Deus, o mundo e o sacramento do matrimônio

Caros amigos, sem a presença do Espírito Santo todas as realidades humanas perdem seu brilho original e produzem somente vazio e sofrimento. Assim acontece também com o matrimônio cristão.

Causa-nos tristeza perceber que o matrimônio, querido e santificado por Deus, torna-se cada vez mais opaco no discurso moderno, como se fosse uma simples instituição humana e, portanto, opinável e modificável. A voz da Igreja será sempre dissonante neste cenário, uma vez que esta possui a missão de pregar a verdade da Palavra de Deus ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Infelizmente, a sociedade vem perdendo o foco do sentido pleno do casamento e da família, o que gera a produção de discursos vazios que privam a família de seus mais belos valores, afetando o respeito, a fidelidade e o amor conjugal.

Tais discursos dissociam a família da transmissão da vida, da educação dos filhos, da unidade e fidelidade e da segurança. A instituição familiar aparece sob a sombra da morte e do aborto, da interrupção na transmissão dos valores cristãos, da infidelidade e da violência. Num quadro assim pintado, é difícil perceber o matrimônio como um caminho autêntico de realização, alegria e salvação. E, justamente por isso, este sacramento precisa ser mais veementemente pregado e vivido por todos os cristãos com o auxílio do Espírito Santo, que é fonte de graça e verdade.

Gostaria de terminar o artigo citando uma emblemática homilia de São João Paulo II: “O Espírito grava nos vossos corações a lei de Deus sobre o matrimônio. Não está escrita somente fora: na Sagrada Escritura, nos documentos da Tradição e do Magistério da Igreja. Está gravada também dentro de vós. É esta a Nova e Eterna Aliança, de que fala o profeta, que substitui a Antiga e restitui o seu primitivo esplendor à Aliança original com a Sabedoria criadora, inscrita na humanidade de cada homem e de cada mulher. É a aliança no Espírito, sobre a qual fala São Tomás que ‘a lei Nova é a mesma graça do Espírito Santo’ (Suma Teológica, I, II, 9, 108, ou 109, a. 1). A vida dos cônjuges, a vocação dos pais exige uma perseverante e permanente cooperação com a graça do Espírito que vos foi concedida mediante o sacramento do matrimônio, para que esta graça possa frutificar no coração e nas obras, a fim de poderem dar frutos sem cessar e não definhem por causa da nossa pusilanimidade, infidelidade ou indiferença”. (02/11/1982)

Deus abençoe a todos!

Por Dom Edney Gouvêa Mattoso – Bispo de Nova Friburgo (RJ)