21º. Domingo Comum

21077614_1417146668370554_3773516763510468944_nAmados irmãos e irmãs
Esta narrativa da “confissão de Pedro” é encontrada nos três evangelhos sinóticos, de Marcos, de Mateus e de Lucas. Marcos se preocupa em mostrar que Jesus rejeita o título messiânico, indicativo de ambição e poder. Lucas coloca o fato em um momento de oração e conclui sua narrativa, como Marcos, registrando a rejeição ao título messiânico. Mateus destaca duas características dominantes: a dimensão messiânica e os sinais da instituição eclesial nascente.
Quem é Jesus? Esta pergunta ainda hoje ecoa forte nos corações humanos!
Jesus foi direto ao assunto que mais lhe interessava: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. A resposta de Pedro foi corretíssima “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”.
A questão é saber, de que Cristo Pedro estava falando. Por isso, em seguida, Jesus revela o sentido do seu messianismo, que irá se consolidar no sofrimento, na rejeição, na morte e ressurreição. Na visão de Pedro o messianismo é aquele onde tudo vai dar certo e as coisas vão se resolver, as contas irão fechar, pois Jesus irá por ordem na casa. Não é essa a ilusão que toma conta do coração de muitos cristãos em nossas comunidades? O Jesus do “tudo certo”, do “mar de rosas”, da “doce paz, da saúde, da prosperidade”, o Jesus que só me dá vitória em cima de vitória, o Jesus que sempre me tira das dificuldades. Encontrar sempre respostas prontas, caminhos largos, problemas resolvidos, portas abertas, nunca foi e nem será uma característica do cristianismo.
Quem irá, nos dias de hoje, fazer marketing de um projeto que implique renúncia, cruz e sofrimento? Um projeto cuja proposta de Salvação seja pautada pelo desprezo á própria vida, deixando de lado até interesses particulares. Proposta de Salvação que não fale em vitória, em sucesso, em prosperidade, que não lota Igreja, não dá audiência. Qualquer marqueteiro da atualidade teria a mesma reação de Pedro e repreenderia Jesus; pois é loucura inconcebível iniciar um projeto prenunciando o fracasso?
Como Pedro às vezes de uma hora para outra depois de termos proclamado o senhorio de Jesus com nossa boca; pela mesma boca blasfemamos ou com nossa vida contra testemunhamos o que acabamos de professar. Vejam por exemplo a incoerência dos que pregam a pobreza e vivem na opulência; pregam mansidão e agem como leões; pregam a verdade e vive na farsa.
Quem quer a religião só da glória e do gozo celestial já aqui nesta terra, quem se esconde nas comunidades para não enfrentar os desafios, quem procura viver um cristianismo light, quem vive se iludindo com o Cristo criado pelo consumismo. Todos esses ouvirão naquele dia o mesmo que Pedro ouviu ”Afasta-te de mim Satanás, pois não pensas as coisas de Deus”.
O Catecismo da Igreja Católica 1440-1443 nos ensina que o pecado é, antes de mais, ofensa a Deus e ao mesmo tempo, é um atentado contra a comunhão com a Igreja. É o perdão de Deus nos reconcilia com Deus e com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e Reconciliação. Só Deus perdoa os pecados (Mc 2,7). Jesus, porque é Filho de Deus, diz de si próprio: O Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados (Mc 2,10), e exerce este poder divino: Os teus pecados são-te perdoados (v. 5; Lc 7,48). Mais ainda: em virtude da sua autoridade divina, concede este poder aos homens para que o exerçam em seu nome (Jo 20,21s). Cristo quis que a sua Igreja fosse, toda ela, na sua oração, na sua vida e na sua atividade, sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que Ele nos adquiriu pelo preço do seu sangue. Entretanto, confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico. É este que está encarregado do ministério da reconciliação (2Cor 5,18). O apóstolo é enviado em nome de Cristo e é o próprio Deus que, através dele, exorta e suplica: Deixai-vos reconciliar com Deus (v. 20). Durante a sua vida pública. Jesus não somente perdoou os pecados, como também manifestou o efeito desse perdão: reintegrou os pecadores perdoados na comunidade do povo de Deus, da qual o pecado os tinha afastado ou mesmo excluído. Sinal bem claro disso é o fato de Jesus admitir os pecadores à sua mesa, (Mc 2,16), e mais ainda: de se sentar à mesa deles, gesto que exprime ao mesmo tempo, de modo desconcertante, o perdão de Deus, e o regresso ao seio do povo de Deus (cf. Lc 15; Lc 19,9).
Na primeira leitura da profecia de Isaías o profeta mostra como se deve concretizar o poder “das chaves”. Aquele que detém “as chaves” não pode usar a sua autoridade para concretizar interesses pessoais e para impedir aos seus irmãos o acesso aos bens eternos; mas deve exercer o seu serviço como um pai que procura o bem dos seus filhos, com solicitude, com amor e com justiça. Pedro e hoje o Papa é o despenseiro de Deus. Ele tem as chaves da despensa!
A segunda Leitura da carta aos Romanos é um convite a contemplar a riqueza, a sabedoria e a ciência de Deus que, de forma misteriosa e às vezes desconcertante, realiza seu projeto de salvação. Precisamos ter cuidado para não querer dominar Deus, fazendo dele algo um fantoche de padrão humano que atenda meus interesses. O verdadeiro cristão não é aquele que sabe tudo sobre Deus, que tem todas as respostas, mas é aquele que, com honestidade e verdade, mergulha na infinita grandeza de Deus. Procure caminhar com os que buscam a Verdade e fuja daqueles que dizem ter encontrado a verdade como se dela fossem donos!
Rezemos com o Salmista: O Senhor é excelso e olha para o humilde, ao soberbo conhece-o de longe. Senhor, a vossa bondade é eterna, não abandoneis a obra das vossas mãos. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Is 22, 19-23
Salmo: 137 /138
2ª. Leitura: Rm 11, 33-36
Evangelho: Mt 16, 13-20