5º. Domingo Comum

Amados irmãos e irmãs27540100_1569779586440594_2808046198925799447_n

“É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão”.
Jesus cumpria a risca o plano traçado pelo Pai para sua missão de anunciar o reino. Vemos aqui que apesar de sua fama e boa acolhida Ele não se acomoda e saí para outros lugares desconhecidos. Que isto sirva para cada um de nós refletirmos das vezes em que nos acomodamos em um lugar onde está tudo certinho e deixamos de avançar para águas mais profundas onde obviamente os perigos são maiores.
A cura da sogra de Pedro nos traz grandes lições das quais quero destacar duas; a primeira é que a febre não é uma doença. Aqui na comunidade costumo dizer aos irmãos que pedem remédio para baixar a febre que a febre está sinalizando que tem algo errado, é como se nosso corpo gritasse querendo nos avisar de algo errado e, portanto não é a febre que tem que ser atacada, mas sim o que ela sinalizou como, por exemplo, uma infecção, um ferimento etc. A segunda lição desta cura é que o evangelista diz que a sogra de Pedro após ser curada se levantou e passou a servi-los. Ficam duas perguntas: O que está gritando dentro de nós a nos sinalizar que algo não vai bem espiritualmente? Jesus com certeza já nos curou diversas vezes e será que respondemos como a sogra de Pedro e passamos a servi-lo?
Ainda hoje Jesus quer nos curar das doenças que nos impedem de servir nossos irmãos; doenças que nos impedem de anunciar o seu reino de paz e amor.
Qual a grande diferença das curas e milagres de Jesus para tantas curas e milagres que hoje ouvimos falar por aí? Cremos que em primeiro lugar muitas das curas e milagres são na verdade uma farsa para enganar ingênuos. Muitas curas e milagres são autênticos, mas infelizmente tem feito seus protagonistas sentar em cima da fama e ficar parado ou até alienar o que foi curado ou miraculado. Com Jesus era bem diferente a cura e o milagre libertavam completamente a pessoa e Jesus seguia adiante não ficava esperando elogios ou recompensas.
Que sentido têm o sofrimento e a dor? Em relação ao problema do mal como as doenças que faz o homem sofrer vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica §§ 309-310: Se Deus Pai todo poderoso, Criador do mundo ordenado e bom, tem cuidado com todas as suas criaturas, porque é que o mal existe? A esta questão, tão premente como inevitável, tão dolorosa como misteriosa, não é possível dar uma resposta rápida e satisfatória. É o conjunto da fé cristã que constitui a resposta a esta questão: a bondade da criação, o drama do pecado, o amor paciente de Deus que vem ao encontro do homem pelas suas alianças, pela encarnação redentora de seu Filho, pelo dom do Espírito, pela agregação à Igreja, pela força dos sacramentos, pelo chamamento à vida bem-aventurada, à qual as criaturas livres são de antemão convidadas a consentir, mas à qual podem, também de antemão, negar-se, por um mistério terrível. Não há nenhum pormenor da mensagem cristã que não seja, em parte, resposta ao problema do mal.
Mas porque é que Deus não criou um mundo tão perfeito que nenhum mal pudesse existir nele? No seu poder infinito, Deus podia sempre ter criado um mundo melhor (São Tomás de Aquino). No entanto, na sua sabedoria e bondade infinitas, Deus quis livremente criar um mundo em estado de caminho para a perfeição última. Este desígnio de Deus, juntamente com o aparecimento de certos seres, o desaparecimento de outros; o mais perfeito, com o menos perfeito; as construções da natureza, com as suas destruições. Com o bem físico também existe, pois, o mal físico, enquanto a criação não tiver atingido a perfeição.
O que fazemos em nossas comunidades depois de uma noite de fracassos e insucessos? Desanimamos ou ouvimos a voz do senhor mandando ir mais fundo, avançando para águas mais profundas. A nossa tendência é responder: se nem aqui que era fácil demos conta como aceitar desafio maior?
Na primeira leitura do livro de Jó vemos que ele com amargura e desilusão, reclama pelo fato de sua vida estar marcada pelo sofrimento onde Deus parece ausentar e ficar indiferente diante de tamanho desespero. Apesar de reclamar é a Deus que ele se dirige como sua única esperança, sabendo que fora d’Ele não há salvação e nem conforto para usa dor. Esta leitura nos leva a refletir sobre as razões para o sofrimento de uma criança ou de uma pessoa boa e justa? O grito de revolta de Jó brota de um coração que expressa a angústia de um homem que, na sua miséria, se sente injustiçado e condenado por Deus. Nós somos chamados a olhar este clamor de Jó como o clamor dos sofredores do mundo que creem e sabem que só em Deus está nossa esperança.
Na segunda leitura da primeira carta aos Coríntios o apóstolo Paulo diz que com os fracos se fez fraco, para ganha-los e com todos ele se fez tudo, para salvar alguns. Para ele o anúncio do Evangelho não era por interesse próprio, mas sim dos irmãos. Na nossa comunidade sempre ensinamos aos irmãos que quem dedica sua vida ao serviço do Reino não é funcionário que tem horário de entrar e de sair, não tem salário em dinheiro, não tem direito a hora extra; mas é alguém que está sempre disponível para servir, que renuncia até as férias e folgas para acompanhar os irmãos, para escutá-los e acolhe los.

Rezemos com o salmista: O Senhor conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura. O Senhor Deus é o amparo dos humildes, mas dobra até o chão os que são ímpios. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Jó 7,1-4.6-7
Salmo: 146 
2ª. Leitura: 1Cor 9,16-19.22-23
Evangelho: Mc 1,29-39