao serviço dos irmãos.

Rezemos com o Salmista: Escuta, ó meu povo, eu vou falar; ouve, Israel, eu testemunho contra ti: Eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus! Eu não venho censurar teus sacrifícios, pois sempre estão perante mim teus holocaustos; não preciso dos novilhos de tua casa nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos. A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Amós 5, 14-15. 21-24
Salmo: 49 
Evangelho: Mateus 8, 28-34