8º. DOMINGO DO TEMPO COMUM

Amados irmãos e irmãsdomingo
“Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai Celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas”?
Este Evangelho vem nos mostrar que preocupações excessivas com o que ainda virá, além de serem desnecessárias, causam angústia, sofrimento e desespero. Porque nos preocupar tanto com o amanhã se talvez possamos nem mais estar aqui no amanhã que está por vir?
Aqui em nossa comunidade vivemos exclusivamente da providência e podemos confessar que é uma experiência única; pois às vezes a noite chega e não sabemos o que será do café da manhã do dia seguinte, mas ao final tudo se acerta. Ajudar Deus significa querer depositar nossa confiança em projetos humanos e às vezes procurar ajuda com o inimigo. Imaginem por exemplo que um filho seu estivesse passando por problemas sérios e ao invés de procurar você fosse procurar justamente seu pior inimigo para pedir ajuda.
Servir a dois senhores significa pedir a Deus o que necessitamos, mas por segurança buscar um plano “B”, ou seja nossa confiança em Deus não é total.
Confiança em Deus significa no dizer de Santo Inácio de Loyola fundador dos jesuítas: “fazer tudo como se tudo dependesse de nós, e esperar tudo como se tudo dependesse de Deus”. Portanto o que devemos fazer é buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e assim tudo o mais virá por acréscimo.
A este propósito o mesmo Santo Inácio, em seus exercícios espirituais, 233-234 nos ensina: “Tudo vos será dado por acréscimo. É melhor frisar primeiro que o amor consiste numa comunicação mútua. Isto é, o amante dá e comunica o seu bem ao amado; e da mesma forma, o amado ao amante. Como preâmbulo, pedir o que pretendo. Neste caso, pedir o conhecimento interior de todos os bens recebidos, para que, reconhecendo-os plenamente, possa amar e servir totalmente Sua Divina Majestade. O primeiro ponto é trazer à memória as bênçãos recebidas: criação, redenção e dons particulares. Pesar com muito amor o quanto Deus Nosso Senhor fez por mim, quanto me deu do que é seu; depois, que o Senhor deseja dar-se a mim tanto quanto pode e segundo o seu divino desejo. Refletir então em mim próprio e considerar racionalmente e com justiça que devo, por meu turno, oferecer e dar a sua Divina Majestade todos os meus bens e eu próprio com eles, como alguém que faz uma oferta num grande amor: Tomai Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória, o meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e tudo o que possuo. Vós me destes, a Vós, Senhor restituo. Tudo é vosso, disponde segundo a vossa inteira vontade. Dai-me o vosso amor e a vossa graça, que isso me basta”.
Na Eucaristia se entregas totalmente a nós como alimento nesta Palavra e no seu Corpo e Sangue que comungamos; então porque também não nos doar por inteiro a vós?
Na primeira leitura do Livro do Profeta Isaías vemos uma das mais belas declarações de amor que Deus faz para cada um de nós. Quando nos sentimos a sós e abandonados e julgamos que Deus nos deixou, Ele vem e diz: mesmo que a Mãe se esqueça de seus filhos Eu jamais te esquecerei. Deus ama o seu Povo, ainda mais do que uma mãe ama o seu filho.
Na segunda leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios o apóstolo não usa meias palavras; indo direto ao que atrapalhava o caminhar da comunidade, ou seja, a vaidade e eloquência dos pregadores. Por isto ele diz que os mensageiros do Evangelho são apenas “servos de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” Para os dias de hoje podemos afirmar que somos apenas mensageiros e não a mensagem. Neste raciocínio diríamos que o cano não é mais importante do que a água que transporta; o fio não é mais importante do que a energia; a embalagem não é mais importante que o produto, etc. Se o padre é simpático ou não, se o seu discurso é bonito ou não, se ele tem muitos defeitos ou muitas virtudes… O essencial é a mensagem; os mensageiros são apenas veículos mais ou menos imperfeitos dessa mensagem eterna. Os que anunciam o Evangelho devem ter consciência de que não estão a anunciar-se a si próprios…
Rezemos com o Salmista: Só em Deus a minha alma tem repouso, porque dele é que me vem a salvação! A minha glória e salvação estão em Deus; o meu refúgio e rocha firme é o Senhor! Povo todo, esperai sempre no Senhor, e abri diante dele o coração. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura:Is 49,14-15
Salmo: 61/62
2ª. Leitura: 1Cor 4,1-5
Evangelho: Mateus 6,24-34