Solenidade da Anunciação do Senhor

segundaAmados irmãos e irmãs

Neste ano o dia 25 de março coincidiu com o domingo de ramos e por este motivo a solenidade da Anunciação do Senhor foi transferida para o primeiro dia depois da oitava da páscoa que é o dia de hoje ou seja 09 de abril de 2018.
“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Neste dia, a Igreja festeja solenemente o anúncio da Encarnação do Filho de Deus. O tema central desta grande festa é o Verbo Divino que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.
Há certas coisas em nossa vida de difícil solução, e que seria tão bom se Deus fizesse do nosso jeito. Imaginem se nós estivéssemos no lugar de Maria; talvez disséssemos ao anjo: Peça a Deus para esperar meu casamento; pois já está marcado; deixa-me falar com meu noivo primeiro, dá um tempo para eu pensar, etc. É assim que nós agimos muitas vezes quando queremos impor nossa vontade e nosso interesse sobre a vontade de Deus.
“Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Esta saudação angelical traduz que nela não podia haver espaço para o pecado e para a infidelidade a Deus. A santidade do Filho Jesus santificou todo o ser da mãe Maria, desde que fora concebida. Todos os méritos de Maria são por causa de Jesus.
A encarnação é obra de Deus, mas que irá acontecer com a colaboração do homem. Assim somos chamados a refletir que ainda hoje para realizar sua obra, instaurar seu reino de Justiça e amor Deus quer precisar do homem e toda a obra será d’Ele, mas só vai acontecer se houver nossa colaboração.
O papa São Leão Magno nos ensina: “A humildade foi assumida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade. ”
Jesus aceitou trilhar o mesmo caminho do homem; exceto o pecado e isto para que em nada o homem pudesse duvidar de do que Ele experimentou; ou seja, nossas fraquezas e limitações humanas.
A Constituição dogmática sobre a Igreja “Lumen Gentium”, no § 56 nos ensina: ” O Pai das misericórdias quis que a Encarnação fosse precedida de uma aceitação por parte daquela que Ele predestinara para ser a Mãe. Ele quis assim que, como uma mulher contribuiu para a morte (Gn 3), também outra mulher contribuísse para a vida. É o que se verifica de modo sublime na Mãe de Jesus: dando à luz ao mundo a própria Vida, que tudo renova, Deus adornou-a com dons dignos de uma tão grande missão; e, por isso, não é de admirar que os santos Padres chamem com frequência à Mãe de Deus “ toda santa ” e “ imune de toda a mancha de pecado ”, visto que o próprio Espírito Santo a modelou e dela fez uma nova criatura. Enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de Deus, como cheia de graça; e responde ao mensageiro celeste: “ Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus onipotente o mistério da Redenção. Por isso, consideram com razão os Santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela fé e a obediência, na salvação dos homens. Como diz Santo Ireneu, “obedecendo, Ela tornou-se causa de salvação, para si e para todo o gênero humano”.
A fé não se faz de certezas, mas em meio a dúvidas e, apesar delas, na confiança inabalável na Palavra de Deus. Maria é apresentada como aquela que escuta, confia e se engaja plenamente na realização da vontade de Deus. Nisso ela é modelo de discípulo e de Igreja.
Na primeira leitura do livro do profeta Isaías nos é profetizado “uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”. Esta é a nossa certeza de que Deus estará conosco em todo tempo e lugar; desde antes, agora e por todo o sempre.
Na segunda leitura da carta aos hebreus nos é mostrado que Deus não se agrada de holocaustos e sacrifícios. Ele aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. O perdão de nossos pecados e a nossa santificação vem pelo sangue de Cristo que é o verdadeiro, único e suficiente sacrifico agradável a Deus.

Rezemos com o Salmista: Boas novas de vossa justiça anunciei numa grande assembléia; vós sabeis: não fechei os meus lábios! Proclamei toda a vossa justiça sem retê-la no meu coração; vosso auxílio e lealdade narrei. Não calei vossa graça e verdade na presença da grande assembléia.

Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Isaías 7,10-14; 8,10
Salmo: 40
2ª. Leitura: Hebreus 10,4-10
Evangelho: Lucas 1,26-38