Dia 9 de junho: Festa Nacional de São José de Anchieta

1390569794-Anchieta-BlogSão José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, a quem tanto deve nossa Nação e a Evangelização de nosso Povo, nasceu nas Ilhas Canárias no dia 19 de março, festa de São José, no ano de 1534.

Acabando seus estudos junto aos padres dominicanos, seus pais resolveram enviá-lo à Universidade de Coimbra, a fim de estudar o que, naquele tempo, se denominava artes: latim, filosofia e outras matérias.

Já na Universidade, Anchieta deixou transparecer sua inteligência e pendor para o teatro, além de sua santidade. Registra-se nessa época sua primeira luta interior que o levou a pedir socorro à Virgem Maria e fazer seu voto devocional de castidade.

Mais tarde, ao se encontrar com os jesuítas, decidiu entrar na Companhia de Jesus. Ouvindo as leituras das cartas dos missionários São Francisco Xavier e Manoel da Nóbrega, sentiu grande inclinação para ser missionário, e a Providência divina o agraciou com uma doença que o trouxe para o Brasil, com o objetivo de aqui encontrar cura.

Chegando ao Brasil, Anchieta se encantou com a natureza e, mais ainda, com os povos que aqui habitavam. Com espírito missionário, dedicou muita atenção às conversas aos interesses dos nossos aborígenes. Transformou os sons emitidos pelos indígenas em letras e palavras e deu à língua Tupi uma gramática e um vocabulário. Isso facilitou o trabalho evangelizador de seus companheiros de missão; por outro lado, vendo o fascínio que as danças e cantos exerciam sobre os habitantes da terra, criou peças de teatro que divertiam e, ao mesmo tempo, os catequizavam. Também sua prática em gastar tempo com os curumins proporcionava uma evangelização indireta aos indígenas adultos.

Sua juventude, plena de santidade, fez com que sua presença no Colégio São Paulo de Piratininga atraísse as famílias, tanto indígenas, como brancas, a construírem suas residências ao redor do colégio. Essa atração possibilitou o crescimento da população no entorno das obras, e a vizinhança foi crescendo, se transformando em povoado, vila, cidade e hoje a grande megalópole chamada São Paulo.

Mais tarde, seu espírito pacificador o fez oferecer-se como refém dos Tamoios, em Iperoig, hoje, cidade de Ubatuba. Ali, durante três meses, sem a presença de nenhum sacerdote, sem missa, sem possibilidade alguma de trocar ideias com alguém de sua cultura, Anchieta foi inúmeras vezes ameaçado de morte e sentiu a fragilidade da carne. Como era tentado pelas índias, mais uma vez pediu socorro a Maria e prometeu se sobrevivesse casto, escreveria um belo poema em sua honra. Homem de fé, não esperou o dia da libertação, mas imediatamente começou a redigir o poema.

Também nosso herói, sim porque São José de Anchieta é herói do Brasil. Seu nome foi inscrito no livro de aço que se encontra no Altar da Pátria, em Brasília, por ter-se empenhado para que nosso país conservasse sua unidade territorial e linguística. Ao ser enviado para a ordenação sacerdotal em Salvador, Anchieta passou pelo Rio de Janeiro e viu a fragilidade da nova cidade. Recebeu dos governantes a incumbência de pedir reforços ao Governador Geral e trazer esses auxílios. De volta, já sacerdote, passou pela Capitania do Espírito Santo e motivou os índios Temiminós a irem com ele até a cidade do Rio.

Realizou-se o confronto, e os Tamoios e Franceses foram expulsos. O Rio de Janeiro se consolidou, e o Brasil se unificou, passando a professar uma só fé.

São José de Anchieta foi agraciado por Deus com muitos outros atributos. Temos o Anchieta biólogo, botânico, enfermeiro, historiador, fabricante de sandálias de corda, etc. Mas não podemos deixar de falar do Santo, do Homem de Deus, do taumaturgo. Quantas vezes ele andou quilômetros para atender uma confissão ou visitar um doente! Quantas vezes sua oração curou pessoas e trouxe paz aos desavindos! Quantas vezes intuiu situações difíceis, e sua intercessão as mudou totalmente!

Ele adormeceu no Senhor, no dia 9 de junho de 1597, em Reritiba, também fundação sua, hoje denominada Anchieta, no Espírito Santo.

São João Paulo II o beatificou em junho de 1980, e o Papa Francisco o canonizou em abril de 2014. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB o proclamou Patrono dos Catequistas do Brasil (2013), Padroeiro dos Farmacêuticos do Brasil (2015) e Patrono Secundário do Brasil (2015) e concedeu o título de Nacional ao seu Santuário, localizado na cidade que leva seu nome (2015).

O número de peregrinos que afluem ao município de Anchieta comprova a devoção ao santo, e sua festa, no dia 9 de junho, tanto por disposição litúrgica, como por decreto nacional, Dia Nacional de Anchieta, confirma o aumento da popularidade dele em todo território brasileiro.

Brasília-DF, 09 de junho de 2016

Por Dom Leonardo Ulrich Steiner – Bispo Auxiliar de Brasília-DF/Secretário Geral da CNBB