Terça Feira – Oitava da Páscoa

18033495_1289322521152970_4896192558259835331_nAmados irmãos e irmãs
E você, por que choras?
Imagine Jesus nos fazendo esta pergunta. Qual seria nossa resposta? Com certeza cada um daria uma resposta diferente baseada no momento em que está passando, mas uma coisa é certeza: Jesus nos diria a mesma coisa que disse a Maria Madalena: “Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: ‘Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus’”.
As lágrimas distorcem o olhar, basta lembrar que quando nossos olhos estão lacrimejando ao olhar para a s pessoas vemos imagens distorcidas e por isto Jesus pede para sairmos deste lugar de lagrimas. Ele está nos dizendo hoje: Sai deste lugar de sofrimento, deste vale de lágrimas e vai anunciar a alegria da ressurreição.
Maria Madalena não reconheceu Jesus pela aparência física, mas sim pela Palavra afinal de contas Jesus é a Palavra do Pai. Inspirados em Madalena peçamos a Deus que possamos também fazer essa bela experiência, reconhecendo o Senhor a partir da sua Santa Palavra.
Se nós também não fizermos um encontro com o ressuscitado não iremos jamais entender o que é a ressurreição e ficaremos parados nas lágrimas chorando a morte.
Em uma homilia monástica anônima do século XIII sobre a Paixão e a Ressurreição de Cristo, 38; PL 184, 766 nos é dito que: “Mulher, porque choras? Quem procuras? Tens Aquele que procuras e não o sabes? Tens a verdadeira alegria eterna, e choras? Tens em ti Aquele que procuras fora de ti. Estás no exterior de um túmulo, a chorar, quando o meu túmulo é o teu coração; Eu não estou morto, mas repouso aí, vivo para toda a eternidade. A tua alma é o Meu jardim. Tinhas razão em pensar que eu era o jardineiro. Novo Adão, cultivo o Meu paraíso e guardo-o. As tuas lágrimas, o teu amor e o teu desejo são obra Minha. Tens-Me em ti sem o saberes: é por isso que Me procuras fora de ti. Vou, por conseguinte, aparecer-te também aí, para te fazer entrar em ti mesma, para que encontres no interior Aquele que procuras fora de ti”.
Na pregação de Pedro vemos a ação do Espírito Santo que toca aqueles corações. Pedro nos garante que é para nós ao dizer: “Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus”. Nós hoje somos parte destes filhos e filhas que herdaram dos pais a fé no ressuscitado.
São Gregório Palamas, monge e bispo na Homilia 20, sobre os oito evangelhos matinais segundo São João; PG 151, 265 nos ensina: Lá fora reinava a obscuridade, ainda não era dia, mas este sepulcro estava cheio da luz da ressurreição. Maria, pela graça de Deus, viu esta luz: o seu amor por Cristo tornou-se mais vivo e ela teve força para ver os anjos. Então estes disseram-lhe: Mulher porque choras? Vês o céu neste sepulcro, ou antes, um templo celeste no lugar de um túmulo escavado para ser uma prisão. Porque choras? Lá fora o dia está ainda hesitante, e o Senhor não torna visível aquele brilho divino que o tornaria reconhecível mesmo no meio do sofrimento. Por isso, Maria não o reconheceu. Quando Ele falou e se deu a conhecer, mesmo aí, vendo-o vivo, ela continuou a não ter idéia da sua grandeza divina, mas dirigiu-se lhe como se Ele fosse um simples homem de Deus. No impulso do seu coração quis então lançar-se lhe aos joelhos e tocar-Lhe os pés. Mas Ele disse-lhe: Não me toques, porque o corpo de que estou revestido é mais etéreo e mais móvel que o fogo; ele consegue subir ao céu e ir para junto de meu Pai, no mais alto dos céus. Ainda não subi para o Pai porque ainda não me mostrei aos meus discípulos. Vai ter com eles; são meus irmãos porque somos todos filhos do mesmo Pai (cf Gl 3,26).
A Igreja a que pertencemos é o símbolo deste sepulcro. Até é mais do que um símbolo: ela é, por assim dizer, outro Santo Sepulcro. Nela se encontra o local onde foi deposto o corpo de Mestre; aqui se encontra a mesa sagrada. Por isso aquele que correr de todo o coração para este divino túmulo, verdadeira morada de Deus, aprenderá as palavras dos livros inspirados, que o instruirão à maneira dos anjos sobre a divindade e a humanidade do Verbo, a Palavra de Deus encarnada. E assim verá, sem erro possível, o próprio Senhor. Porque aquele que olha com fé para a mesa mística e para o pão da vida deposto sobre ela vê o Verbo de Deus real que se fez carne e que estabeleceu a sua morada entre nós (Jo 1,14). E se se mostrar digno de recebê-lo, não apenas o verá como participará do seu ser; recebê-Lo-á em si para que Ele aí permaneça.
Rezemos com o Salmista: Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem e que confiam, esperando em seu amor, pra da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria. No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Atos 2,36-41
Salmo: 33
Evangelho: João 20,11-18