Papa na Geórgia: Pe. Spadaro, missão pela unidade

O Papa Francisco partirá, amanhã (30/09), para a sua 16ª viagem apostólica internacional que o levará à Geórgia e ao Azerbaijão, no Cáucaso.

A nossa emissora entrevistou o Diretor da revista jesuíta ‘La Civiltà Cattolica’, Pe. Antonio Spadaro, sobre a etapa do pontífice na Geórgia. O jesuíta acompanhará o Papa em sua nova missão.

Pe. Spadaro: “Será uma viagem importante porque completará a visita ao sul do Cáucaso que é uma ferida aberta, ou seja, um lugar de riqueza enorme, sobretudo em relação ao cristianismo, mas também um lugar que viveu e vive até agora grandes conflitos por causa de interesses econômicos e políticos. O Papa ama estar presente nos lugares em que há feridas abertas que devem ser curadas. A dimensão da Igreja como hospital de campanha significa também a dimensão terapêutica de Jesus. O Papa irá a um lugar que é também um poço de história cristã. Há uma vida monástica ativa, mas não faltam problemas, pois as relações com a Igreja ortodoxa são complexas. A Igreja Ortodoxa na Geórgia não reconhece como válido, por exemplo, o Batismo realizado pelos católicos, não obstante haja um trabalho constante e contínuo de relações. Portanto, a presença do Papa significa também uma mensagem muito clara de unidade dos cristãos, fazendo apelo a essas raízes profundas que a Geórgia custodia com zelo. No fundo, a cultura e a própria língua do povo foram plasmadas pelo cristianismo. Outro elemento que considero muito importante é o fato de que esta é uma área de confim. Obviamente, diremos Ásia, mas ao mesmo tempo é claro que existe uma cultura que se refere claramente à Europa. Neste sentido, será uma viagem interessante às raízes cristãs da Europa.”

Portanto, uma viagem entre dificuldades, desafios, questões políticas, geopolíticas, religiosas e culturais. Em relação aos possíveis desdobramentos, o senhor por ocasião da viagem do Papa à Armênia falou sobre “diplomacia da misericórdia”…

Pe. Spadaro: “Penso, sem dúvida, que a viagem do Papa será um estímulo a crescer melhor, de maneira mais harmoniosa dentro da relação entre cristãos, de um lado, e entre cristãos e mundo civil e político, de outro. Quando o Papa visita os países se dirige a todos. Por outro lado, ajudará também a viver melhor as tensões que até agora subsistem e que são muito visíveis como, por exemplo, os muitos refugiados que vêm das áreas de confim entre a Geórgia e Rússia.”

O senhor observou se existe uma expectativa por essa visita, um interesse?

Pe. Spadaro: “Notei um grande interesse sobretudo dos jovens. Tive a oportunidade de falar sobre esse tema, sobre o significado das viagens do Papa. Tocou-me a presença interessante de jovens ortodoxos. A partir disso, se compreende que a sociedade está em evolução. O Patriarca Elias II é uma figura histórica que representa a passagem da situação soviética para a situação atual. Existe quase a expectativa de um futuro para a Igreja na Geórgia que provavelmente deve ser repensado e a geração que vive essa fermentação é muito interessada na viagem do Papa.”

Paz e fraternidade são as palavras que nos conduzirão nestas duas etapas. O senhor acha que devemos prestar atenção em quais gestos que o Papa fará?

Pe. Spadaro: “Isso é difícil prever. O Papa está muito atento à história. Significa concretamente que está também atento ao que acontece durante as suas visitas. Isso o faz mudar às vezes as palavras a serem ditas ou os gestos a cumprir. Por outro lado, os gestos, os abraços, tudo o que significa ponte, que simbolicamente representa o encontro com a realidade, homens e Igrejas, têm um valor absolutamente relevante que supera o conteúdo verbal. O próprio Papa disse que, no final, o que é importante não são os documentos oficiais, mas os encontros, os abraços.”

Por Rádio Vaticano