Festa de São Tomé Apóstolo – 03/07/2019


Amados irmãos e irmãs
“Creste, porque me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!”
A fé é o já possuir o que se espera! Quem são os que creram sem ter visto? Somos todos nós que não vimos a humanidade de Jesus, mas cremos, conforme nos ensina São Gregório Magno em suas homilias sobre os Evangelhos 25,7-9 PL 76…
O que devemos fazer a são Tomé não é uma crítica, mas sim um elogio, pois ele foi sincero, foi honesto e disse o que seu coração sentia. Ele não fingiu que acreditava só para agradar ou acompanhar a maioria dos apóstolos; ele não foi falso diante de Deus como são muitos dos que hoje estão na Igreja.
Cremos que o ensinamento mais importante deste Evangelho é que para crer na ressurreição é preciso participar e estar na comunidade. Quem está afastado ou fora não faz o encontro e a experiência com o ressuscitado; pois é na comunidade que vivemos e celebramos aquilo que cremos.
A fé nasce da experiência de amor que fazemos na comunidade onde nos doamos uns aos outros e assim embora não vendo o ressuscitado podemos testemunhá-lo com sinais deste amor doação.
Tomé significa gêmeo e é o que poderíamos chamar de realista ao extremo. Tomé é como aquele aluno da sala de aula que quando o professor explica algo e ninguém entende, mas ninguém tem coragem de perguntar por parecer óbvio a resposta. Este aluno vai e pergunta; assim aconteceu em Jo 14,1-6, quando Jesus disse que eles conheciam o caminho e ninguém perguntou nada como se tivessem entendido, mas diante do óbvio Tome pergunta: como podemos conhecer o caminho e Jesus então esclarece: Eu sou o caminho, a verdade e a vida…
A comunidade deve ter uma fé madura, que não exige sinais extraordinários para perceber Jesus nela. Todos nós passamos por crises de fé, ninguém crê simplesmente por crer. Os apóstolos quando viram Jesus na cruz decidiram: “Isto foi um erro; vamos todos para casa, voltemos para o lago, para Emaús, para as redes e para os barcos”. Os outros talvez tivessem a mesma dúvida de Tomé, mas lhes faltou a coragem de falar e assim podemos dizer que Tomé falou por todos. A nossa fé não pode ser de gente boba e ingênua, irracional e simples que nada questiona. Como Tomé nos propõe Cristo? Propõe-nos Cristo como um Senhor que vive… “com as feridas”. Nem sequer através de milagres chamativos. Reconhecemos Jesus… Pelas suas feridas. Você, que duvida, venha ao que não duvida: quem duvida de Deus, venha a Deus, que não duvida do homem! As dúvidas preciosas de Tomé obtiveram de Jesus aquela bela notícia: “Felizes os que creem sem terem visto!” E estes somos todos nós!
São Pedro Crisólogo bispo e doutor da Igreja em seu sermão 84; PL 52, 438 nos ensina: “Porque procura Tomé provas da sua fé? O vosso amor, irmãos, teria gostado que, após a ressurreição do Senhor, a falta de fé não deixasse ninguém na dúvida. Mas Tomé trazia no coração, não só a sua própria incerteza, mas a de todos os homens. Já que teria de pregar a ressurreição às nações, queria saber, como bom trabalhador, sobre que fundamentos poderia edificar um mistério que exige tanta fé. E o Senhor mostrou a todos os apóstolos aquilo que Tomé pedira: “veio Jesus e mostrou-lhes as mãos e o lado” (Jo 20,19-20).
Santo Agostinho bispo e doutor Sermão 88, 2 nos ensina: na sua fraqueza, os discípulos vacilaram a tal ponto que, não se contentando em ver o Senhor ressuscitado, quiseram ainda tocar-lhe para nele crerem. Não lhes bastou ver com os seus próprios olhos, fizeram questão de aproximar as mãos das suas e de tocar as cicatrizes das suas feridas recentes. Foi depois de sentir e de confirmar essas cicatrizes que o discípulo incrédulo exclamou: Meu Senhor e meu Deus! Eram as cicatrizes daquele que curava todas as feridas dos outros: não poderia o Senhor ter ressuscitado sem elas? Mas quis mantê-las no seu corpo para com elas curar as feridas que via no coração dos seus discípulos. E que respondeu o Senhor à confissão da fé do discípulo que disse: Meu Senhor e meu Deus? Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto. De quem falará o Senhor senão de nós, irmãos? E não só de nós próprios, mas de todos aqueles que virão depois de nós, uma vez que, logo após Ele se ter apartado do olhar dos mortais para assim lhes fortificar a fé no coração, todos os que vieram depois a converter-se creram sem terem visto, o que só lhes aumenta o mérito da fé: em vez de aproximarem do Senhor a mão que queria tocar-Lhe, foi o coração ardente que dele aproximaram.
Na carta de são Paulo aos Efésios, lemos que já não somos hóspedes nem peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus. Como precisamos tomar posse dessa palavra e não mais nos sentirmos como se estranhos fôssemos à casa daquele que é o nosso pai.

Rezemos com o Salmista: Ide por todo o mundo, a todos pregai o Evangelho. Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o! Pois comprovados é seu amor para conosco, para sempre ele é fiel!

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Efésios 2,19-22
Salmo: 116/117
Evangelho: João 20,24-29