Solenidade de Pentecostes

Amados irmãos e irmãs31936734_1676100342475184_8560723398433439744_n

“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
A solenidade de Pentecostes é acontecimento de suma importância para a vida da Igreja. O pentecostes ocorrido na Igreja Primitiva é perene e se perpetua pelos séculos; pois o Espírito Santo continua sendo derramado sobre os nossos corações até os dias de hoje e continuará assistindo a Igreja até a volta de Jesus.
Para que não ficássemos sozinhos no “mistério” Pentecostes é Deus Espírito Santo que vem habitar no seio da Igreja (por isto a mulher do Apocalipse é símbolo da Igreja) e habitando na Igreja habita o Espírito no meio de toda a humanidade.
E é este Espírito que foi e continua sendo derramado sobre a Igreja que possibilitou que a Palavra fosse anunciada em todas as línguas; a Palavra é uma só, mas é entendida na língua de cada um.
Nossa vida de cristãos é conduzida pelo Espírito Santo que recebemos no batismo e na crisma; este é o nosso pentecostes, que propicia não só a missão de anunciar; mas de produzir frutos do Espírito Santo como o amor, a paz, a alegria, paciência, etc.(Gl 5,22).
No ano 381, o imperador Teodósio I reuniu em Constantinopla 185 bispos do Oriente e do Ocidente: 150 defendiam a divindade do Espírito Santo e 36 possuíam reservas dizendo: o Espírito Santo não é Deus. Ao final o concílio decretou que o Espírito Santo “cum Patre et Filio adoratur et conglorificatur” (recebe uma mesma adoração e glória com o Pai e o Filho) e, portanto, é Deus que procede do Pai e do Filho. Assim sendo foi adotado para toda a Igreja o Credo Niceno-Constantinopolitano, o mesmo que hoje rezamos há 1.400 anos. Vale aqui lembrar que o Espírito Santo não passou a existir a partir deste concílio; pois bem sabemos que Do livro do Gênesis já fala da existência eterna do Espírito que “pairava sobre as águas”.
A ação do Espírito Santo pode ser notada em toda história do povo da antiga aliança assim como na nova aliança onde aparece mais claramente senão vejamos: Sem o Espírito Santo o patriarca Abraão não abraçaria tão grande missão e nem seria chamado de nosso pai na fé; sem o Espírito Santo de onde viria a força Sansão, a astúcia Judite, a visão de acontecimentos futuros em Isaias; a unção de Davi. Sem o Espírito Santo Maria não teria aceitado ser Mãe de Deus; sem o Espírito Santo Jesus não teria sido conduzido ao deserto; os apóstolos não teriam ousadia e força para pregar o evangelho, testemunhando a fé com sangue. Sem o Espírito Santo não teríamos mártires, nem virgens consagradas a Cristo e muito menos homens que deixam tudo para se configurar com Cristo, Cabeça e Pastor. Por fim sem o Espírito Santo não teríamos leigos comprometidos com a Igreja e a evangelização. É o Espírito Santo que dirige a Igreja através de tantos séculos.
Diante de tudo que foi dito não podemos reduzir pentecostes a algo intimista e pessoal, Pentecostes é evento de toda a Igreja. A Igreja sem pentecostes, sem o Espírito Santo não passa de estrutura humana; onde Jesus só faz parte da história, onde o Evangelho é letra morta e onde nossa missão não passa de marketing barato; ou no dizer do papa Francisco seríamos uma ONG.
Ainda no Evangelho vemos que na verdade o primeiro derramamento do Espírito Santo na era cristã se dá exatamente no anoitecer do primeiro dia da semana, ou seja, no domingo em que Jesus ressuscitou. Ele aparece aos apóstolos e sopra sobre eles o seu Espírito. Aqui Jesus está confirmando a missão da Igreja através dos apóstolos a quem Ele envia como o Pai o enviou e a quem Ele dá poder de perdoar e reter pecados (sacramento da reconciliação).
Na primeira leitura do livro dos Atos dos apóstolos vemos que as línguas de fogo se repartiam e cada um recebia o Espírito e embora falando em outras línguas formavam unidade ao contrário de Babel onde também falando línguas diferentes não havia unidade e por isto não se entendiam.
Quando olhamos nossa Igreja Católica espalhada pelo mundo inteiro entre as mais variadas culturas, povos, línguas e nações se reunir em torno da celebração Eucarística, vemos que todos se entendem, pois tem unidade e não uniformidade. A Eucaristia é universal pois em qualquer lugar e língua todos católicos a entendem.
O Espírito Santo é a alma da Igreja, que infunde santidade e estabilidade, apesar de todos os pecados e misérias dos seus integrantes. É sopro que varre toda a sujeira e podridão para deixar em cada coração o aroma de santidade. Se a Igreja fosse somente uma instituição humana, já teria desaparecido totalmente; como aconteceu com tantos projetos e impérios humanos.
Em Pentecostes nasce a Igreja missionária e ardente, lançada para levar o calor divino a todos os lugares do mundo. Sempre teremos a tentação de voltar para o Cenáculo e de fechar a porta, especialmente quando lá fora sopram ventos contrários.
Na primeira carta de Paulo aos coríntios nos é ensinado que somente pelo Espírito Santo podemos reconhecer Jesus como Senhor. Os dons não são derramados igualmente para todos, mas de maneira diversa. Ninguém recebe o dom do para o bem pessoal, mas sim para o bem comum. Não interessa tua cor de pele, tua condição financeira ou intelectual, tua estatura física ou tua nacionalidade; o Espírito Santo com que fomos batizados é o mesmo e por isto formamos com Ele um só Corpo que é a Igreja cuja cabeça é Cristo Jesus.

Rezemos com o Salmista: Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras! Encheu-se a terra com as vossas criaturas. Se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso espírito e renascem e da terra toda a face renovais. Que a glória do Senhor perdure sempre, alegre-se o Senhor em suas obras! Hoje, seja-lhe agradável o meu canto, pois o Senhor é a minha grande alegria! Amém.

REFLEXÃO FEITA PELO DIÁCONO IRMÃO FRANCISCO 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Atos 2,1-11
Salmo: 103/104
2ª. Leitura: 1 Coríntios 12,3-7.12-13
Evangelho: João 20,19-23