Imagem da Igreja Futuraa


A Virgem Maria, imagem da Igreja futura que guia e sustenta a esperança do teu povo (Prefácio). Ó Mãe de Deus, sempre virgem, a tua sagrada partida deste mundo é verdadeiramente uma passagem, uma entrada na morada de Deus. Saindo deste mundo material, entras numa pátria melhor (Hb 11,16). O céu acolheu com alegria a tua alma: Quem é esta, que surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol? (Cant 6,10) O rei introduziu-te nos seus aposentos (Cant 1,4) e os anjos glorificam aquela que é a Mãe do seu próprio Senhor, por natureza e em verdade, segundo o plano de Deus. Os apóstolos levaram o teu corpo sem mancha, o teu corpo, verdadeira arca da aliança, e depositaram-no no seu santo túmulo. E aí, como que passando outro Jordão, tu chegaste à verdadeira Terra prometida, à Jerusalém lá do alto (Gl 4, 26), de que Deus é arquiteto e construtor. Porque a tua alma não desceu à habitação dos mortos, nem a tua carne conheceu a decomposição (At 2,31; Sl 15,10). O teu corpo puríssimo, sem mácula, não foi abandonado à terra, antes foste elevada até à morada do Reino dos Céus, tu, a Rainha, a Soberana, a Senhora, a Mãe de Deus, a verdadeira Theotokos. Hoje aproximamo-nos de ti, a nossa Rainha, Mãe de Deus e Virgem; voltamos a nossa alma para a esperança que és para nós. Queremos honrar-te com salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef 5,19). Ao honrar a serva, exprimimos a nossa ligação ao nosso Senhor comum. Lança os teus olhos sobre nós, ó Rainha, Mãe do nosso bom Soberano; guia o nosso caminho até ao porto sem tempestades do desejo bom de Deus.
São João Damasceno (c. 675-749), monge, teólogo, doutor da Igreja na 1.ª Homilia sobre a Dormição, 11-14.