2º. Domingo Comum

domingoAmados irmãos e irmãs
O Evangelho de hoje vai iniciar a apresentação de Jesus com as perguntas: quem é Jesus? De onde veio? Para onde vai? Onde moras? Com quem anda?
João o apresenta como o Cordeiro de Deus que lembra aos hebreus a imagem do cordeiro do sacrifício pascal. Só que Jesus é o Cordeiro da Nova Páscoa o seu sacrifício é definitivo e único e por isto supera o cordeiro pascal cujo sangue marcou os batentes das portas dos Hebreus no Egito. A libertação agora é plena e é dirigida a toda humanidade, ganhando a salvação um caráter universal.
Estas palavras que se repetem seis vezes na Celebração Eucarística (2x na Glória, 3x depois da saudação da paz e a sexta vez, antes da comunhão).
João Batista foi um pregador autêntico que jamais apontou para si mesmo, mas revelou e anunciou Jesus Cristo de tal maneira que convenceu seus próprios discípulos a lhe abandonar para seguir Jesus. O que convence as pessoas com certeza é o testemunho não de palavras, mas de vida.
André e o outro acreditaram e foram conhecer o mestre e ao conviver com Ele e não tiveram mais dúvidas; André convenceu seu irmão Pedro a também deixar tudo para seguir Jesus.
A certeza que moveu Pedro não foi a de ouvir ou ver João Batista, mas sim ele acreditou em André; lembramos aqui a passagem da samaritana onde os homens diziam primeiramente cremos porque a samaritana nos falou, mas agora cremos porque nós mesmos vimos e ouvimos. Movido por esta certeza, Simão não hesitou em deixar tudo e começar um discipulado totalmente novo.
Mestre onde moras? Vinde e vereis! Eles foram e permaneceram (de moraram)
Hoje somos chamados à reflexão das vezes em que durante nossa pregação, nosso canto ou nossa oração nós queremos aparecer mais que Jesus. Queremos as vezes que as pessoas se encantem conosco e não com o que anunciamos. Olhemos para João e lembremo-nos do princípio de que é preciso que eu desapareça para que Ele cresça!
Outro detalhe importante no momento de mensurar a importância da Palavra, do lugar que se prega e da pessoa do pregador é lembrar de que nós não somos a mensagem, mas somente o mensageiro.
Assim como a vasilha não é mais importante do que a água, a casa não é mais importante do que quem nela mora também o mensageiro não é mais importante do que a Palavra e a Palavra que anunciamos é o Verbo encarnado, ou seja, o próprio Jesus Cristo feito homem no meio e nós!
É preciso ter um “ENCONTRO COM JESUS”. E os passos para este encontro são:
1. Procurar (buscai e achareis)
2. Encontrar (onde mora)
3. Ver (fixar nele o olhar)
4. Conviver (permanecer – morar com Ele para conhecer)
5. Amar (colocar acima de todas as coisas)
6. Seguir (tê-lo como mestre)
7. Dar a vida (martiria – Testemunhar)
Se, depois de havermos encontrado Jesus, não vamos ao encontro das pessoas para levá-las a Jesus, é sinal de que ainda não o encontramos verdadeiramente.
O Evangelho deste domingo ainda nos diz o que é ser cristão. A identidade cristã não está na simples pertença à instituição chamada “Igreja”, nem na recepção dos sacramentos, nem na militância em movimentos e pastorais, nem na observância de regras de comportamento. O cristão é, simplesmente, aquele que acolheu o chamamento de Deus para seguir Jesus Cristo. O que é, em concreto, seguir Jesus? É ver n’Ele o Messias libertador com seu projeto de vida eterna, aceitar tornar-se seu discípulo, segui-lo no caminho do amor, da entrega, da doação da vida, aceitar o desafio de entrar na sua casa e de viver em comunhão com Ele.
Na primeira leitura do livro de Samuel vemos a história do chamamento de Samuel. A iniciativa sempre parte de Deus que vem ao encontro do homem e o chama pelo nome. Samuel estava deitado, num momento do silêncio onde o barulho não atrapalhou.
A dificuldade em reconhecer a voz do Senhor ainda continua no homem de hoje no meio da multiplicidade de vozes e de apelos do mundo que nos seduzem. Destacamos o papel de Eli na descoberta vocacional de Samuel que lhe mostra que era o Senhor quem chamava e lhe ensina abrir o coração. Quem é o nosso Eli nos dias de hoje?
Na primeira carta aos coríntios, Paulo vale destacar que na cidade de Corinto grassava tamanha imoralidade sexual que tinha até o templo de Afrodite, deusa grega do amor que atraía os peregrinos e favorecia os desregramentos e a libertinagem sexual. Paulo convida os cristãos de Corinto a viverem de forma coerente com o chamamento que Deus lhes fez, não trazendo para o interior da comunidade certos vícios. Era necessário ter autodomínio da sexualidade banindo de suas vidas certas atitudes e hábitos desordenados. No “corpo” do cristão que vive em comunhão com Cristo manifesta-se essa vida nova que Deus quer propor ao mundo e oferecer aos homens. Se os cristãos são membros de Cristo e se vivem em comunhão com Cristo, os comportamentos desregrados no domínio da sexualidade não fazem qualquer sentido. No “corpo” dos cristãos deve manifestar-se a vida de Deus.
Rezemos com o salmista: Esperando, esperei no Senhor, e, inclinando-se, ouviu meu clamor. Canto novo ele pôs em meus lábios, um poema em louvor ao Senhor. Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: 1 Sm 3,3b-10.19
Salmo: 39
2ª. Leitura: 1Cor 6,13c-15a.17-20
Evangelho: Jo 1,35-42