DIÁCONO: O SERVIÇO QUE REQUER O REBAIXAMENTO!

13886444_1042448409173717_8276748472114960239_nA palavra Diaconia, do grego, que significa servir, nasceu ainda em forma embrionária na Igreja primitiva, conforme relato de Lucas em Atos 6. Muito pouco se fala no Novo Testamento dos sete primeiros Diáconos da nossa Igreja, a não ser Estevão, o protomártir, e Felipe, que após a expulsão dos cristãos das sinagogas, saiu pregar na Samaria e depois em outras regiões, inclusive sendo ele o grande articulador do Cristianismo no mundo grego. A Diaconia, que começou com o autêntico espírito de serviço, foi passando por transformações no seio da igreja e entre os séculos segundo e terceiro, o Diácono era papel de destaque enquanto principal colaborador do Bispo, que por aquele tempo era quem presidia a “Fração do Pão”, ou em uma linguagem de hoje, só o Bispo é que celebrava missa. E assim a diaconia, cada vez mais foi tendo destaque no serviço do altar e na administração dos bens terrenos da Igreja e daí, a concorrência, a busca de poder, contaminou o Diaconato que ao final do século IV despareceu por completo da nossa Igreja.
Foi o Concílio Vaticano II que restaurou o Diaconato Permanente fazendo com que a Diaconia fosse resgatada, deixando de ser apenas um ministério transitório, para ser um Sinal Sacramental do Serviço. O Diaconato Permanente é um Sinal Sacramental de todas as diaconias presentes em nossas comunidades, não há distinção entre a diaconia leiga e a do Diácono, uma supõe a outra, uma sinaliza e torna a outra autêntica em si mesma.
O evangelho de João ao falar do grão de trigo, aponta para aquilo que é essencial no Diaconato: o morrer para si mesmo, esvaziar se de qualquer ambição, glória ou poder, servir com alegria, generosidade e grande disposição. Morrer para si mesmo é não clericalizar-se em excesso, não fazer questão de qualquer honraria ou distinção, por causa do ministério, morrer para si mesmo é anunciar a Palavra e esquecer-se de si mesmo. Morrer para si mesmo é não olhar para o Presbítero com um ar inferior, e nem tão pouco olhar para o leigo com um ar superior.
Morrer para si mesmo é manter a serenidade em toda e qualquer situação, é ser paciencioso e compreensivo com quem quer que seja, é não fazer uso da sua autoridade clerical, para dominar, se impor, ou obter qualquer benefício. Morrer para si mesmo é abrir mão de celebrações da Palavra pomposas, onde se exalta o próprio ego, é priorizar as comunidades pobres de bairros distantes, com as quais o Cristo a quem se serve, se identifica mais.
Enfim, o Diaconato é um tesouro inestimável pertencente ao Senhor, que se permite guardá-lo na insignificância dos modestos vasos de barro, que são os Diáconos. E que São Lourenço ajude a todos quantos imerecidamente receberem esse Santo Sacramento, a manter incólume tal tesouro, pertencente ao Senhor, e que refulge o seu maior brilho no amor que se traduz em serviço, na dimensão da Palavra, da Liturgia e da Caridade, colunas mestras que dão sustentabilidade a toda e qualquer Diaconia.
Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP