Terça Feira – 31ª. Semana comum

Amados irmãos e irmãs23032888_1484306261654594_6184482729312551601_n
‘Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos’.
Esta página do Evangelho foi escrita há quase dois mil anos mas nunca nos pareceu tão atual; pois em tempos de pós modernidade a luta do homem é contra o cronos. O homem do século XXI não tem mais tempo para a família, nem para o lazer e muito menos para Deus; ele só quer trabalhar. Mesmo dentro de nossas comunidades encontramos padre e agentes com a agenda repleta de viagens, cursos, palestras, reuniões, encontros e planejamentos sem tempo algum para a convivência fraterna com os irmãos.
Antigamente aos finais de semana quando íamos passear na casa de parente viajamos na sexta a noite e voltava domingo; pois lá dormíamos, comíamos e nos divertíamos; hoje a visita é de uma hora corrida e olhe lá. Há não muito tempo os retiros na Igreja começavam na sexta à noite e terminavam no domingo com a santa missa; hoje nem pensar, pois é muito tempo e vai faltar candidato; aliás, hoje tem que dormir em casa. Notem que os pobres, aleijados, cegos e coxos de hoje tem agenda mais livre do que aqueles que se julgam mais importantes e cremos que aqui poderíamos incluir as garotas e garotos de programa, os usuários de entorpecentes; alcoólatras, presidiários, moradores de rua, sem terra, sem teto, povos indígenas e tantos outros que por vezes se encontram nesta situação porque nós que estamos dentro da Igreja não só não aceitamos o convite para o banquete, mas ficamos a porta e impedimos que estes irmãos e irmãs entrem para que tenham suas vidas transformadas por aquele que é o Autor da vida.
Deus faz um convite a cada homem e a cada mulher para uma ceia, porque tem algo especial para falar, para oferecer, e que está acima de todas essas coisas, quer mostrar-lhe o sentido da vida, a razão do existir, quer mostrar-lhe a importância do SER, quer que o homem e a mulher o conheçam de perto e experimente seu amor e sua graça.
Só quem se torna pobre, tendo o coração desapegado dos bens materiais e sempre disponível para Deus, terá a alegria da salvação.
Santo Ambrósio bispo e doutor da Igreja no comentário ao Evangelho de Lucas, 7, 200-203; SC 52 nos ensina: Os convidados desculpam-se, embora o Reino não esteja fechado a ninguém que não se exclua a si próprio pela sua própria palavra. Na sua bondade, o Senhor convida todos; é a nossa covardia ou a nossa loucura que nos afasta. Aqueles que preferem comprar uma fazenda não têm lugar no Reino: no tempo de Noé, compradores e vendedores foram engolidos pelo dilúvio (Lc 17,26-28). O mesmo acontecerá àquele que se desculpa porque acabou de se casar, pois está escrito: Se alguém vem ter comigo e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo (Lc 14,26). Assim, depois do desprezo arrogante dos ricos, Cristo virou-se para os gentios, e foi buscar bons e maus, para fazer crescer os bons e melhorar as disposições dos ímpios. Ele convida os pobres, os aleijados e os cegos, o que nos mostra que a deficiência física não exclui ninguém do Reino, e que a imperfeição do pecado é curada pela misericórdia do Senhor.
Ele manda procurar nas encruzilhadas dos caminhos, porque a Sabedoria clama nas esquinas (Pr 1,20). Ele envia às praças, para dizer aos pecadores que deixem o caminho largo para alcançarem o caminho estreito que conduz à vida (Mt 7,13). Ele envia às ruas e ao longo das cercas, porque os que avançam para os bens que hão de vir, sem serem retidos pelos bens do presente, comprometidos no caminho da boa vontade, são capazes de alcançar o Reino dos Céus; e também os que sabem distinguir o mal do bem, tal como os campos são delimitados por uma sebe, quer dizer, os que opõem o baluarte da fé às tentações do pecado.
Na leitura da carta de são Paulo aos Romanos o apóstolo nos ensina como usar os dons recebidos e nos pede para que nossa caridade não seja fingida; que sejamos zelosos e acima de tudo amemos uns aos outros. Que não queiramos buscar grandezas, mas nos contentemos com as pequenas coisas. Sofrer com o outro, chorar com outro, alegrar com outro; enfim caminhar com o outro, pois somos membros do mesmo Corpo que é a Igreja. Um dos mais belos versículos da Bíblia com certeza está aqui nesta passagem quando o apóstolo nos diz: “Sejam alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração”!
Rezemos com o Salmista: Senhor, meu coração não orgulhoso, nem se eleva arrogante o meu olhar; não ando à procura de grandezas nem tenho pretensões ambiciosas! Fiz calar e sossegar a minha alma; ela está em grade paz dentro de mim, como a criança bem tranquila, amamentada no regaço acolhedor de sua mãe. Confia no Senhor, ó Israel, desde agora e por toda a eternidade! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Romanos 12,5-16
Salmo: 130/131
Evangelho: Lucas 14,15-24