Sexta Feira – 15ª. Semana Comum

Amados irmãos e irmãs
“Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício não condenariam os inocentes. Porque o Filho do Homem é Senhor também do sábado”.
No Evangelho vemos o embate entre os fariseus e Jesus; pois os fariseus defendiam com unhas e dentes a lei e aqui de modo específico o repouso sabático. Defendiam a antiga aliança; porém o que não compreendiam era que estavam diante da nova e eterna aliança.
Jesus veio nos ensinar que Ele é o Senhor do sábado; que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Ele nos ensina que quer a misericórdia e não o sacrifício. Ele que com sua morte e ressurreição transforma para nós não mais o sábado mas sim o domingo como o dia de nossa vitória, o dia de festa e de encontro com os amigos e irmãos na ceia Eucarística, onde Ele mesmo se oferece como alimento.
Os fariseus de ontem são os moralistas de hoje; são pessoas que vivem na Igreja só para especular e apontar defeito dos outros como se isto encobrisse os seus. Querem aplicar na Igreja um princípio da polícia nova-iorquina, ou seja, o da Tolerância Zero e bem sabemos que este princípio não tem nada de cristão uma vez que não admite perdão, excluindo a misericórdia.
Os fariseus de outrora queriam ensinar a Jesus o caminho que conduz a Deus e muitos moralistas de hoje querem ensinar os padres e bispos a celebrar a Eucaristia e outras coisitas mais.
Veja a maravilha escrita no século IV pelo monge São Macário, na homília 35: “Na Lei dada através de Moisés, Deus ordenava a todos que descansassem e que não fizessem qualquer trabalho ao Sábado. Mas isto era imagem e sombra (Hb 8,5) do verdadeiro sábado, que é atribuído à alma pelo Senhor. Efetivamente, a alma que foi julgada digna do verdadeiro sábado deixa de se dedicar às suas preocupações indignas e mesquinhas, e descansa delas, celebrando o verdadeiro sábado e gozando do verdadeiro descanso, liberta de todas as obras das trevas. Outrora, estava prescrito que até os animais privados de razão descansassem ao sábado: o boi não devia ser sujeito ao jugo nem o burro transportar carga, porque até os próprios animais repousavam dos trabalhos penosos. Vindo até nós e dando-nos o verdadeiro e eterno sábado, o Senhor trouxe o descanso à alma que andava carregada e oprimida com o peso do pecado e que, sob coação, realizava obras de injustiça, sujeita que estava a cruéis senhores. Ele aliviou-a do peso intolerável das ideias vãs e miseráveis, livrou-a do jugo amargo das obras da injustiça, e deu-lhe o descanso.
Com efeito, o Senhor chama o homem ao descanso dizendo-lhe: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei (Mt 11,28). E todas as almas que confiam e se aproximam dele celebram um sábado verdadeiro, delicioso e santo, uma festa do Espírito, numa alegria e num júbilo inexprimível; e rendem a Deus um culto puro que Lhe agrada, porque vem dum coração puro. Esse é o sábado verdadeiro e santo.
Na leitura do livro do profeta Isaías vemos que o rei Ezequias adoece gravemente, e o profeta garante que a situação é sem esperança: “vais morrer muito brevemente” (v. 2). Apesar de achar que é castigo divino, ele não perde a confiança em Deus e faz uma oração de súplica, invocando a misericórdia divina em meio às lágrimas; invoca suas boas obras e com isto consegue sensibilizar Deus. Esta passagem quer nos ensinar que apesar de nossa infidelidade Deus não deixa de nos ouvir.

Rezemos com o Salmista: Minha morada foi à força arrebatada, desarmada como a tenda de um pastor. Qual tecelão, eu ia tecendo a minha vida, mas agora foi cortada a sua trama. Ó Senhor, meu coração em vós espera; por vós há de viver o meu espírito, curai-me e conservai a minha vida. Amém.

Reflexão feita pelo Diácono Irmão Francisco 
Fundador da Comunidade Missionária Divina Misericórdia

1ª. Leitura: Is 38,1-6.21-22.7-8
Salmo: Is 38
Evangelho: Mateus 12,1-8