3º. Domingo da Quaresma

19 xsamaritana-1Amados irmãos e irmãs

“Mas vai chegar a hora – e já chegou – em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito a verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é Espírito e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade”.

Sabemos da importância da água. Sem água não há vida. A liturgia de hoje focaliza a água no sentido simbólico que se apresenta no batismo. Significa o dom de Deus, que é Jesus mesmo.

Jesus estava de passagem. Uma mulher veio tirar água do poço. A conversa que se seguiu desafiou a mulher e uma cidade cheia de pecadores a mudarem suas vidas e seu destino eterno. A mulher foi buscar água, e encontrou a fonte da vida eterna.

Jesus direcionou a conversa para assuntos espirituais. Quantos de nós só procuramos Jesus por necessidades materiais. Jesus não alterou o rumo. Ele continuou usando a linguagem da vida espiritual: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”.

Para muitos talvez deveríamos usar uma linguagem diferente do Evangelho para convencer melhor, mas aí está o grande erro que não podemos cometer. Falar que a missa é chata então vamos participar de outras atividades e não da missa?

Essa mulher representa bilhões de seres humanos hoje em dia. Na pressa de cuidar da sua existência física, eles passam por Jesus sem mesmo entender sua língua.

Poucos sabem que ele é o Senhor e Salvador, que conhece as minúcias íntimas de suas vidas, e que oferece a água da vida eterna.

Falando a mesma língua – O judeu e a samaritana falando a mesma língua. Não havia mais preocupação com a água de um velho poço. Agora ela estava intrigada com a conversa espiritual de Jesus.

O que você faria na situação dela? Começaria imediatamente a fazer as mais importantes perguntas de todas? Buscaria saber como agradar ao Senhor? Ela o fez. Sua pergunta no versículo 20 foi diretamente ao ponto: onde ela deveria adorar para ser aceita por Deus? A resposta de Jesus lhe desafiou a desviar seus olhos do monte e olhar para dentro de sua alma. O tempo estava rapidamente se aproximando, Jesus explicou que o lugar não importaria mais.

Ide contar ao Mundo!

Jesus não teve que mandar essa mulher espalhar a notícia. Ele não ofereceu aulas de “técnicas de evangelismo”. Ele tinha plantado nela uma semente de verdade eterna, de modo que ela era naturalmente era compelida a partilhar as boas novas.

Muitos diziam que acreditavam por causa da mulher, mas quando viram o Senhor passaram a dizer: acreditamos porque o vimos e ouvimos. Para alcançar a salvação, não se pode confiar somente no testemunho de outros. É preciso ter um encontro pessoal com Cristo.

 

Se algum de vocês está na Igreja, no grupo de jovens, no Crisma, no grupo de oração ou até mesmo aqui na missa por causa da esposa, do marido, do pai ou da mãe é hora de sentir como a samaritana.

Estamos rodeados de oportunidades para falar de Jesus. No ônibus, numa loja, ou numa fila de banco, poderia ser a ocasião.

Não ofereceremos a salvação ao mundo com conversa mundana. Quando Jesus usou a linguagem espiritual e a mulher pensou em água do poço. Jesus não desviou de seu rumo. Nós precisamos fazer o mesmo.

Ser Cristão hoje exige muita coragem e força… É preciso determinação e muita fé para dizer não a tudo aquilo que nos é oferecido todos os dias… Existe um milhão de novidades, um milhão de coisas diferentes para experimentarmos… É preciso ser radical sem cair no radicalismo.

Olhe à sua volta. Quantas pessoas você conhece que são realmente cristãs? Muitos são os cristãos apenas na aparência. Chega de cristão fingido, parece artista encenando, lugar de artista é na rede globo, record, no teatro; etc. Na Igreja de Jesus precisamos de verdadeiros profetas.

Muitos falam aquilo que o povo gostaria de ouvir e não o que precisam ouvir. Uma coisa deve ser bem frisada: falsos pastores NÃO DISCORDAM DO NOSSO DESEJO MESMO QUE ELE SEJA EQUIVOCADO. E isto por medo de perder alguma vantagem.

Mas se você quer ser um cristão de opinião, se você quer ser ouvido, precisa ser uma pessoa autêntica, precisa prezar os valores que protegem a vida e lutar por isso. Precisa saber ousar e ser diferente, ser diferente no trabalho, nas baladas, ser diferente na escola, na faculdade, levar os valores éticos e cristãos para a vida do ser humano.

Jesus Cristo provou e provocou com o amor e fez o mundo entender isso indo até a Cruz. Se quisermos provocar vamos amar.

Você foi escolhido para entrar para a história de uma raça eleita, para ser Santo e mudar a história de todo um povo.

O homem não vai saciar a sua sede com a água salobra dos poços disponíveis, perfurados pela tradição, ou pelas vãs ideologias, todos aguardam ansiosos pelo grito dos cristãos, sobre a descoberta de Jesus, a Água Viva que nos transforma e sacia a todos. A grande Samaria do mundo moderno nos espera…

Na primeira leitura do livro do Êxodo nos vemos um momento da longa travessia do povo de Deus pelo deserto, ao longo de quarenta anos. O povo que empreendeu a travessia pôde experimentar, não obstante sua infidelidade e suas resistências, a fidelidade de Deus, sua paciência, sua generosidade, seu cuidado, sua ternura. O povo murmura porque não tem água. Sem água a vida está profundamente ameaçada. Queriam apedrejar Moisés. Diante da dificuldade, duvidaram de Deus, da sua promessa e da sua fidelidade. É preciso, sustentados pelo cuidado de Deus que nos acompanha na travessia da história, lutarmos contra o medo, o desespero, a murmuração.

A segunda leitura da carta de são Paulo aos Romanos repete, noutros termos, o ensinamento da primeira: Deus acompanha o seu Povo em marcha pela história; e, apesar do pecado e da infidelidade, insiste em oferecer ao seu Povo – de forma gratuita e incondicional – a salvação.  Deus que nunca desistiu de nós e sempre soube encontrar formas de vir ao nosso encontro, de fazer caminho conosco. Apesar de insistirmos no egoísmo, no orgulho, na auto suficiência e no pecado, Deus continua a amar e a fazer-nos propostas de vida. Trata-se de um amor gratuito e incondicional, que se traduz em dons não merecidos, mas que, uma vez acolhidos, nos conduzem à felicidade plena.

Cristo não morreu por nós por causa de nossa conversão, mas sim Ele morreu quando ainda éramos pecadores.

Rezemos com o Salmista: Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores e cantos de alegria, o celebremos! Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão. Amém.

 

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco

Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

 

1ª. Leitura: Êxodo 17,3-7

Salmo: 94/95

2ª. Leitura: Romanos 5,1-2.5-8

Evangelho: João 4,5-42 ou 5-15.19-26.39-42