Memória do Imaculado Coração de Maria 29/06/2019


Amados irmãos e irmãs
Quando perdemos Jesus ficamos preocupados como Maria e José?
Maria e José o perdem fisicamente e nós hoje o perdemos espiritualmente quando nos entregamos deliberadamente ao pecado.
O relato de Jesus no Templo, aos doze anos, idade em que Jesus assume as obrigações legais tornando-se “filho do preceito”, é a transição dos relatos da infância para o relato do seu batismo e de toda a sua missão.
Como autênticos judeus, Jesus e Maria costumavam ir anualmente visitar o Templo de Jerusalém. Era sempre uma alegria essa viagem e iam em caravanas como hoje muitos de nós vamos aos santuários em romarias.
Jesus estava em idade de transição, ou seja, doze anos e então vale lembrar que Ele poderia estar junto a um grupo de crianças, com as mulheres ou com os homens, pois com doze anos já era um rapazinho e é justamente por isto que aceitamos a alternativa da perda de Jesus não por falta de zelo dos pais, mas por terem imaginado que estava em um desses grupos.
Aqui a Virgem Santíssima nos dá uma grande lição. Sabemos que perder a amizade com Jesus é cair em pecado mortal. É então que se dá algo similar a essa perda de Jesus. Maria nos ensina o que fazer: procurá-Lo imediatamente, pois tudo é nada sem Ele. Esta deveria ser a nossa atitude toda vez que o perdemos pelo pecado mortal. Para encontrá-lo não medir esforço e procura-lo no templo que é a Igreja deixada por Jesus onde encontraremos o sacramento da reconciliação.
Ao encontra-lo vemos que a resposta de Jesus mostra à Sua Mãe que Deus merece a absoluta primazia.
Outro detalhe interessante a ressaltar é que já nesta época surgia a perigosa crença (que anos mais tarde deu lugar a uma heresia chamada “adocionismo”, por sustentar que Jesus não foi Filho de Deus desde sempre, mas por uma “adoção” posterior ocorrida no Batismo) e talvez por isto Lucas tenha colocado este acontecimento que deixa claro que Jesus era o Filho de Deus.
Ariel Álvarez Valdés, sacerdote argentino e biblista nos diz algo muito interessante sobre esta passagem senão vejamos:
CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA
1. O menino Jesus perde-se em Jerusalém. E Jesus morrerá em Jerusalém.
2. O menino Jesus perde-se numa festa da Páscoa. E Jesus morrerá numa festa da Páscoa.
3. O menino Jesus perde-se durante três dias até o voltarem a encontrar. Jesus, ao morrer, desaparecerá três dias até voltarem a encontrá-lo.
4. Para se perder em Jerusalém, o menino Jesus teve que “subir” da Galileia. Para morrer em Jerusalém, Jesus teve que “subir” da Galileia (Lc 18,31).
5. Perante a angústia de seus pais, o menino Jesus diz-lhes que a sua perda “é necessária”. Perante a angústia dos seus discípulos, Jesus diz-lhes que a sua morte “é necessária” (Lc 9,22; 13,33).
6. Quando Jesus explica porque razão se “perdeu”, seus pais não compreenderam as palavras que lhes disse. Quando Jesus explica o porquê da sua paixão, os seus discípulos não compreenderam estas palavras (Lc 9,45).
7. Quando se perde, Jesus repreende os seus pais: Porque me procuráveis? Quando Jesus morre, repreendem as mulheres que o procuram: Porque buscais o Vivente entre os mortos? (Lc 24,5)
8. O menino diz que se perde para estar com seu Pai. Jesus, ao morrer, entrega o seu espírito ao Pai (Lc 23,46).
Nós temos o mesmo Pai, e, portanto os mesmos assuntos e urgências que Jesus, e que não podem esperar sempre até amanhã. Contudo, que pouco nos ocupamos das coisas de Deus: do amor, do respeito, da caridade para com os mais necessitados, da solidariedade, do perdão. Deixamos tudo para amanhã. Demasiadas protelações, para quando tivermos tempo… Um tempo que talvez nunca chegue.
Devemos começar a ocupar-nos já das coisas de Deus. Foi a grande lição que Jesus nos deixou, quando apenas tinha doze anos.

Rezemos com o Salmista: É o Senhor quem dá a morte e dá a vida, faz descer à sepultura e faz voltar; é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico, é o Senhor quem nos humilha e nos exalta. O Senhor ergue do pó o homem fraco, do lixo ele retira o indigente, para fazê-los assentar-se com os nobres num lugar de muita honra e distinção.

Reflexão feita Pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Isaías 61,9-11
Salmo: 1Sm 2
Evangelho: Lucas 2,41-51