Terça Feira – 4ª. Semana da Quaresma

28 bAmados irmãos e irmãs
“Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim”.
“Levanta-te, toma o teu leito e anda”.
Este é o terceiro numa sucessão de sete sinais, o primeiro foi o das bodas de Caná e o segundo foi a cura do filho do funcionário do Rei.
O enfermo do evangelho de hoje era um desses doentes pobre, que não tinha um acompanhante e foi essa a sua queixa a Jesus. Nós na Comunidade Missionária Divina Misericórdia sabemos bem o que isto significa e por isto nossa missão de cuidar dos doentes é uma das mais importantes obras de misericórdia.
A pergunta de Jesus: queres ficar curado pode soar esquisito, mas isto demonstra que para obter de Jesus a graça é preciso estar disposto a recebê-la.
É-nos dito que uma multidão de enfermos está postada na piscina de Betesda.
O dominicano Jean Tauler no Sermão n.º 8, para a primeira sexta-feira da Quaresma nos diz: “Esta piscina representa a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, completamente digno de amor, e a sua água agitada o sangue bendito do Filho de Deus bem-amado, Deus e homem, que nos lavou a todos com o Seu sangue precioso e que, por amor, quer igualmente lavar todos aqueles que se aproximem d’Ele. E os doentes simbolizam os homens dados ao orgulho, à cólera, ao ódio, à avareza, à luxúria, o que nos leva a entender que todos os doentes deste gênero, podendo lavar-se no sangue de Cristo, serão plenamente curados se, entretanto descerem a essa água. Neste sentido, os cinco pórticos dessa piscina representam as cinco chagas sagradas de Nosso Senhor, nas quais e pelas quais todos fomos salvos”.
São Máximo de Turim, bispo no Sermão para a quaresma; PL 57, 585 nos diz: Lemos no Antigo Testamento que, no tempo de Noé, como todo o gênero humano tivesse sido vencido pelo pecado, as cataratas do céu se abriram e durante quarenta dias e quarenta noites choveu sem cessar. Era simbólico: tratava-se mais de um batismo do que de um dilúvio. Foi, na verdade, um batismo que lavou a maldade dos pecadores e poupou a retidão de Noé. Tal como nessa época, hoje o Senhor dá-nos a quaresma para que os céus se abram durante o mesmo número de dias, para nos inundar com a chuva da misericórdia divina. Uma vez lavados nas águas salvíficas do batismo, este sacramento ilumina-nos; tal como outrora, as águas levam o mal das nossas faltas e reafirmam a retidão das nossas virtudes.
Hoje a situação é a mesma que no tempo de Noé. O batismo é o dilúvio para o pecador e a consagração para os que são fiéis. No batismo, o Senhor salva a justiça e destrói a injustiça. Vemo-lo no exemplo de um único homem: o apóstolo Paulo; antes de ser purificado pelos mandamentos espirituais era um perseguidor e um blasfemo (1Tm 1,13); uma vez banhado pela chuva celeste do batismo, o blasfemo morreu, morreu o perseguidor, Saulo morreu e tomou vida o apóstolo, o justo, Paulo. Quem viver religiosamente a quaresma e observar os preceitos do Senhor, verá morrer em si o pecado e viver a graça ; morre como pecador, para viver como justo.
Na leitura de Ezequiel vemos como que uma prefiguração do lado aberto de Cristo. A profecia diz que tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar à torrente haverá vida. A água que sai do templo é uma água viva, pois ela cura e liberta e este templo é Jesus o autor da vida.
Rezemos com o Salmista: O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; assim não tememos se a terra estremece, se os montes desabam, caindo nos mares. Os braços de um rio vêm trazer alegria à cidade de Deus, à morada do Altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio!
Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la. Conosco está o Senhor do universo! Amém

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

Leitura: Ezequiel 47,1-9.12
Salmo: 46
Evangelho: João 5,1-16