Terça Feira – 29ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs22688808_1472901852795035_3136501358082806340_n
“Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á”.
Como não sabemos nem o dia e nem a hora é bom que sejamos prudentes e estejamos sempre em vigília, pois assim sendo nãos eremos surpreendidos à sua chegada.
O Evangelho nos fala para cingir os rins e isto significa amarrar e dobrar a túnica dobrada deixando mais curta; o que vai facilitar a caminhada. Manter a lâmpada acesa é estar sempre alerta e com caminho claro vendo tudo e não na escuridão onde nada se vê.
Aqui vemos um apelo à vigilância e à disponibilidade; tal disponibilidade e vigilância, mantidas pela luz da Palavra de Deus, é o que é exigido do discípulo missionário para esperar e acolher o Senhor que vem. É uma espera ativa e responsável onde a incerteza da hora não abalará nossas convicções.
Um cristão não pode ser nem estar alienado. Ele deve estar em alerta constante, sempre pronto para a ação, e preparado para servir dia e noite. A salvação prometida, o futuro que ansiamos ou sonhamos, exige uma atitude de vigilância, uma esperança ativa que nos coloca no caminho de serviço.
É sábio quem vive na vigilância permanente e sabe olhar para o futuro. Não é porque não saiba gozar da vida presente e cumprir suas tarefas de hoje e sim porque sabe que é peregrino nesta vida e o importante é assegurar-se sua continuidade na vida eterna. É viver com uma meta e uma esperança. Por isso, o trabalho neste mundo para o cristão é um compromisso pessoal para transformar-se a si mesmo e para transformar o mundo em que vive.
O importante é saber que somos peregrinos, ou seja, estamos aqui de passagem.
Jean Tauler, dominicano de Estrasburgo no Sermão 77, para a festa de um Confessor nos ensina que estas palavras significam: deveis estar despertos e vigilantes, porque não sabeis o momento em que o Senhor virá da boda. Porque, assim que entra no homem um sentimento de orgulho, de auto complacência ou de vontade própria, logo o inimigo aparece e lhe corta o tesouro precioso das suas boas obras. Meus filhos! Vereis muitas pessoas que fizeram grandes obras e adquiriram grande reputação, mas a quem a presunção despojou de tudo. Esses virão depois dos outros homens, dos pobres e simples, que ninguém aprecia por causa de seu exterior e das suas obras. Porque se abaixam com humildade, estes últimos serão colocados acima dos outros. Por isso, preparai-vos com uma alma vigilante e, de olhos abertos, vereis a verdade pura. Permanecei com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas. Há aqui três pontos a observar. Primeiro: os rins devem ser cingidos como quem está sendo bem amarrado com uma corda para ser levado contra a sua vontade, ou como um cavalo com freio; esses rins são os prazeres dos sentidos, que devemos atar e reprimir. Segundo: deveis levar na mão as lâmpadas acesas, quer dizer, obras de amor. As vossas mãos nunca devem parar de fazer o trabalho da caridade verdadeira e ardente. Terceiro: deveis esperar o Senhor quando Ele voltar da boda: O senhor lhes confiará a administração de todos os seus bens; ele se cingirá e os servirá. Essa boda, de onde o Senhor vem, tem lugar no mais íntimo da alma, no seu âmago, onde se encontra a nobre imagem. Que contato íntimo a alma tem com Deus nesse âmago e Deus com ela, e que obra maravilhosa Deus faz aí!
São Gregório de Nissa monge e bispo nos sermões sobre o Cântico dos Cânticos, n°11, 1; PG 44, 996 nos ensina: É para que o nosso espírito se liberte de todas as miragens que o Verbo nos convida a sacudir dos olhos da alma este sono pesado, para que não escorreguemos para fora das realidades verdadeiras agarrando-nos ao que não tem consistência. É por isso que nos propõe a imagem da vigilância, dizendo-nos: Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas. O sentido destes símbolos é bem claro: aquele que está cingido pela temperança vive na luz de uma consciência pura, porque a confiança filial ilumina a sua vida como uma lâmpada; iluminada pela verdade, a sua alma desembaraça-se do sono da ilusão, pois nenhum pensamento vão a desvia do seu caminho.
Eis porque o texto diz que a nossa vida deve ser semelhante à dos anjos. Tal como eles vivem longe do vício e da ilusão, prontos a receber a parusia do Senhor, devemos igualmente ficar vigilantes à porta da nossa morada e manter-nos prontos para obedecer, quando Ele vier bater-nos à porta.
Na leitura da carta aos romanos, Paulo diz que por Adão entrou o pecado no mundo e por Jesus entrou a graça de Deus no mundo. Às vezes não queremos admitir que pela falta de um só veio a condenação para todos os homens. Somos tentados a achar que não somos pecadores, temos medo de ser confundido com os pecadores. Ficamos à distância como se também não fôssemos. Mas, se negarmos isto; estaremos negando que por um veio a salvação para todos e assim não receberemos a abundância da graça. Se Cristo aceitou ser solidário assumindo nossas faltas porque haveríamos nós de negá-las.
Rezemos com o Salmista: Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados, e então eu vos disse: Eis que venho! Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Rm 5,12.15b.17-19.20b-21
Salmo: 39
Evangelho: Lucas 12,35-38